terça-feira, 17 de setembro de 2024

Indefinibilidade do amor...

                          

Indefinibilidade do amor... 

Assim conclui a reflexão do Missal Cotidiano, quando se proclama o trecho da Carta de São Paulo aos Romanos (Rm 13,8-10):

“O amor não se define, vive-se. Importa amar para ver claro. E se quisermos que algum outro veja claro, a única estratégia eficiente é amá-lo sem condições, como a nós mesmos. Deus é Aquele que ama primeiro: ama-nos antes de nós mesmos...”

Lembramos as Palavras do Apóstolo aos Romanos: ”A caridade é a plenitude da lei” (Rm 13,10).

Também somos enriquecidos pelo seu memorável texto sobre o amor, que encontramos na Primeira Carta aos Coríntios 13.

Um texto indiscutivelmente inspirador de tantos outros, para cristãos ou não.

Remete-nos a Luiz Vaz de Camões (1524-1580), grande poeta da língua portuguesa e sua ímpar poesia:

               “Amor é fogo que arde sem se ver;          
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?”


Lembramos “Monte Castelo”, do grupo Legião Urbana, que fez uma releitura musical dos textos acima!

Bíblia, poesia e música: que nossa alma se eleve para amar, sem procura de definições conceituais.

Amar na bela e plena medida como Cristo amou e nos ama...
Amor não se define, vive-se!

Contemplemos o amor que se concretiza
Em múltiplas expressões e relações.

Contemplemos o amor que se eterniza
Em versos, sonetos e belas canções.

Contemplemos o amor que nos eterniza,
Porque condição e meta do existir.

Contemplemos o amor, que nos nutre
E fortalece para tudo que há de vir!

Ah! indefinibilidade do amor!
Ah! inesgotabilidade do amor!

Sobretudo o amor de Nosso Senhor!
que possui o mais belo esplendor! Amém.

Em poucas palavras...

 


Amar como Jesus, empenhar-se na comunhão

“Em particular, a comunhão nos leva a conciliar duas necessidades: o acolhimento a todos, inclusive aos que nos parecem menos motivados; a exigência de aproximar os mais empenhados nos caminhos do Senhor e no esforço social. Só vivendo o amor de Cristo ressuscitado, poderemos viver em comunhão.”  (1)

 

 

(1) Missal Cotidiano – Comentário da passagem (1 Cor 12,12-14.27.31a) – pág. 1275

A serviço da vida plena e feliz

                                                       

A serviço da vida plena e feliz

Com a Liturgia da terça-feira da 24ª Semana do Tempo Comum, reflitamos sobre a vitalidade e importância da vocação profética.

A passagem do Evangelho (Lc 7,11-17) nos apresenta a morte do filho de uma viúva e a ação solidária e misericordiosa de Deus para com elas, pois a morte deles sem a intervenção divina seria a perda da esperança e derrota definitiva. Duas histórias parecidas falando da vida resgatada por Deus.

Deus jamais abandona o Seu Povo ao poder da morte, mas sempre o visita e envia Profetas para ser sinal de Sua presença. Ele mesmo veio ao encontro da humanidade, através de Seu Filho Amado.

Jesus é o grande Profeta que visita Seu povo em total oblação, na oferenda de Sua vida. A ação de Jesus nos revela que a vida triunfa sobre a morte. Ele nos oferece a plenitude da alegria: ação marcada pela piedade, compaixão e ação efetiva que transforma a morte em vida, a dor em alegria, a treva em luz.

A ação de Jesus nos faz pensar em dois diferentes cortejos: da morte ou da vida.

- Qual deles seguimos?
- Que caminho fazemos?

- Com quem somamos?
- Temos convicção de que não podemos entrar na fila dos que promovem o cortejo da morte, dos sem esperança, que se submergem em suas lágrimas de luto, dor e desespero?

- Temos convicção de que precisamos firmar nossos passos para solidificar nossa fé, renovar nossa esperança e fazer crescer a caridade?
- Colocamo-nos, de fato, no caminho da esperança, da transformação do choro da morte em alegria da vida, ou seja, a fé na Ressurreição?

A Liturgia nos convida também a refletir sobre a nossa esperança: tem as derrotas e as desgraças ofuscando e minando nossa esperança.

- Quais são as esperanças que nos movem?
- Como vivemos esta virtude teologal?

O Evangelho é sempre uma Boa Nova que possui força vital e criadora, pois é o próprio Deus quem nos fala, e a sua acolhida nos coloca numa dinâmica profética, num caminho de conversão, gratuidade, missão acompanhada do anúncio e testemunho com a própria vida.

