quinta-feira, 1 de junho de 2023

Coragem, o Senhor te chama

Coragem, o Senhor te chama

Joguemos o manto e
saltemos ao encontro do Amor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 10,46-52), em que nos apresentado a cura do cego Bartimeu (filho de Timeu). 

Esta passagem bíblica é mais do que a história da cura de um cego por Jesus, trata-se de uma catequese batismal com todas as suas etapas.

Deus sempre deseja que alcancemos a vida verdadeira e o caminho que Ele nos apresenta para alcançarmos esta meta, é o Seu próprio Filho que nos cura de toda cegueira e nos dá vida plena, na total adesão a Ele, acolhendo e vivendo Sua proposta de Salvação.

Jesus quer dos discípulos uma vida de luz, uma vida nova e para isto é preciso romper com o mundo da escuridão e acolhe-Lo como luz – “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Precisamos que nosso olhar seja curado, para que se torne o olhar de Deus: olhar de ternura, de solidariedade, de confiança, de esperança, de compromisso, de amor sem limites, de horizonte do inédito, de alcance do aparentemente intangível...

O cego Bartimeu está sentado, numa expressão real de desânimo e conformismo, está privado da luz e da liberdade e conformado com sua aparente irredutível situação, sem qualquer perspectiva.

Suplicando ao Senhor, tem que superar as resistências, mas até o seu grito tentam calar.

Diante da Palavra de Jesus – “Coragem, levanta-te que Ele te chama”, irrompe a novidade. O cego atira a capa, dá um salto e vai ao encontro com Jesus.

“É claro o significado simbólico do gesto: para seguir o Senhor é preciso saber libertar-se de tudo aquilo que serve de obstáculo a uma adesão pronta à Sua Palavra. Não se trata somente de nos libertarmos dos pecados, mas de saber antepor a riqueza espiritual da fé no Senhor aos recursos a que o nosso coração está demasiado apegado e que o tornam pesado” .(1)

É preciso que joguemos fora nossa capa, com a coragem de desapegos, despojamentos, esvaziamentos. É preciso que fiquemos nus aos olhos de Deus, como nossos primeiros pais, para que por Ele sejamos revestidos, em intensa relação de amor, amizade, intimidade.

De fato, diante do Senhor rompemos com o passado, simbolizado na capa, saltamos para o novo, para o encontro que transforma a nossa vida e pomo-nos com novo ardor a caminho: o caminho da luz, do amor, da verdade e da vida.

Bartimeu depois do encontro se torna modelo de verdadeiro discípulo para nós. Em nosso encontro com Jesus há quem nos conduz, como também há os que nos impedem, obstaculizam. Não podemos desanimar jamais de ir ao Seu encontro, pois somente com Ele nossa vida se torna plena de luz, paz, amor e alegria.

Pôr-se no caminho do amor, do serviço, da entrega, do dom da vida, a partir do encontro com Jesus é o caminho que todos devemos fazer.

Somente curados pelo Senhor, a cada instante, é que não desanimamos da caminhada de fé, sabendo, crendo, anunciando e testemunhando que somente Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Somente Ele nos introduz na luz no tempo presente e um dia na luz eterna, na plena claridade que é o céu. Claridade plena, porque assim é o amor. Onde houver amor, há luz. Onde houver a plenitude do amor haverá a plenitude da luz.

Assim o autor da Epístola aos Hebreus nos apresentou Jesus, pouco mais tarde, ao escrever para a sua comunidade fragilizada, cansada e desanimada, Jesus como o Sumo Sacerdote que intercede a Deus em nosso favor.

Jesus é o Sumo Sacerdote por excelência! Escolhido por Deus, saído do meio dos homens e mediador entre nós e Deus, entende perfeitamente, como Homem e Deus, nossas dificuldades reais da existência.

Com Jesus, a comunidade precisa revitalizar o seu compromisso, empenhando-se numa fé mais coerente e mais comprometida. Contemplar e corresponder ao Amor de Deus por nós que é imensurável, sem limites, indescritível, indefinível...

Jesus, o Sumo Sacerdote do Pai, é para nós e nos comunica pelo Seu Espírito a plenitude do Amor, da Vida e da Luz. Amém.



(1) Leccionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 647.

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