terça-feira, 29 de agosto de 2023

Aprendamos com João Batista

                                                 


Aprendamos com João Batista

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de João (Jo 3,22-30), em que nos apresenta uma comparação entre a missão de João Batista e de Jesus Cristo.

Diante do ciúme e inveja dos discípulos pela missão de Jesus, apresentamos quatro pontos da resposta de João Batista:

Ele deu o que recebeu com o dom de Deus e não se busca a si próprio – “Ninguém pode receber alguma coisa, se não lhe for dada do céu” (Jo 3,27);

Relembra o testemunho anterior dado a Jesus no qual afirma a superioridade de Jesus – “Vós mesmos sois testemunhas daquilo que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas fui enviado na frente dele’” (Jo 3,28);

Não se sente ofendido ou magoado, ao contrário, é tomado de grande alegria ao ver o afluxo de gente em torno de Jesus, porque ele é o amigo do esposo, desejoso apenas que a esposa (o povo) se encontre com o esposo (Jesus Cristo). Note-se que no Antigo Testamento, o matrimônio é símbolo da Aliança do Povo com Deus – “É o noivo que recebe a noiva, mas o amigo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria ao ouvir a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela é completa” (Jo 3,29);

A consciência de sua missão no plano de Deus é evidenciada – “Ele deve crescer, e eu diminuir” (Jo 3,30).

Com João Batista, temos algumas lições a aprender, como discípulos missionários do Senhor, a fim de que nosso discipulado cumpra a sua missão.

A humildade necessária, com a consciência de que não nos anunciamos, mas ao Senhor, e tudo devemos fazer com gratuidade e alegria, no serviço em favor de nossos irmãos e irmãs.

Que Deus nos dê a graça do aprendizado destas lições para o fecundo discipulado. Amém.

Depois de um longo tempo...


Depois de um longo tempo...

“As comunidades eram perseverantes na Doutrina dos Apóstolos,
na Comunhão Fraterna, na Fração do Pão e na Oração” 
(At 2, 42-45).

Amanhã, retomaremos às Missas com participação presencial parcial, observando as  necessárias restrições e limitações que o momento exige, no cuidado de si e do outro.

Protocolos a serem observados se somarão às rubricas necessárias, que garantam a beleza da celebração, e também a graça de  estarmos juntos e podermos celebrar.

Não verei o sorriso e a pureza do olhar das crianças, bem como  muitos rostos com suas marcas, rugas e cabelos prateados, sinal de uma vida na graça e no temor de Deus vivido.

Não veremos todos os bancos tomados, como é praxe acontecer, mas com certeza, se considerarmos que outros tantos conosco de casa participando, não há bancos que a todos possamos acolher.

Não nos saudaremos, tão pouco nos abraçaremos, mas a alegria do reencontro falará mais alto, porque há muito não nos víamos ao redor das Mesas Salutares da Palavra e da Eucaristia.

Amanhã, veremos o brilho no olhar, e que antes parecia impossível e distante, agora, aos poucos, começa a se tornar uma doce e sonhada e tão desejada realidade.

É uma etapa a ser vivida, acolhida com amor, prudência e paciência, e que esperamos, num breve tempo transcorrido, podermos nos reencontrar, e todos juntos, na alegria e fé celebrar.

Amanhã...

PS: Escrito em 29 de agosto de 2020.

“Não sejamos guias cegos” (27/08)

“Não sejamos guias cegos”

Na terça-feira da 21ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 23,23-26), em que Jesus nos apresenta advertências para que não sejamos “guias cegos”, como os escribas e fariseus.

