sexta-feira, 2 de junho de 2023

Há sinais de luz na escuridão da noite!

                                                   


Há sinais de luz na escuridão da noite!

Esta reflexão foi inspirada no Livro Sabedoria (Sb 18,6-9), quando o autor fazia memória da Noite da Libertação em que Deus interveio, libertando-os da escravidão do Egito.

Continuamos resgatando a memória desta noite...

Quando celebramos a Eucaristia: Memorial da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quando cremos na força interventora de Deus na história

Quando cremos num Deus aliado e apaixonado pela vida dos pobres!

Quando cremos em Deus que suscitou e suscita Profetas e Profetizas de um novo tempo!

Quando cremos que o Verbo Se fez e Se faz Carne, não mais no ventre de Maria, mas no nosso coração e na carne da História. O Verbo Se faz Carne na História para o seu resgate!

Quando amarmos Cristo em nossa vida e o imitarmos em Sua morte como fez e faz nossos mártires de ontem e de hoje!

Quando sacrários vivos do Senhor se dobram silenciosamente e em adoração diante do Sacrário. Silêncio não como ausência de sons, mas com o ressoar do Verbo-Palavra que habitou entre nós!

Quando o povo simples calcula suas dívidas e contas e se refaz nas contas de um terço!

Quando acreditamos na missão da Igreja que é Evangelizar, ajudando a construir comunidades mais perseverantes na Doutrina dos Apóstolos, na Fração do Pão, na Comunhão Fraterna e na Oração!

Quando juntos, homens e mulheres, numa autêntica e madura relação de gênero sabem viver a complementaridade e subsidiariedade!

Quando somamos e multiplicamos nossas forças para que nossas lutas, sonhos e compromissos saiam da tinta da caneta para a prática expressiva e concreta!

Quando sabemos romper toda barreira de preconceitos raciais, sexuais e sociais que ainda nos dividem e nos empobrecem (muitas vezes dentro da própria Igreja).

Quando há aqueles que se organizam para defender o espaço, a ecologia, o kosmos, o homem e a mulher, a criação num compromisso com o Criador...

Quando vivemos a necessária intervenção de Deus na vida de nosso povo, conduzindo-o à Terra Prometida, da partilha, da saciedade de toda e qualquer fome e sede de amor, vida em abundância e paz, sobretudo se considerarmos a realidade de fome e miséria crescente que estamos vivendo.

Quando passamos de uma devoção estéril à Maria a uma prática e imitação de suas virtudes: Confiança, disponibilidade, serviço, alegria, profetismo, esperança...

Quando percebemos a intervenção de Deus, a luz aparece na escuridão da noite de nosso tempo. O “Kairós” anseia pela Luz Divina.

Há sinais de luz na escuridão da noite!

Há sinais de luz na escuridão da noite, porque sinto que disse muito, mas ainda não disse nada! Porque como disse São Francisco: “Deus é o nunca bastante”, ou ainda como disse Santo Agostinho: “Deus é um Mistério tão inextinguível que uma vez encontrado ainda falta tudo para encontrá-Lo”.

Há sinais de luz na escuridão da noite de nosso tempo, porque acredito que muitos poderão me ajudar a completar e enriquecer esta reflexão...

 “A nós descei divina luz...
Em nossas almas acendei o Amor de Jesus”

“O sábado foi feito para o homem...” (IXDTCB) (01/06)


 “O sábado foi feito para o homem...”

A Liturgia do 9º Domingo do Tempo Comum (Ano B) nos convida a refletir sobre o Dia do Senhor (sábado para os judeus, domingo para os cristãos), que devemos guardar a fim de fazer memória da ação criadora e redentora de Deus com Seu Povo que somos.

A passagem da primeira Leitura (Dt 5,12-15) nos recorda o preceito do terceiro Mandamento, de guardar o sábado para santificá-lo, sugerindo que seja um dia que exprime a unidade do Povo que celebra a ação libertadora de Deus, sem qualquer tipo de desigualdades.

Temos a enunciação do Mandamento, uma explicação didática de como devemos praticá-lo e uma fundamentação teológica para essa mesma prática.

O referido Mandamento funciona como um símbolo dos deveres para com Javé (Dt 5,6.15) e para com o próximo (Dt 5,14.21).

Somos convidados a regressar aos fundamentos da celebração do Dia do Senhor, tomando a sério o valor do verbo “santificar”.

Santificar o Dia do Senhor implica em adorá-lo, acima de tudo e de todos, mas também implica em viver relações mais justas e fraternas com o próximo, para não incorrermos em nova escravidão.

Voltando aos fundamentos da celebração do Dia do Senhor, viveremos o sábado (ou Domingo), como memorial da libertação do Pecado na Páscoa de Cristo, que atualiza a obra libertadora de Deus da escravidão do Egito.

A celebração do Dia do Senhor tem uma grande dimensão social, sendo dia de descanso para todos, garantindo esse direito, sobretudo aos pobres que se veem assim protegidos pela Lei divina, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:

“O agir de Deus é o modelo do agir humano. Se Deus ‘descansou’ no sétimo dia, o homem deve também ‘descansar’ e deixar que os outros, sobretudo os pobres, ‘tomem fôlego’. O sábado faz cessar os trabalhos quotidianos e concede uma folga. É um dia de protesto contra as servidões do trabalho e o culto do dinheiro” (n. 2172).

O Papa nos ajuda a compreender a importância do Domingo para os cristãos:

“Precisamos do pão da vida para enfrentar as fadigas e o cansaço da viagem. O Domingo, Dia do Senhor, é a ocasião propícia para haurir a força d'Ele, que é o Senhor da vida.

Por conseguinte, o preceito festivo não é um dever imposto pelo exterior, um peso sobre os nossos ombros. Ao contrário, participar na Celebração dominical, alimentar-se do Pão eucarístico e experimentar a comunhão dos irmãos e irmãs em Cristo é uma necessidade para o cristão, é uma alegria, e assim pode encontrar a energia necessária para o caminho que devemos percorrer todas as semanas.

Um caminho, aliás, não arbitrário: a via que Deus nos indica na sua Palavra vai na direção inscrita na própria essência do homem, a Palavra de Deus e a razão caminham juntas. Seguir a Palavra de Deus e caminhar com Cristo significa para o homem realizar-se a si mesmo; perdê-la equivale a perder-se a si próprio” (1)

Na passagem da segunda leitura (2 Cor 4,6-11), encontramos o modelo de evangelizador que devemos ser, a partir do exemplo de ardor apostólico de São Paulo.

Com ele, aprendemos que o evangelizador é portador de um tesouro precioso e a obra evangelizadora é obra do poder de Deus.

Deste modo, o Apóstolo, por sua vida, foi um prolongamento da vida de Cristo, apesar das fragilidades próprias, de modo que podemos afirmar: a mensagem evangélica não fica comprometida mesmo com nossas fragilidades.

A grande mensagem da passagem está nas frases de abertura e de conclusão, que servem de moldura a esta descrição autobiográfica de Paulo: ele não se anuncia a si mesmo (v. 5), mas anuncia “a glória de Deus, que se reflete no rosto de Cristo” (v. 6), e que Deus, autor da luz na criação do mundo, fez brilhar como luz no seu coração:

"O objetivo de Paulo é demonstrar que Cristo está vivo no seu ministério apostólico, mesmo a partir da fragilidade que se manifesta na forma como é perseguido e entregue à morte em nome de Cristo (v. 11).” (2)

Como vemos, o Apóstolo Paulo é um modelo de servidor do Evangelho para todos os que, na Igreja, se posicionam ao serviço humilde do Povo de Deus:

“Dele aprendemos que a grande característica do apostolado, mais que as ações pastorais inovadoras ou não, é a relação com Cristo, a ponto de trazer na própria vida as marcas dessa união, seja nas tribulações que se sofre por causa de Cristo e do Evangelho, seja porque se incarna na própria vida aquilo que se ensina”. (3)

Com Paulo, aprendemos que “...a  vida do evangelizador deve conformar-se cada vez mais à vida de Cristo a ponto de se tornar um espelho de Cristo, um livro aberto do Evangelho, onde se pode ler os sinais da vida oferecida de Jesus. Só uma grande intimidade com Jesus Cristo, como a que teve Paulo, poderá dar-nos a possibilidade de sermos pessoas identificadas com o Evangelho que anunciamos”. (4)

A passagem do Evangelho (Mc 2,23–3,6) retoma a temática do terceiro preceito do Decálogo, nos episódios em que os discípulos colhem espigas para comer e um homem com uma mão atrofiada curado - ambos os episódios em dia de sábado.

