Ascensão do Senhor:
Ele confia em nós a continuidade da missão
Sejamos enriquecidos pelo Tratado
n.74, escrito pelo Papa e Doutor da Igreja, São Leão Magno (séc. V):
“O
mistério de nossa Salvação, amadíssimos, que o Criador do universo abonou no
preço de Seu sangue, foi realizado segundo uma economia de humildade desde o
dia de Seu nascimento corporal até o término de Sua Paixão. E ainda que sob a
condição de servo irradiaram muitos sinais manifestativos de Sua divindade,
contudo, toda a atividade deste período esteve orientada propriamente para
demonstrar a realidade da humanidade assumida.
Apesar
disso, depois da Paixão, rompidas as cadeias da morte que, ao recair n’Aquele
que não conheceu o pecado perdera toda a sua malignidade, a debilidade se
converteu em fortaleza, a mortalidade em eternidade, a ignomínia em glória,
glória que o Senhor Jesus tornou manifesta diante de muitas testemunhas através
de numerosas provas, até o dia em que introduziu nos céus o triunfo da vitória
obtida sobre os mortos.
E
assim como na Solenidade da Páscoa a Ressurreição do Senhor foi para nós causa
de alegria, assim também agora Sua Ascensão ao céu é para nós um novo motivo de
júbilo, ao recordar e celebrar liturgicamente o dia em que a pequenez de nossa
natureza foi elevada, em Cristo, acima de todos os exércitos celestiais, de
todas as categorias de anjos, de toda a sublimidade das potestades até
compartir o trono de Deus Pai.
Fomos
estabelecidos e edificados por este modo de operar divino, para que a graça de
Cristo se manifestasse mais admiravelmente, e assim, apesar da presença visível
do Senhor ter sido afastada da vista dos homens – pela qual se alimentava o
respeito deles para com Ele –, a fé se mantivesse firme, a esperança impassível
e o amor ardente.
Nisto
consiste, de fato, o vigor dos espíritos verdadeiramente grandes, isto é, o que
a luz da fé realiza nas almas realmente fiéis: crer sem vacilação o que nossos
olhos não veem; ter o desejo fixo naquilo que nosso olhar não pode alcançar.
Como
esta piedade poderia nascer em nossos corações, ou como poderíamos ser
justificados pela fé se a nossa salvação consistisse somente no que nos é dado
ver? Por isso o Senhor disse àquela Apostolo que não cria na Ressurreição de
Cristo enquanto não averiguasse com a vista e o tato, em Sua carne, os sinais
da Paixão:
Crestes
porque me vistes? Bem-aventurados os que creram sem terem visto.
Assim,
para tornar-nos capazes, amadíssimos, de semelhante bem-aventurança, nosso
Senhor Jesus Cristo, após ter realizado tudo o que convinha para a pregação
evangélica e aos mistérios do Novo Testamento, quarenta dias após a
Ressurreição, elevando-Se ao céu à vista dos Seus discípulos, findou a Sua
presença corporal para sentar-Se à direita do Pai, até que se cumpram os tempos
divinamente estabelecidos nos quais se multipliquem os filhos da Igreja, e Ele
volte, na mesma carne com a qual ascendeu aos céus, para julgar os vivos e os
mortos.
Assim,
todas as coisas referentes a nosso Senhor que antes eram visíveis, passaram a
ser ritos sacramentais; e para que nossa fé fosse mais firme e valiosa, a visão
foi substituída pela instrução, de maneira que, doravante, nossos corações,
iluminados pela luz celestial, devem apoiar-se nesta instrução”.
À luz do Tratado,
oremos:
Cremos, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, que todas as
coisas referentes a Vós, que foram contempladas e visíveis para os primeiros
que chamastes, agora contemplamos verdadeiramente presente nos Sacramentos que
celebramos
Cremos que, depois da Vossa Paixão, rompidas as cadeias da
morte que, ao recair em Vós que não conhecestes o pecado, elas perderam toda a
sua malignidade.
Cremos, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, que a
debilidade se converteu em fortaleza, a mortalidade em eternidade, a ignomínia
em glória.
Cremos, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, que, após
Vossa Ressurreição, Vos manifestastes diante de muitas testemunhas através de
numerosas provas, até o dia em que fostes introduzidos no triunfo da vitória
obtida sobre os mortos.
Portanto, Senhor Jesus Cristo, vivo e Ressuscitado, Vos pedimos
que mantenhamos firmes nossa fé, impassível a nossa esperança, e ardente a
caridade em nossos corações, contando com a presença e ação do Espírito da
Verdade, na plena fidelidade a Deus, como plenamente vivestes. Amém. Aleluia!
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical –Editora Vozes – 2013 –
pp. 109-110 – Editora Vozes
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