E para isto, alguns cuidados são necessários:

1 – Nossas ofertas e dízimo, precisam estar acompanhados dos ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade;

2 – E devem ser feitas com um espírito que seja agradável a Deus, na pura gratuidade;

3 – Aprender a ver bem as coisas, cuidando de si mesmo numa atenção constante;

4 – Cuidar da purificação da própria intenção com que se faz todas as coisas;

5 – Cuidar da formação da própria consciência, a fim de que esteja sempre límpida, cristalina e serena, sem nenhuma ambição de posse e desregramento;

6 – Ter um coração limpo, pois o coração é a sede dos pensamentos, dos projetos, dos desejos, das paixões e das decisões de toda pessoa, segundo a tradição bíblica;

7 – Ter um coração pleno de coisas boas e edificantes, pois é nele que encontramos um pouco de tudo, e assim nossa boca falará do que ele está cheio;

8 – Ter um coração vigilante, pois é o lugar onde somos chamados a vigiar, com maior empenho, pois decidimos o que podemos tirar ou manter dentro de nós;

9 – Cultivar a autenticidade, que consiste na prática da verdadeira caridade, a fim de que sejamos justos diante de Deus e fiéis à Sua vontade;

10 – Fazer a vontade de Deus acima de tudo, para que Ele, que é luz e calor, Se torne próximo de todos os que sejam humildes de coração e nos sustente com Sua graça e força.

Oremos:

Ó Deus, concedei-nos a graça de uma mente e coração limpos e cristalinos, pois tão somente os puros de coração verão Vossa face um dia, como nos falou Vosso Filho.

Seja-nos concedida, também, a água refrescante do Vosso Espírito, que sacia nossa sede de amor, vida, justiça e paz.

Ajudai-nos, para que vivamos os santos propósitos que ora refletimos, a fim de que não sejamos “guias cegos” de Vosso rebanho. Por N.S.J.C.Amém.


Fonte de Inspiração: Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 – Vol. II – p.209-210

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Os “ais de Jesus” são também para nós

                                              


Os “ais de Jesus” são também para nós

Uma reflexão à luz passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 11, 42-54).

Nela  encontramos os “ais” de Jesus dirigidos aos fariseus e aos mestres da Lei, que se constituem nas “maldições” de Cristo contra estes.

O primeiro “ai” de Jesus é contra o formalismo religioso dos fariseus, que discutem preceitos ínfimos, mas esquecem dos Mandamentos essenciais da fé.

O segundo “ai” é contra a procura da honra em vez do serviço.

O terceiro “ai” é contra a falsa concepção de pureza, que antes de tudo tem que ser a pureza de coração, pureza de alma expressa nos sentimentos, pensamentos e ações.

O quarto “ai” é por tornarem intolerável a vida religiosa para os pequenos, os pobres, impondo fardos pesados sobre estes. Cristo por outro lado oferece um fardo leve e jugo suave, que comunica vida plena e feliz para todos.

O quinto “ai” é a maldição por causa da perseguição que os escribas moveram contra os Profetas.

A sexta “maldição” procede em decorrência do autoritarismo intelectual dos doutores da lei, que não entram eles próprios na verdadeira e frutuosa compreensão da Lei, agravado pelo fato de não comunicarem nenhuma luz por suas vidas.

Oremos:

Livrai-nos, Senhor, da prática de uma religião formal, fria, 
ancorada em detalhes tão multiplicados, normas e regras tantas, 
que acabamos esquecendo e colocando de lado o essencial 
que nos dá a verdadeira identidade de discípulos Vossos:
 “Amor a Deus e ao próximo”.

Livrai-nos, Senhor, da tentação que vencestes no deserto, 
e que humildemente testemunhastes ao lavar os pés dos discípulos. 
Que vençamos a tentação do prestígio e honras que 
ofuscariam Vossa Luz e presença em nós. 
Aprendamos Convosco, que viestes para amar e servir, 
e assim haveremos de ser e também agir,
como discípulos amados Vossos.

Dai-nos, Senhor, pureza de alma e coração, 
para que nossos pensamentos e sentimentos 
gerem ações que revelem a autenticidade de nossa fidelidade a Vós, 
numa caridade ativa e frutuosa 
em favor de todos com os quais convivemos.

Dai-nos, Senhor, coragem para vencer as tentações 
inerentes no caminhar da fé, 
resistência nas tribulações que teimam em ofuscar e 
fazer morrer nossa esperança, 
e com isto, o apagar da chama da caridade.

Que sintamos sempre Vossa presença nas perseguições, 
incompreensões e dificuldades que nos fazem crescer 
em intimidade Convosco, 
em permanente Oração, diálogo amoroso.

Finalmente, Senhor, 
que a Sabedoria do Santo Espírito que nos enviastes do Pai, 
quando para Ele voltastes, 
passando pela morte e Ressuscitando, 
esteja sempre conosco, para que comuniquemos ao mundo a Vossa Luz, 
a verdadeira Luz, que nos acompanha, 
porque seguidores Vossos, não caminhamos nas trevas,
mas temos a Luz da Vida. 
Amém.


PS: para reflexão da passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 23,13-32) proclamado na segunda, terça e quarta-feira da 21ª Semana do Tempo Comum, e a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 11,42-54), proclamado na quarta e quinta-feira da 28ª Semana do Tempo Comum.

Nunca é tarde para amar o Amado: Jesus

                                                                   

Nunca é tarde para amar o Amado: Jesus

Há procuras que nos
possibilitam verdadeiros encontros...

A mais bela e contagiante procura que podemos fazer é a procura por Deus; procurá-Lo, incansavelmente e ininterruptamente, pois por Ele já fomos encontrados e resgatados. 

Quando o Verbo Se encarnou revelou-se a Face e a presença amorosa do Pai, alcançou-nos a reconciliação e presenteou-nos com o dom maior: o Espírito.

Do Seu Coração pleno de Amor Água e Sangue jorraram, para que assim, n'Ele pudéssemos nascer (Vida Nova do Batismo), n'Ele pudéssemos viver (Corpo e Sangue, Mistério da Eucaristia): remédio para imortalidade porque nos assegura a vida eterna; antídoto para que o pecado não nos domine, nem nos fragilize, roubando-nos a saúde, a vitalidade do Espírito.

A procura de Deus não se dá além de nós mesmos; além de nossa interioridade. Ela se dá na mais profunda intimidade de nosso ser, onde Ele quis fazer-Se o mais belo Hóspede. 

Paradoxalmente, Seu encontro se dá na fragilidade da morada e no esplendor divino d'Aquele que em nós habita.

A procura e o encontro de Deus se dão no exato momento que descobrimos os traços mais marcantes de Seu Ser: “Hesed” - misericórdia, carinho, amor, ternura, bondade...

Seu encontro leva-nos a fazer da nossa vida entrega incondicional, obediência radical e confiança ilimitada, na Paixão Pelo Reino. Nossa existência adquire matizes diferenciados, ganhando consistência e profundidade.

O amor vivido alcança-nos a eternidade, para que o mesmo não seja como a nuvem da manhã que passa ou como o orvalho que ao amanhecer logo se evapora nos primeiros raios do sol. 

O Amor encontrado faz romper a aurora, afastando a escuridão da noite. As trevas cedem lugar à luz. A noite cede lugar ao dia: Mistério daqueles que contemplam a Verdadeira Luz!

Saboreemos esta Confissão do grande Bispo Santo Agostinho (séc. V) e ainda que tarde, mas não tão tarde, entremos na mais perfeita relação com Deus: relação de Amor que nos alcança a felicidade plena:

“Tarde te amei...”.
“Onde Te encontrei Senhor, para Te conhecer? Não estavas certamente em minha memória antes que eu Te conhecesse...

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Estavas dentro e eu fora te procurava. Precipitava-me eu disforme, sobre as coisas formosas que fizeste. Estavas comigo, Contigo eu não estava. As criaturas retinham-me longe de Ti, aquelas que não existiriam se não estivessem em Ti.

Chamaste e gritaste e rompeste a minha surdez. Cintilaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume, aspirei-o e anseio por Ti. Provei, tenho fome e tenho sede. Tocaste-me e abrasei-me no desejo de Tua paz...

Quando me uno a Ti com todo o meu ser, não há em mim dor nem fadiga. Viva será minha vida, toda repleta de Ti. Agora ergues o que de Ti está repleto. Como ainda não estou pleno de Ti, sou um peso para mim.

Lutam minhas lamentáveis alegrias com as tristezas deleitáveis. De que lado estará à vitória, não sei. Ai de mim, Senhor! Tende piedade de mim. Lutam minhas tristezas com as boas alegrias e não sei quem vencerá. Ai de mim, Senhor! Tende piedade de mim! Ai de mim! Bem vês, que não escondo minhas chagas. És o médico; eu o doente. És misericordioso; eu o miserável... Em Tua imensa misericórdia ponho toda minha esperança”.

