sexta-feira, 3 de maio de 2024

Ele ora por nós, em nós e recebe a nossa oração

                                                       

Ele ora por nós, em nós e recebe a nossa oração

“Ele ora por nós como nosso Sacerdote; ora em nós
como nossa cabeça e recebe a nossa Oração como nosso Deus”

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre os Salmos, do Bispo Santo Agostinho (séc. V).
“Deus não poderia conceder dom maior aos homens do que dar-lhes como Cabeça a Sua Palavra, pela qual criou todas as coisas, e a ela uni-los como membros, para que o Filho de Deus fosse também filho do homem, um só Deus com o Pai, um só homem com os homens. 

Por conseguinte, quando dirigimos a Deus nossas súplicas, não separemos d'Ele o Filho; e, quando o Corpo do Filho orar, não separe de si Sua Cabeça. Deste modo, o único salvador de Seu corpo, nosso Senhor Jesus Cristo, é o mesmo que ora por nós, ora em nós e recebe a nossa Oração.

Ele ora por nós como nosso Sacerdote; ora em nós como nossa cabeça e recebe a nossa Oração como nosso Deus. Reconheçamos n’Ele a nossa voz, e em nós a Sua voz. (...).

Ele ora na Sua condição de servo, e recebe a nossa Oração na Sua condição de Deus; ali é criatura, aqui o Criador; sem sofrer mudança, assumiu a condição mutável da criatura, fazendo de nós, juntamente com Ele, um só homem, cabeça e corpo. Nossa Oração, pois, se dirige a Ele, por Ele e n'Ele; oramos juntamente com Ele e Ele ora juntamente conosco.”

Como é bom sabermos que Jesus ora em todo momento por nós, como nosso Sumo e Eterno Sacerdote, como nosso Divino Intercessor junto do Pai, para que nos seja enviada a força, a luz e a sabedoria do Espírito. Não estamos sós, não ficamos órfãos. 

Não nos sentimos sozinhos em nossas “noites escuras”, no derramar das lágrimas no silêncio de nossa alma, no crepúsculo de uma esperança que cede lugar a uma nova. Pois é próprio do Amor de Deus ressuscitar em nosso coração a esperança, quando movidos pela fé autêntica que se visibiliza na prática da caridade bíblica, cantada pelo Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios.

Não estamos desligados um dos outros. Somos Igreja, somos comunidade, somos membros uns dos outros. A alegria de um seja alegria do outro, da mesma forma, a vitória, os fracassos e os pecados chorados e reconciliados, para que todo o corpo vida nova tenha. Promover o bem da Igreja é missão de todos nós, assim como toda atividade evangelizadora.

Como é bom sabermos que Jesus ora em nós como nossa cabeça, para que não sejamos pedra de tropeço, mas pedras vivas, amadas e escolhidas no Novo Templo do Seu Corpo Místico.

Da mesma forma, como é bom sabermos que Jesus acolhe nossa Oração porque é Deus, porque Se fez homem e conhece as nossas debilidades, fragilidades, limitações, mas também o nosso desejo profundo de santidade, sinceridade; desejo corajoso de ser como grão de trigo que morre para não ficar só, mas frutos abundantes produzir. 

Não oramos aos ventos, mas a um Deus que, como homem em nosso meio, ao Pai súplicas e preces dirigiu com fortes gritos e lágrimas (Hb 5,7). A Oração do justo, do inocente, atravessa os céus e chega até Deus.

A Oração dos que padecem tribulações inocentemente não fica sem a resposta divina. Ele, Jesus, é Deus, e por Ele tudo foi criado e reconciliado. Deste modo jamais poderia se tornar indiferente e surdo ao clamor de quem a Ele recorrer, suplicar e as mãos elevar, se de coração puro e sincero.

Não ficaria indiferente à Oração Aquele que por nós Amor sem limites viveu e a glória da eternidade alcançou, vida plena e feliz nos possibilitou, porque não só apontou o caminho da eternidade, mas Se fez Caminho.

Não somente ensinou a Verdade, mas morreu por ela. Não só amou a Vida, mas entregou a Sua própria, em doação total, incondicional, em fidelidade abismal para que todos vida plena tenhamos, para que a vida fosse mais bela; fosse como deveria ser.

“Paraíso saudade” de nada adianta. Sejamos discípulos d'Aquele que ora por nós, em nós e recebe a nossa Oração; que nos faz comprometidos com o Paraíso que um dia haverá de acontecer. E, que as Virtudes Teologais  Fé, Esperança e Caridade  nos movam.

PS: Liturgia das Horas – Vol. II – pp.329-330.

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