Concluo com as Palavras da Oração Eucarística VI D (para as diversas circunstâncias):

Pai misericordioso e Deus fiel. Vós nos destes Vosso Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Redentor. Ele sempre Se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-Se ao lado dos perseguidos e marginalizados.

Com a vida e a Palavra anunciou que sois Pai e cuida de todos como filhos e filhas...

Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos; fazei que, a exemplo de Cristo, e seguindo o Seu Mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles”.

De fato, a Igreja será testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, e toda a humanidade se abrirá à esperança de um mundo novo, por isto, renovemos a alegria de participarmos do cortejo da vida, em maior fidelidade ao Senhor e à Sua Igreja, na acolhida, anúncio e testemunho da boa nova, reavivando a chama profética que um dia foi acesa em nosso Batismo.

A compaixão do Senhor gera vida nova

                                                             

 A compaixão do Senhor gera vida nova

A Liturgia da Terça-feira da 24ª Semana do Tempo Comum nos apresenta como mensagem: Cristo vencedor da morte é a nossa Salvação! 

Diante da triste realidade daquela viúva da cidade de Naun, que vira a morte de seu filho, vemos a intervenção do Senhor em ressuscitá-lo (cf. Lc 7,11-17).

A Palavra de Jesus é a mesma ontem, hoje e sempre: “Jovem, Eu te ordeno, levanta-te! O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”. (v. 14-15).

Assim nos diz o comentário do Missal Dominical: “A humanidade tem diante de si, não o nada sem fim, mas a vida em plenitude sem fim. Cristo Ressuscitado é o futuro do homem”. (1)

A passagem do Evangelho proclama um encontro “...entre o Senhor e a nossa pobreza. Ele aproxima-Se para restituir um espaço de vida àqueles a quem foi negado, veio abrir horizontes de esperança a todos os que a perderam.

São muitas as tramas de morte, as feridas abertas, as expectativas desiludidas, que encontramos nos caminhos da nossa vida pessoal, das nossas famílias e das nossas comunidades”.  (2)

A vida humana e suas fragilidades não ficam indiferentes para Deus, por isto, na passagem do Evangelho, Lucas assim fala do Senhor ao ver a viúva em sua extrema dor: “Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chore! ” (v.13).

A Palavra de Jesus no Evangelho e, sobretudo, quando na Missa proclamada, gera em nossos corações uma esperança que não decepciona (Rm 5, 5):

“A uma Humanidade sofredora na sua solidão que, não obstante os seus narcóticos e as suas drogas, os seus prazeres e as suas evasões, fica aterrorizada perante uma doença mortal ou uma morte improvisa, a todos os que vivem o drama dos sofrimentos sem saída e sem redes de segurança, somos convidados a anunciar que em Jesus, Filho de Deus e Filho da nossa terra, nos é dada uma esperança inaudita.

Melhor, ela já germina nas nossas decisões e nos nossos gestos de partilha, na entrega serena de nossa vida ao Senhor, ponto de partida para a humanidade renovada” . (3)

Dramas da morte, feridas abertas e expectativas desiludidas por vezes marcam nosso existir, de fato, mas crendo em Jesus Cristo Ressuscitado, e na força vital de Sua Palavra, não podemos nos curvar diante destas realidades.

Para o drama da morte, a promessa da Ressurreição nos recoloca no caminho, preenchendo o vazio deixado, na feliz espera de um dia nos encontrarmos com todos aqueles que nos precederam nos céus.

Não há o nada sem fim para quem tem fé, quando a morte bate em nossa porta, cremos na vida plena, eterna e sem fim, este é o nosso destino, porque de Deus viemos, nos movemos e somos, e para Ele voltaremos, pois na casa do Pai há muitas moradas para aquele que com Ele caminhar, pela Verdade se deixar seduzir, Vida plena alcançar.

Para as feridas abertas, temos em cada Eucaristia, quando comungamos, o remédio de imortalidade e o antídoto para não morrer, pois assim disse o Senhor:

“Quem comer da minha Carne e beber do meu Sangue não morrerá para sempre” (Jo 6,54).

Para as expectativas desiludidas, a âncora da esperança nos firma na fé, que nos impulsiona a olhar para frente, vivendo o Mandamento do Amor que o Senhor nos deixou, avançando sem tristes e empobrecedores recuos.


(1) Missal Dominical - Editora Paulus - pág. 1143.
(2) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - pág. 471.
(3) idem - pág. 472.