O texto evangélico conclui a primeira secção do Evangelho de Marcos, que descreve a fase inicial do Ministério de Jesus (cf. 1,14-3,6).

A mensagem central: quando se faz uma interpretação demasiado rigorista dos preceitos da Lei, esta deixa de cumprir a sua missão de estar ao serviço do homem em cada tempo.

Jesus nos convida, por isso, a posicionar-nos ao serviço dos necessitados, tendo em conta que o Dia do Senhor foi feito para o homem, não para fazer do homem um escravo.

Jesus Se confronta com os fariseus sobre o respeito pelo dia de sábado em dois episódios (2,23-28; 3,1-6), sendo que, neste último, pela primeira vez, os seus opositores se reuniam com os herodianos para encontrar uma maneira de condenar Jesus à morte (3,6), funcionando esta decisão como conclusão de todos os confrontos.

O Evangelista Marcos nos convida a centrar nas palavras de Jesus que ajudam a interpretar a sua liberdade diante da instituição do sábado judaico:

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado” (Mc 2,27-28); “Será permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?” (Mc 3,4):

“Diante do poder de Jesus e das necessidades humanas, as coisas sagradas não têm um valor próprio (nem o pão do santuário, no caso de David, nem o sábado, no caso dos discípulos de Jesus ou do homem com a mão atrofiada), mas existem para o bem da humanidade (os pães da proposição para alimentar David e os seus homens, o sábado para o homem e para Jesus); na interpretação de Jesus, é fundamental que o que é sagrado esteja ao serviço do homem...

Jesus escolheu fazer o bem e colocar-Se ao serviço das necessidades humanas, satisfazendo-as, mesmo se isso lhe acarreta a decisão do conluio das autoridades políticas e religiosas contra Ele, para O condenarem à morte (5)

Não se trata, portanto, da interpretação libertina ou relativista do sábado, mas de fazer dele o dia da relação com Deus, que vem em auxílio de quem está em necessidade.

As interpretações rigoristas da Lei – como são as dos fariseus no nosso texto – cegam e não deixam ver as necessidades humanas que, na perspectiva de Jesus, são o verdadeiro critério para manter uma atitude livre diante da Lei, sendo assim o cristão prolonga a existência da vida de Cristo, e no Dia Maior, o Domingo, a Ele consagrado, não pode perder de vista os que foram os Seus prediletos, com gestos de amor, solidariedade e partilha.

Por fim, concluímos que todas as instituições, sejam elas religiosas ou civis, devem estar ao serviço da vida humana, para que possam realizar a missão para a qual nasceram, do contrário, perderão a razão de existir.


PS: Citações extraídas de www.Dehonianos.org/portal

A Salvação: graça, dom e missão de todos (IXTDCC) (02/06)


A Salvação: graça, dom e missão de todos

A Liturgia do 9º domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a refletir sobre a Salvação que Deus oferece a todos os povos por meio de Jesus Cristo.

Na primeira Leitura (1Rs 8,41-43), nos é apresentada a Oração de Salomão na dedicação do Templo de Jerusalém, em que ele pede a Deus que ali também a oração dos estrangeiros sejam ouvidas:

“Note-se, portanto, uma abertura da religião de Israel ao estrangeiro, na medida em que reconhece, por um lado, que este último (estrangeiro) poderá vir ao Templo de Jerusalém por causa do nome do Senhor, ou seja, por reconhecer a presença do Senhor no Templo e, por outro lado, que o nome do Senhor, Deus de Israel, poderá ser temido, adorado na terra do estrangeiro” (1).

Na segunda Leitura (Gl 1,1-2.6-10),  o Apóstolo Paulo nos apresenta a Salvação que nos vem por meio de Cristo, e não pela observância da Lei apenas. Ele é o único e definitivo mediador da Salvação para todos.

Como Servo de Cristo, nos apresenta a Salvação como obra de Deus, como graça, dom imerecido: faz-se necessária a colaboração do homem, mas a iniciativa é de Deus. “Aquele que te criou sem ti não pode salvar-te sem ti!”, disse Santo Agostinho.

O Apóstolo nos exorta a confiar na Salvação que vem de Cristo: o absoluto não é a Lei, mas Cristo:

“A Lei fica sempre exterior ao homem e não pode, de modo algum, mudar o homem; ainda que possa observar todas as leis, o homem não mudará. Se o homem não fosse pecador ‘interiormente’, não teria necessidade de ser mudado.

Mas o homem, todo homem, é pecador, e só Deus pode transformá-lo; a Lei não o pode. É Cristo que opera tudo isso no homem. Paulo convida os gálatas a escolher entre a Lei e Cristo”. (2)

Na passagem do Evangelho (Lc 7,1-10), temos a fé e a súplica de um centurião para que Jesus cure seu servo.

Este oficial coloca toda a sua confiança na misericórdia de Jesus e na Sua Palavra: “Senhor, não Te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao Teu encontro. Mas ordena com a Tua Palavra, e o meu empregado ficará curado...” (Lc 7, 6-7).

A misericórdia de Deus pode se manifestar mesmo à distância, dependendo apenas da fé do orante, daquele que suplica. Fundamental é confiar na Palavra e Pessoa de Jesus, Aquele que tem poder sobre tudo: enfermidade, pecado, poderes, morte...

 Citando mais uma vez o Bispo Santo Agostinho, que assim diz sobre esta passagem: “Pequena teria sido a felicidade se o Senhor Jesus tivesse entrado dentro de suas quatro paredes, e não estivesse hospedado em seu coração”.

Vemos que o centurião faz como que um caminho progressivo na fé manifestada em sua oração: ele se dá conta de que para que Jesus realize seu pedido, não faz valer seus méritos, nem posses ou subalternos, porque para Ele o que conta de fato, é a misericórdia de Deus, que é totalmente gratuita.

As palavras do centurião, repetimos em todas as Missas, antes de recebermos o Corpo e o Sangue do Senhor. A Eucaristia que celebramos, adoramos e quotidianamente vivemos, é este encontro que se repete inúmeras vezes, e assim devemos nos questionar:

“Às vezes pergunto-me se nós, cristãos de hoje, que andamos enfarinhados nas coisas de Deus, nas liturgias bem aprumadas e em longas orações, assumimos a causa de Deus na liturgia quotidiana da nossa vida.

Pergunto-me se basta a Palavra para a fé, ou ainda procuramos outros sinais que podem parecer importantes, mas não essenciais.

Pergunto-me se andamos no único Evangelho que conta, o de Jesus Cristo, ou navegamos noutros evangelhos; assim nos provoca Paulo na segunda leitura.

Pergunto-me se habitamos e conhecemos o nome de Deus e lhe oramos com plena escuta do nosso ser ou entretemo-nos com outros nomes e repetidas orações que apenas passam pelo ouvido; assim nos interpela a primeira leitura”. (3)

Reflitamos:

- Quando, de fato, Jesus entrou em nosso coração e mudou nossa vida com Sua Palavra e ação?
- Quanto Jesus transformou nossa vida, sobretudo, através de nossa participação na Ceia Eucarística, em que Ele nos comunica a Sua Palavra e nos alimenta com o Seu Corpo e o Seu Sangue?

Finalizando, vemos que a liturgia nos apresenta a centralidade em Jesus que a todos Se dá, sem exceção, sem olhar a quem, ultrapassando os laços da pertença a um grupo específico.

Se quisermos ser discípulos missionários do Senhor, Ele quer de nós adesão de fé, plenamente, na Sua Pessoa e na Sua Palavra.

