sábado, 20 de maio de 2023

A Solenidade da Ascensão segundo Santo Agostinho... (Ascensão - Ano A)

A Solenidade da Ascensão segundo Santo Agostinho...

À luz do Sermão do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), reflitamos sobre a Ascensão do Senhor aos céus:

“Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também com Ele o nosso coração. Ouçamos as palavras do Apóstolo:

Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres (Cl 3,1-2).

E assim como Ele subiu sem Se afastar de nós, também nós subimos com Ele, embora não se tenha ainda realizado em nosso corpo o que nos está prometido.

Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo na terra através das tribulações que nós experimentamos como Seus membros.

Deu testemunho desta verdade quando Se fez ouvir lá do céu: Saulo, Saulo, por que me persegues (At 9,4). E ainda: Eu estava com fome e me destes de comer (Mt 25,35).

Por que razão nós também não trabalhamos aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade que nos unem a nosso Salvador, já descansemos com Ele no céu?

Cristo está no céu, mas também está conosco; e nós, permanecendo na terra, estamos também com Ele.

Por Sua divindade, por Seu poder e por Seu amor Ele está conosco; nós, embora não possamos realizar isso pela divindade, como Ele, ao menos, podemos realizar pelo amor que temos para com Ele.

O Senhor Jesus Cristo não deixou o céu quando de lá desceu até nós; também não Se afastou de nós quando subiu novamente ao céu.

Ele mesmo afirma que Se encontrava no céu quando vivia na terra, ao dizer:
Ninguém subiu ao céu, a não ser Aquele que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu (cf. Jo 3,13).

Isto foi dito para significar a unidade que existe entre Ele, nossa Cabeça, e nós, Seu Corpo.

E ninguém senão Ele podia realizar esta unidade que nos identifica com Ele mesmo, pois Se tornou Filho do homem por nossa causa, e nós por meio Dele nos tornamos filhos de Deus.
Neste sentido diz o Apóstolo:

Como o corpo é um só, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo (1Cor 12,12).

Ele não diz: “assim é Cristo”, mas: assim também acontece com Cristo.

Portanto, Cristo é um só, formado por muitos membros. Desceu do céu por Sua misericórdia e ninguém mais subiu senão Ele; mas n’Ele, pela graça, também nós subimos. Portanto, ninguém mais desceu senão Cristo e ninguém mais subiu além de Cristo.

Isto não quer dizer que a dignidade da Cabeça se confunde com a do corpo, mas que a unidade do Corpo não se separa da Cabeça.” (1)

Renovemos o ardor da Missão Evangelizadora, pois assim como Deus O assistiu em todos os momentos, voltando para o Pai, nos reveste da força do alto, com a presença do Espírito.

Uma vez revestidos da força do alto, com a presença e ação do Espírito, trilhamos “a estreita via da Cruz”, na construção do novo céu e nova terra.

Nada faltou a Jesus, sendo assim, sendo Ele a Cabeça, nós o Seu Corpo, também já fomos elevados aos céus.

Isto não significa que tudo está consumado. Há um longo caminho a percorrer até que um dia possamos contemplar Deus face a face...

Sem letargias, inseguranças, atropelos, inércia, desânimos, mas com firmeza, equilíbrio, ardor...

A Ascensão é ao mesmo tempo a conclusão da
Missão do Senhor na terra e o início da nossa Missão.
Como amadas testemunhas, Ele nos enviou
para sermos sinais do Seu Amor!
Amém!

(1) Liturgia das Horas - pág. 828-829. 

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