A nossa dor não é indiferente para Deus

                                            

A nossa dor não é indiferente para Deus

Cristo vence a morte e é a Salvação, como vemos na passagem do Evangelho de Lucas (Lc 7,11-17): diante da triste realidade daquela viúva da cidade de Naun, que vira a morte de seu filho, contemplamos a intervenção do Senhor para ressuscitá-lo.

A Palavra de Jesus é a mesma ontem, hoje e sempre: “Jovem, Eu te ordeno, levanta-te! O que estava morto sentou-se e começou a falar. E Jesus o entregou à sua mãe”. (v. 14-15).

O comentário do Missal Dominical conclui com uma frase de indiscutível beleza e profundidade: “A humanidade tem diante de si, não o nada sem fim, mas a vida em plenitude sem fim. Cristo Ressuscitado é o futuro do homem”. (1)

E ainda acrescento esta citação: “As leituras de hoje proclamam um encontro entre o Senhor e a nossa pobreza. Ele aproxima-Se para restituir um espaço de vida àqueles a quem foi negado, veio abrir horizontes de esperança a todos os que a perderam.

São muitas as tramas de morte, as feridas abertas, as expectativas desiludidas, que encontramos nos caminhos da nossa vida pessoal, das nossas famílias e das nossas comunidades”.  (2)

A vida humana e suas fragilidades não ficam indiferentes para Deus, por isto, na passagem do Evangelho, Lucas assim fala do Senhor ao ver a viúva em sua extrema dor: “Ao vê-la, o Senhor sentiu compaixão para com ela e lhe disse: ‘Não chore! ” (v.13).

A Palavra de Jesus no Evangelho e, sobretudo, quando na Missa proclamada, gera em nossos corações uma esperança que não decepciona (Rm 5, 5):

“A uma Humanidade sofredora na sua solidão que, não obstante os seus narcóticos e as suas drogas, os seus prazeres e as suas evasões, fica aterrorizada perante uma doença mortal ou uma morte improvisa, a todos os que vivem o drama dos sofrimentos sem saída e sem redes de segurança, somos convidados a anunciar que em Jesus, Filho de Deus e Filho da nossa terra, nos é dada uma esperança inaudita.

Melhor, ela já germina nas nossas decisões e nos nossos gestos de partilha, na entrega serena de nossa vida ao Senhor, ponto de partida para a humanidade renovada” . (3)

Dramas da morte, feridas abertas e expectativas desiludidas por vezes marcam nosso existir, de fato, mas crendo em Jesus Ressuscitado, e na força vital de Sua Palavra, não podemos nos curvar diante destas realidades.

Para o drama da morte, a promessa da Ressurreição nos recoloca no caminho, preenchendo o vazio deixado, na feliz espera de um dia nos encontrarmos com todos aqueles que nos precederam nos céus.

Não há o nada sem fim para quem tem fé, quando a morte bate em nossa porta, cremos na vida plena, eterna e sem fim, este é o nosso destino, porque de Deus viemos, nos movemos e somos, e para Ele voltaremos, pois na casa do Pai há muitas moradas para aquele que com Ele caminhar, pela Verdade se deixar seduzir, Vida plena alcançar.

Para as feridas abertas, temos em cada Eucaristia, quando comungamos, o remédio de imortalidade e o antídoto para não morrer, pois assim disse o Senhor:
 “Quem comer da minha Carne e beber do meu Sangue não morrerá para sempre”.

Para as expectativas desiludidas, a âncora da esperança nos firma na fé, que nos impulsiona a olhar para frente, vivendo o Mandamento do Amor que o Senhor nos deixou, avançando sem tristes e empobrecedores recuos.


(1) Missal Dominical - pág. 1143.
(2) Leccionário Comentado - Editora Paulus - pág. 471.
(3) idem - pág. 472.


PS: Liturgia da Palavra do 10º Domingo do Tempo Comum 1ª Leitura: (1Rs 17,17-24 ); Sl 29; 2ª Leitura (Gl 1,11-19; Evangelho (Lc 7,11-17).  Proclamado na 24ª Terça-feira do Tempo Comum.

A força de que tanto precisamos…

                                                      

A força de que tanto precisamos…

Vida: mistério de alegria e dor, angústia e esperança. 
Morte: mistério que nos desafia e nos acompanha,.
Não só na maturidade, medo presença no coração da criança. 
Morte e Vida, Vida e Morte, duelo de força tamanha.