Reflitamos:

- Quais os sentimentos que esta bela confissão me desperta?
- Quando se deu a minha procura por Deus dentro de mim mesmo?

- Como sinto e aprofundo a relação de proximidade de Deus para comigo?
- O que posso fazer para aprofundar esta relação de amor com o Mistério Divino que em mim fez morada?

- Há pessoas, que a exemplo de Santo Agostinho, depois de inquietante procura, a Deus encontra, ainda que tarde.

Outras, bem cedo O encontraram! Cada um tem sua história, cada um tem seu encontro… Cedo ou tarde, seja-nos permitido repetir as palavras de Santo Agostinho que, incansavelmente, lemos e relemos. Ele captou e expressa o mais profundo de nós diante do Mistério do Amor Divino:

“... Tarde Te amei, Ó beleza tão antiga e tão nova, tarde Te amei!
Estavas dentro e eu fora Te procurava. Precipitava-me eu disforme,
sobre as coisas formosas que fizeste. Estavas comigo, Contigo eu
não estava. As criaturas retinham-me longe de Ti, aquelas que
não existiriam se não estivessem em Ti”.

A comunidade do Ressuscitado

                                                           

A comunidade do Ressuscitado

Uma reflexão à luz da passagem da Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 1,5c-10).

A comunidade de Tessalônica era uma comunidade entusiasta e exemplar, pela fé ativa, caridade esforçada e de firmeza na esperança; mas o Apóstolo convida a dar mais um passo, ou seja, manter a alegria apesar dos sofrimentos, das dificuldades, das perseguições, pois este é necessariamente e inevitavelmente o dinamismo do Evangelho.

A alegria e o sofrimento fazem parte do dinamismo da missão evangelizadora, de modo que na obscuridade, o Evangelho é luz. Na secura, Água Cristalina. Na fome de amor e vida, o Pão. Em situações de opressão, a Palavra que liberta.

A comunidade de Tessalônica, apesar de toda dificuldade, não é uma ilha. Confiando em Deus, ela se tornou a semente de fé e de amor que gerou frutos em outras comunidades. 

De fato, não somos uma ilha, pois a fé nos faz uma só Igreja: missionária, misericordiosa, viva e solidária.

Acolhendo a exortação do Apóstolo, empenhemo-nos para formarmos nossas comunidades com estas características indispensáveis para quem professa a fé no Ressuscitado.


PS: Apropriada para  a passagem - 1 Ts 1,1-5.8b-10

Uma conversa hipotética e interminável...

                                               

Uma conversa hipotética e interminável...

Livre pensar sem pretensão alguma mais, 
a não ser de ajudar a crescer e amadurecer 
no que há de essencial do cristianismo: Amar!

Livre pensar para evangelicamente amar!
Livre pensar para o Mandamento Maior vivenciar.
Livre pensar para melhor viver e proclamar.
Livre pensar para o amor anunciar e testemunhar!

Apóstolo Paulo, diga-me duas palavras apenas sobre o amor
 O amor é a plenitude da lei” e “O amor jamais passará”
(muito mais do que três você poderia dizer com suas Cartas).

E permita-me pedir a terceira:
 “Nada fiqueis devendo, a não ser o amor mútuo”.

Santo Agostinho, diga-me duas palavras também:
 A medida do amor é amar sem medida."
 “Ame e faça o que quiseres”.

E uma terceira, se também eu puder pedir:
 “Tarde Te amei, ó beleza tão antiga e tão nova...”

Transcorridos séculos pergunto a um cantor/poeta:
 Qual é o sinônimo de amor e ele me responderá:
 “Sinônimo de amor é amar!”

E um outro assim cantou...
 Por ser exato, o amor não cabe em si. Por ser encantado, o amor revela-se. Por ser amor, invade e fim".

Hipotética e interminável conversa, 
por que o amor é indizível!
Quanto se diga, quanto se há de viver...
Quanto há de se amar, dívida salutar...
A dívida de amor é amar!
Ó maravilhosa dívida que a todos nos enriquece,
Quanto mais a pagamos,
Mais a vida de teias consistentes se tece!

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG