“Mestre, que eu veja!”
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), em que nos apresentado a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu).
Com esta cura, compreendemos o caminho que Deus trilha para nos libertar das trevas e nos fazer nascer para a luz, e assim passemos da escravidão à liberdade, da morte à vida.
Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.
O cego Bartimeu está sentado, numa expressão real de desânimo e conformismo, está privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.
Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, mas até o seu grito tentam calar.
Diante da Palavra de Jesus – “Coragem, levanta-te que Ele te chama”, irrompe a novidade. O cego atira a capa, dá um salto e vai ao encontro com Jesus.
“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado.” (1)
É preciso que joguemos fora nossa capa, com a coragem de desapegos, despojamentos, esvaziamentos. É preciso que fiquemos nus aos olhos de Deus, como nossos primeiros pais, para que por Ele sejamos revestidos, em intensa relação de amor, amizade, intimidade.
De fato, diante do Senhor rompemos com o passado, simbolizado na capa, saltamos para o novo, para o encontro que transforma a nossa vida e pomo-nos com novo ardor a caminho: o caminho da luz, do amor, da verdade e da vida.
Bartimeu depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós. Em nosso encontro com Jesus há quem nos conduz, como também há os que nos impedem, obstaculizam. Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria, e tudo mais quanto possamos desejar, conceber, dizer.
Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus é o caminho que todos devemos fazer.
Somente curados pelo Senhor a cada instante é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Somente Ele nos introduz na luz no tempo presente e um dia na luz eterna, na plena claridade que é o céu. Claridade plena, porque assim é o amor. Onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor haverá a plenitude da luz.
Jesus, o Sumo Sacerdote do Pai, é para nós e nos comunica pelo Seu Espírito a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.
(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 647.
PS: Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,35-43)
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