sábado, 20 de maio de 2023

Ascensão do Senhor: Ele confia em nós a continuidade da missão (Ascensão - Ano A)


Ascensão do Senhor: Ele confia em nós a continuidade da missão

Sejamos enriquecidos pelo Tratado n.74, escrito pelo Papa e Doutor da Igreja, São Leão Magno (séc. V):

“O mistério de nossa Salvação, amadíssimos, que o Criador do universo abonou no preço de Seu sangue, foi realizado segundo uma economia de humildade desde o dia de Seu nascimento corporal até o término de Sua Paixão. E ainda que sob a condição de servo irradiaram muitos sinais manifestativos de Sua divindade, contudo, toda a atividade deste período esteve orientada propriamente para demonstrar a realidade da humanidade assumida.

Apesar disso, depois da Paixão, rompidas as cadeias da morte que, ao recair n’Aquele que não conheceu o pecado perdera toda a sua malignidade, a debilidade se converteu em fortaleza, a mortalidade em eternidade, a ignomínia em glória, glória que o Senhor Jesus tornou manifesta diante de muitas testemunhas através de numerosas provas, até o dia em que introduziu nos céus o triunfo da vitória obtida sobre os mortos.

E assim como na Solenidade da Páscoa a Ressurreição do Senhor foi para nós causa de alegria, assim também agora Sua Ascensão ao céu é para nós um novo motivo de júbilo, ao recordar e celebrar liturgicamente o dia em que a pequenez de nossa natureza foi elevada, em Cristo, acima de todos os exércitos celestiais, de todas as categorias de anjos, de toda a sublimidade das potestades até compartir o trono de Deus Pai.

Fomos estabelecidos e edificados por este modo de operar divino, para que a graça de Cristo se manifestasse mais admiravelmente, e assim, apesar da presença visível do Senhor ter sido afastada da vista dos homens – pela qual se alimentava o respeito deles para com Ele –, a fé se mantivesse firme, a esperança impassível e o amor ardente.

Nisto consiste, de fato, o vigor dos espíritos verdadeiramente grandes, isto é, o que a luz da fé realiza nas almas realmente fiéis: crer sem vacilação o que nossos olhos não veem; ter o desejo fixo naquilo que nosso olhar não pode alcançar.

Como esta piedade poderia nascer em nossos corações, ou como poderíamos ser justificados pela fé se a nossa salvação consistisse somente no que nos é dado ver? Por isso o Senhor disse àquela Apostolo que não cria na Ressurreição de Cristo enquanto não averiguasse com a vista e o tato, em Sua carne, os sinais da Paixão:

Crestes porque me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto.

Assim, para tornar-nos capazes, amadíssimos, de semelhante bem-aventurança, nosso Senhor Jesus Cristo, após ter realizado tudo o que convinha para a pregação evangélica e aos mistérios do Novo Testamento, quarenta dias após a Ressurreição, elevando-Se ao céu à vista dos Seus discípulos, findou a Sua presença corporal para sentar-Se à direita do Pai, até que se cumpram os tempos divinamente estabelecidos nos quais se multipliquem os filhos da Igreja, e Ele volte, na mesma carne com a qual ascendeu aos céus, para julgar os vivos e os mortos.

Assim, todas as coisas referentes a nosso Senhor que antes eram visíveis, passaram a ser ritos sacramentais; e para que nossa fé fosse mais firme e valiosa, a visão foi substituída pela instrução, de maneira que, doravante, nossos corações, iluminados pela luz celestial, devem apoiar-se nesta instrução”.

À luz do Tratado, oremos:

Cremos, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, que todas as coisas referentes a Vós, que foram contempladas e visíveis para os primeiros que chamastes, agora contemplamos verdadeiramente presente nos Sacramentos que celebramos

Cremos que, depois da Vossa Paixão, rompidas as cadeias da morte que, ao recair em Vós que não conhecestes o pecado, elas perderam toda a sua malignidade.

Cremos, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, que a debilidade se converteu em fortaleza, a mortalidade em eternidade, a ignomínia em glória.

Cremos, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, que, após Vossa Ressurreição, Vos manifestastes diante de muitas testemunhas através de numerosas provas, até o dia em que fostes introduzidos no triunfo da vitória obtida sobre os mortos.

Portanto, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, Vos pedimos que mantenhamos firmes nossa fé, impassível a nossa esperança, e ardente a caridade em nossos corações, contando com a presença e ação do Espírito da Verdade, na plena fidelidade a Deus, como plenamente vivestes. Amém. Aleluia!


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical –Editora Vozes – 2013 – pp. 109-110 – Editora Vozes

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