Nascimento de uma criança, obra do Deus da vida,
Crescimento da mesma: um Projeto que se realiza. 
Intimidade, amizade divina sempre amadurecida,
Que mais a criatura aberta ao Criador precisa?

Enfermidades, dificuldades, obstáculos, fracassos, corrupções,
Ausências, carências, demências que às vezes nos rodeiam,
Objetivos não alcançados, horizontes estreitados, decepções, 
Êxitos alcançados, certezas na vida que nos norteiam.

Para que a vida não seja apenas um mero existir, 
E tão pouco, para sempre, um fardo  a carregar.
Uma causa boa para morrer é preciso descobrir, 
Por esta mesma causa, na vida, com alegria se entregar.

Força, luz, princípio, impulso a humanidade contemplou:
A Vida Nova irradiada na Madrugada da Ressurreição. 
O Verbo que Se Encarnara, na Cruz morrera: Ressuscitou
E o Amor vivido até o fim tornou-se força e motivação.

A Ressurreição, força dos pobres em espírito, 
Que somente em Deus se entregam e confiam;
Sonham, lutam de coração simples e contrito. 
Ressurreição que os horizontes ampliam.

Assim como a Ressurreição é a força dos pobres, em Deus tementes, 
A vida dos pobres é nas mãos de Deus Sua força evangelizadora. 
Com pescadores, pecadores humildes, lançou as primeiras sementes, 
Do anúncio da Boa Nova, a comunidade se fez portadora.

Há uma força que no Evangelho, rezamos e contemplamos (Lc 8,1-3) 
Maria Madalena, Joana, Suzana, por Jesus chamadas,
Muitas outras mulheres, excluídas da religião do templo, 
Mas por Jesus acolhidas, amadas, valorizadas e reintegradas...

Boa Nova da Ressurreição, força que nos sustenta. 
Que é a âncora para quem da vida não foge e se compromete;
Força que misteriosamente nos revigora e alimenta,
Vitória certa porque Deus cumpre o que ao crente promete.

A fé na Ressurreição não é saudosismo inútil do paraíso. 
Fé na Ressurreição é o alargamento de horizontes.
Sim, alargar horizontes e com o Reino revigorar compromissos,
Por amor à humanidade edificar novas pontes.

No silêncio da inesquecível madrugada se anunciou, 
Que foram vencidas as horríveis trevas do pecado,
E da mansão dos mortos, por amor nos resgatou, 
Para que de todas correntes fôssemos libertados.

Contemplemos o duelo na Cruz em favor da vida, 
Naquela Arvore da vida o paraíso foi reaberto,
O inferno derrotado, diabo ferido, morte vencida,
Prisões dos infernos arrebentadas, estejamos certos.

Contemplemos o lado do Crucificado e Ressuscitado, 
Do qual Sangue e Água abundantes jorraram, 
Para que o mundo, do pecado, fosse lavado e recriado. 
E mais: Nascimento e Alimento de Seu coração brotaram!

Na madrugada da Ressurreição somente o silêncio viu a vida vencer a morte. 
À toda humanidade se conferiu nova aurora de alegria e esperança; 
A maldade, pecado, condenação e Cruz foram caladas, o amor falou mais forte, 
Naquela aurora se anunciou em quem devemos colocar nossa confiança.

Não houvesse Cristo Ressuscitado, nossa fé seria nula e vazia. 
Amor, verdade, justiça e paz discursos nada convincentes,
Evangelho palavra morta, vida sem luz, música sem melodia,
Suas testemunhas inexistentes, no vale de morte padecentes.

Ressurreição: de Deus é a Palavra última que se ouviu. 
Jesus que ao fundo da miséria humana desceu porque morreu, 
Porta para a eternidade à humanidade reabriu. 
À direita do Pai, com e no Espírito, a Vida a Morte Venceu!

No eterno encontro amoroso da Trindade Santa, 
Há algo que ressoa em nosso íntimo mais profundo,
Com os anjos e arcanjos toda humanidade canta, 
O Amor que nos amou até o fim é a Salvação do mundo.


PS: Texto inspirador da música “A força de que tanto precisamos” do CD Suave Brisa Divina.

Em poucas palavras...

                                                            

“Não nos deixeis cair em tentação...”

“A vitória de Jesus sobre o tentador, no deserto, antecipa a vitória da Paixão, suprema obediência do Seu amor filial ao Pai (...)

(...) Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao Mistério de Jesus no deserto”. (1)

 

(1)Cf. Catecismo da Igreja Católica – nn. 539-540

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