Esta adesão de fé haverá de ser centrada e enraizada no amor misericordioso de Deus em Jesus Cristo, que experimentamos de modo sublime em cada Ceia Eucarística em que celebramos, quando Ele Se dá no Pão da Palavra e no Pão da Eucaristia, nos oferecendo gratuitamente a Salvação, como dom, graça e missão.

Contemplemos e correspondamos à Misericórdia de Deus que é para todos.

  
(2) Missal Dominical - p.1137 - Editora Paulus.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Discípulos do Filho Amado, quem poderá seduzi-los? (01/06)

Discípulos do Filho Amado, quem poderá seduzi-los? 

O Amor pelo Amado encontrado, quem poderá impedir?
São Justino e o Senhor, quem poderá amizade tão forte romper?
Quando o Amor é encontrado, tudo é nada...
São Justino: um belo exemplo disto!

No dia 1º de junho, celebramos a memória de São Justino, Filósofo e Mártir, que nasceu no princípio do século II, invejáveis testemunhas do Senhor.

Nas Atas do Martírio dos Santos, Justino e seus companheiros, encontramos uma página memorável que retrata com muita precisão a coragem e o testemunho dado pelos mesmos.

“Aqueles homens santos foram presos e conduzidos ao prefeito de Roma, chamado Rústico.

Estando eles diante do tribunal, o prefeito Rústico disse a Justino: “Em primeiro lugar, manifesta tua fé nos deuses e obedece aos imperadores”.

Justino respondeu: “Não podemos ser acusados nem presos, só pelo fato de obedecermos aos Mandamentos de Jesus Cristo, nosso Salvador”.

Rústico indagou: “Que doutrinas professas?”
E Justino: “Na verdade, procurei conhecer todas as doutrinas, mas acabei por abraçar a verdadeira doutrina dos cristãos, embora ela não seja aceita por aqueles que vivem no erro”.

O prefeito Rústico prosseguiu: “E tu aceitas esta doutrina, grande miserável?”

Respondeu Justino: “Sim, pois a sigo como verdade absoluta”.
O prefeito indagou: “Que verdade é esta?”

Justino explicou: “Adoramos o Deus dos cristãos, a quem consideramos como único Criador, desde o princípio, artífice de toda a criação, das coisas visíveis e invisíveis: adoramos também o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que os profetas anunciaram vir para o gênero humano como Mensageiro da salvação e Mestre da boa doutrina.

E eu, um simples homem, considero insignificante tudo o que estou dizendo para exprimir a Sua infinita divindade, mas reconheço o valor das profecias que previamente anunciaram aquele que afirmei ser o Filho de Deus.

Sei que eram inspirados por Deus os profetas que vaticinaram a Sua vinda entre os homens”.

Rústico perguntou: “Então, tu és cristão?”
Justino afirmou: “Sim, sou cristão”.

O prefeito disse a Justino: “Ouve, tu que és tido por sábio e julgas conhecer a verdadeira doutrina: se fores flagelado e decapitado, estás convencido de que subirás ao céu?”

Disse Justino: “Espero entrar naquela morada, se tiver de sofrer o que dizes. Pois sei que para todos os que viverem santamente está reservada a recompensa de Deus até o fim do mundo inteiro”.

O prefeito Rústico continuou: “Então, tu supões que hás de subir ao céu para receber algum prêmio em retribuição”?

Justino respondeu-lhe: “Não suponho, tenho a maior certeza”.

O prefeito Rústico declarou: “Basta, deixemos isso e vamos à questão que importa, da qual não podemos fugir e é urgente. Aproximai-vos e todos juntos sacrificai aos deuses”.

Justino respondeu: “Ninguém de bom senso abandona a piedade para cair na impiedade”.

O prefeito Rústico insistiu: “Se não fizerdes o que vos foi ordenado, sereis torturados sem compaixão”.

Justino disse: “Desejamos e esperamos chegar à salvação através dos tormentos que sofrermos por amor de nosso Senhor Jesus Cristo. O sofrimento nos garante a salvação e nos dá confiança perante o tribunal de nosso Senhor e Salvador, que é universal e mais terrível que o teu”.

O mesmo também disseram os outros mártires: “Faze o que quiseres; nós somos cristãos e não sacrificaremos aos ídolos”.

