“Hoje a salvação entrou em sua casa...”
Voltemo-nos à passagem do Evangelho (Lc 19,1-10), na qual o Evangelista nos apresenta Jesus no final de Sua viagem para Jerusalém.
Trata-se do encontro de Jesus com um pecador (Zaqueu – chefe dos cobradores de impostos) e com a radical mudança deste, e ao mesmo tempo uma autêntica síntese da Teologia do terceiro Evangelista:
- reúne os ensinamentos do Senhor;
- a possibilidade de salvação para todos;
- a conversão do rico e do uso sábio do dinheiro;
- a alegria do encontro com o Senhor;
- o cumprimento do projeto divino: vida plena e feliz para todos.
Na conversão de Zaqueu, vemos que a conversão de um pecador é a finalidade da missão de Jesus, e como se manifesta a misericórdia divina, que possibilita o perdão e vida nova para quem se propõe a mudança de vida, em correspondência à vontade divina (Sb 11,22-12,2). Deus adia o castigo para conceder o perdão, se buscado.
Na conversão de um pecador, temos a manifestação do poder divino, afinal “O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido”. Com a conversão de Zaqueu, “é glorificado o nome do Nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo (2 Ts 1,11-2,12).
Ninguém fica excluído da possibilidade da misericórdia divina, numa atitude profunda e sincera de conversão e novos compromissos.
Uma mensagem catequética do Evangelista: a Igreja é constituída por pecadores que se colocam num contínuo caminho de conversão e mudança, eliminando quaisquer vestígios de relaxamento na prática do Evangelho, incoerência de vida (entre o que se crê e se prega e o que se vive). A conversão é um processo contínuo, ininterrupto, que desabrocha na eternidade, na plenitude da luz e do amor divino: céu.
Também há outra mensagem explícita nesta conversão de Zaqueu: a correta utilização dos bens terrenos; a relação com o dinheiro, a riqueza; a reparação dos males cometidos contra a solidariedade, levando à viver a partilha.
É preciso usar os bens que passam e abraçar os que não passam, para que não sejamos escravos dos bens, gerando marginalização, pobreza, exclusão e a privação dos bens necessários de outros.
Que os bens alcançados não sejam frutos de roubos, maquinações, atos de corrupção ou de outras situações de injustiça contra o outro.
Tudo que se possui deve ser alcançado com trabalho e dignidade, sem o que não se pode contar com a bênção divina, porque não promove a justiça, o bem comum e a fraternidade.
Temos ainda muito a aprender à luz desta passagem. É tempo de conversão e mudança sempre, para que a salvação de Deus entre em nossas casas e em nossa casa comum, o Planeta em que habitamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário