Venha Teu Reino, Senhor!
Ao Celebrarmos a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, sejamos enriquecidos pelo Opúsculo sobre a Oração, escrito pelo Presbítero Orígenes (Séc. III).
“O Reino de Deus, conforme as Palavras de nosso Senhor e Salvador, não vem visivelmente, nem se dirá: Ei-lo aqui ou ei-lo ali; mas o Reino de Deus está dentro de nós (cf. Lc 17,21), pois a Palavra está muito próxima de nossa boca e em nosso coração (cf. Rm 10,8).
Donde se segue, sem dúvida nenhuma, que quem reza pedindo a vinda do Reino de Deus pede – justamente por já ter em si um início deste Reino – que ele desponte, dê frutos e chegue à perfeição. Pois Deus reina em todo o santo e quem é santo obedece às Leis espirituais de Deus, que nele habita como em cidade bem administrada. Nele está presente o Pai e, junto com o Pai, reina Cristo na Pessoa perfeita, segundo as Palavras: ‘Viremos a ele e nele faremos nossa morada’ (Jo 14,23).
Então o Reino de Deus, que já está em nós, chegará por nosso contínuo adiantamento à plenitude, quando se completar o que foi dito pelo Apóstolo: sujeitados todos os inimigos, Cristo entregará o Reino a Deus e Pai, a fim de que Deus seja tudo em todos (cf. 1Cor 15,24.28).
Por isto, rezemos sem cessar, com aquele amor que pelo Verbo se faz divino; e digamos a nosso Pai que está nos céus: ‘Santificado seja Teu nome, venha o Teu reino’ (Mt 6,9-10).
É de se notar também a respeito do Reino de Deus: da mesma forma que não há participação da justiça com a iniquidade nem sociedade da luz com as trevas nem pacto de Cristo com Belial (cf. 2Cor 6,14-15), assim o Reino de Deus não pode subsistir junto com o reino do pecado. Por conseguinte, se queremos que Deus reine em nós, de modo algum reine o pecado em nosso corpo mortal (Rm 6,12), mas mortifiquemos nossos membros que estão na terra (cf. Cl 3,5) e produzamos fruto no Espírito.
Passeie, então, Deus em nós como em paraíso espiritual, e reine só Ele, junto com Seu Cristo; e que em nós Se assente à destra de Sua virtude espiritual, objeto de nosso desejo.
Assente-Se até que Seus inimigos todos que existem em nós sejam reduzidos a escabelo de Seus pés (Sl 109,1), lançados fora todo principado, potestade e virtude. Tudo isto pode acontecer a cada um de nós e ser destruída a última inimiga, a morte (1Cor 15,26).
E Cristo diga também dentro de nós: ‘Onde está, ó morte, teu aguilhão? Onde está, inferno, tua vitória?’ (1Cor 15,55; cf. Os 13,14). Já agora, portanto, o corruptível em nós se revista de santidade e de incorruptibilidade, destruída a morte, vista a imortalidade paterna (cf. 1Cor 15,54), para que, reinando Deus, vivamos dos bens do novo Nascimento e da Ressurreição”.
A meditação deste Opúsculo muito nos ajuda, no aprofundamento da Oração que o Senhor nos ensinou, sobretudo, quando dizemos: “venha a nós o Vosso Reino, Senhor”.
Lembremo-nos do que nos disse o Presbítero:
“Passeie, então, Deus em nós como em paraíso espiritual,
e reine só Ele, junto com seu Cristo;
e que em nós se assente à destra de sua virtude espiritual,
objeto de nosso desejo”.
Tudo isto acontece, quando cremos e vivemos este Prefácio da Missa da Solenidade de Cristo Rei:
“Com óleo de exultação, consagrastes Sacerdote Eterno e Rei do universo Vosso Filho único, Jesus Cristo, Senhor nosso. Ele, oferecendo-Se na Cruz, vítima pura e pacífica, realizou a redenção da humanidade.
Submetendo ao Seu poder toda criatura, entregará à Vossa infinita majestade um Reino eterno e universal: Reino da verdade e da vida, Reino da santidade e da graça, Reino da justiça, do amor e da paz...”.
Seja nossa vida marcada pelo compromisso com o Reino de Deus, para que a Trindade Santa habite e passei em nós, como em paraíso espiritual.
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