O prefeito Rústico pronunciou então a sentença:
“Os que não quiseram sacrificar aos deuses e obedecer ordem do imperador, depois de flagelados, sejam conduzidos para sofrer a pena capital, segundo a norma das leis”.

Glorificando a Deus, os santos mártires saíram para o local determinado, onde foram decapitados e consumaram o martírio proclamando a fé no Salvador”. (1).

Convertido à fé cristã escreveu diversas obras em defesa do cristianismo abraçando com coragem e sabedoria incomparável  a verdadeira doutrina dos cristãos.

Abriu uma escola de Filosofia em Roma, onde mantinha debates públicos.

Defendeu a Igreja contra os ataques dos pagãos e aprofundou o vínculo entre Batismo e Eucaristia.

Sofreu martírio, juntamente com seus companheiros no tempo de Marco Aurélio (165). Contemplar tão belas e dignas testemunhas do Senhor, que testemunharam com o próprio sangue.

Reflitamos:

- Com que coragem e fidelidade testemunhamos o Evangelho em nosso tempo?
- Empenhamo-nos em aprofundar o conhecimento bíblico, a doutrina cristã?
- Procuramos viver o que aprendemos, ensinamos e cremos? 

Oremos:

“Ó Deus, que destes ao Mártir São Justino um
profundo conhecimento de Cristo pela loucura da
Cruz, concedei-nos, por sua intercessão,
repelir os erros que nos cercam e
permanecer firmes na fé. Por N. S. J. C...”



(1) Liturgia das Horas - Vol. III – pág. 1332 -1334.

Coragem, o Senhor te chama

Coragem, o Senhor te chama

Joguemos o manto e
saltemos ao encontro do Amor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), em que nos apresentado a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu). 

Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.

Deus sempre deseja que alcancemos a vida verdadeira e o caminho que Ele nos apresenta para alcançarmos esta meta, é o Seu próprio Filho que nos cura de toda cegueira e nos dá vida plena, na total adesão a Ele, acolhendo e vivendo Sua proposta de Salvação.

Jesus quer dos discípulos uma vida de luz, uma vida nova e para isto é preciso romper com o mundo da escuridão e acolhe-Lo como luz – “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Precisamos que nosso olhar seja curado, para que se torne o olhar de Deus: olhar de ternura, de solidariedade, de confiança, de esperança, de compromisso, de amor sem limites, de horizonte do inédito, de alcance do aparentemente intangível...

O cego Bartimeu está sentado, numa expressão real de desânimo e conformismo, está privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.

Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, mas até o seu grito tentam calar.

Diante da Palavra de Jesus – “Coragem, levanta-te que Ele te chama”, irrompe a novidade. O cego atira a capa, dá um salto e vai ao encontro com Jesus.

“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado” .(1)

É preciso que joguemos fora nossa capa, com a coragem de desapegos, despojamentos, esvaziamentos. É preciso que fiquemos nus aos olhos de Deus, como nossos primeiros pais, para que por Ele sejamos revestidos, em intensa relação de amor, amizade, intimidade.

De fato, diante do Senhor rompemos com o passado, simbolizado na capa, saltamos para o novo, para o encontro que transforma a nossa vida e pomo-nos com novo ardor a caminho: o caminho da luz, do amor, da verdade e da vida.

Bartimeu depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós. Em nosso encontro com Jesus há quem nos conduz, como também há os que nos impedem, obstaculizam. Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria.

Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus é o caminho que todos devemos fazer.

Somente curados pelo Senhor, a cada instante, é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Somente Ele nos introduz na luz no tempo presente e um dia na luz eterna, na plena claridade que é o céu. Claridade plena, porque assim é o amor. Onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor haverá a plenitude da luz.

Assim o autor da Epístola aos Hebreus nos apresentou Jesus, pouco mais tarde, ao escrever para a sua comunidade fragilizada, cansada e desanimada, Jesus como o Sumo Sacerdote que intercede a Deus em nosso favor.

Jesus é o Sumo Sacerdote por excelência! Escolhido por Deus, saído do meio dos homens e mediador entre nós e Deus, entende perfeitamente, como Homem e Deus, nossas dificuldades reais da existência.

Com Jesus, a comunidade precisa revitalizar o seu compromisso, empenhando-se numa fé mais coerente e mais comprometida. Contemplar e corresponder ao Amor de Deus por nós que é imensurável, sem limites, indescritível, indefinível...

Jesus, o Sumo Sacerdote do Pai, é para nós e nos comunica pelo Seu Espírito a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.



(1) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 647.

“Mestre, que eu veja!”


“Mestre, que eu veja!”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), em que nos apresentado a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu). 

Com esta cura, compreendemos o caminho que Deus trilha para nos libertar das trevas e nos fazer nascer para a luz, e assim passemos da escravidão à liberdade, da morte à vida.

Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.

O cego Bartimeu está sentado, numa expressão real de desânimo e conformismo, está privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.

Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, mas até o seu grito tentam calar.

Diante da Palavra de Jesus – “Coragem, levanta-te que Ele te chama”, irrompe a  novidade. O cego atira a capa, dá um salto e vai ao encontro com Jesus.

“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado.” (1)

É preciso que joguemos fora nossa capa, com a coragem de desapegos, despojamentos, esvaziamentos. É preciso que fiquemos nus aos olhos de Deus, como nossos primeiros pais, para que por Ele sejamos revestidos, em intensa relação de amor, amizade, intimidade.

De fato, diante do Senhor rompemos com o passado, simbolizado na capa, saltamos para o novo, para o encontro que transforma a nossa vida e pomo-nos com novo ardor a caminho: o caminho da luz, do amor, da verdade e da vida.

Bartimeu depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós. Em nosso encontro com Jesus há quem nos conduz, como também há os que nos impedem, obstaculizam. Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria, e tudo mais quanto possamos desejar, conceber, dizer.

Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus é o caminho que todos devemos fazer.

Somente curados pelo Senhor a cada instante é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Somente Ele nos introduz na luz no tempo presente e um dia na luz eterna, na plena claridade que é o céu. Claridade plena, porque assim é o amor. Onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor haverá a plenitude da luz.

Jesus, o Sumo Sacerdote do Pai, é para nós e nos comunica pelo Seu Espírito a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.


(1) Leccionário Comentado pág. 647.

Concedei-nos, ó Pai, Vosso perdão!

Concedei-nos, ó Pai, Vosso perdão!

 “E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico:
Filho, perdoados estão os teus pecados” (Mc 2,5 )

Ó Pai de Misericórdia, por meio de Vosso Amado Filho que no-la revelou de modo maravilhoso, suplicamos-Vos que por Vosso Santo Espírito nos seja concedida a remissão de nossos pecados.

Reconhecemos nossa condição humana e pecadora diante de Vossa condição divina e reconciliadora, que nos renova em profundidade, como o bem mais importante que só vem de Vós.

Ó Pai, como precisamos de Vosso olhar misericordioso voltado para cada um de nós, pois somente o Amor derramado do Sagrado
Coração do Vosso Filho destrói nossos pecados.

Que redimidos por Vosso Santo Espírito sejamos envolvidos pelo Vosso Amor indizível sempre pronto a nos acolher e a nos perdoar, para a mais desejável comunhão de vida e amor.

Comunhão que nos coloca numa relação mais profunda, sincera e frutuosa convosco, porque também nos leva à mesma relação
com nosso próximo, a quem devemos amar e perdoar.

Que correspondamos à graça do Espírito, que em nós foi infundido 
pelo Santo Batismo para a remissão de nossos pecados,
para que fôssemos então regenerados e iluminados.

Que jamais nos afastemos do Vosso Sagrado Cálice da Eucaristia,
onde encontramos o Sangue Sagrado do Vosso Filho por nós derramado
para nos remir de nossos pecados.

Aumentai, Senhor, em nosso coração o amor necessário para
perdoar nosso próximo, e também a humildade
para que saibamos pedir o perdão.

E assim, ó Trindade Santa de Amor e comunhão, perdoados
e libertos, sejamos no mundo construtores da paz,
como alegres testemunhas de Vosso Amor. Amém!

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