domingo, 15 de setembro de 2024

"Salve, Rainha”

                                                              


"Salve, Rainha”

“Salve, Rainha”, uma oração milenar de súplica a Nossa Senhora. Com expressões pouco comuns ao nosso vocabulário, retrata situações de dor, solidão, dificuldades enfrentadas em todos os âmbitos.

É também uma homenagem a Maria, que veneramos como Rainha do Céu, da humanidade e da paz, ressaltando algumas de suas virtudes, conforme relatos dos Evangelhos: doçura, misericórdia, clemência e piedade.

“Salve, rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa! Salve!”
“Salve”! Saudamos a ti, ó Mãe e Rainha do céu e de todo o mundo, de toda a humanidade, em todos os tempos e lugares.

Estás acima de todas as mulheres, mas não distante de nós, porque nos amas como Mãe, e tens amor especial pela vida de todos nós, porque foste e serás sempre sinal de “doçura” e “esperança”, como vimos, sobretudo, ao visitar tua prima Isabel.

Tu és a Mãe que podemos procurar em todos os momentos de nossa vida, sempre pronta a nos socorrer com amor e misericórdia, como fizeste no primeiro sinal de Jesus em Caná da Galileia.

“A vós bradamos, os degredados filhos de Eva.”
A ti bradamos, pedimos socorro, suplicamos em todos os momentos, porque sabemos que estás junto do teu amado Filho e sempre pronta a caminhar com os “degredados” da história, os que são privados da liberdade, afastados de sua gente, de seu país, migrantes, desterrados, por inúmeros fatos, em realidades de flagelo, fome, miséria, dor, enfermidades e morte.

Tu, que disseste “sim” a Deus para ser a Mãe do Salvador, teu Filho, Jesus Cristo, que nos recuperou a filiação que havíamos perdido no Paraíso, pela desobediência de Eva, mãe de todos os viventes, e Adão, o primeiro da criação, o primeiro casal humano criado por Deus.

“A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas.”
A ti continuamos suplicando, já não mais com palavras, mas com suspiros, gemidos e choros e lágrimas, porque muitas são as dificuldades, dores, tentações a serem enfrentadas e vencidas cotidianamente, na fidelidade ao teu Filho, para que tenhamos vida plena e feliz.

“Eia, pois, advogada nossa...”
Contigo, sempre avante, pois ao te contemplarmos, sentimos renovar em nós o ânimo, o estímulo, a coragem. Sabemos que podemos contigo contar, porque estás sempre pronta a nos ajudar; és nossa advogada, e, com solicitude, nos defenderás, nos recomendando a Deus. Suplicamos em oração tua materna proteção, com o Paráclito que vem em nosso divino auxílio, o Santo Espírito, que em ti agiu e fez maravilhas, te concebendo e fazendo de ti a mãe do Salvador.

“Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei!”
Maria, pedimos que voltes para nós teus olhos cheios de piedade, graça e perdão; contamos com teu valioso e indispensável auxílio, pois, como Mãe, tu amparas, guardas e proteges teus filhos.

“E depois deste desterro...”
Tu que soubeste o gosto do “desterro”, da fuga necessária para salvar teu Filho no Egito, experimentaste, longe de tua pátria, a solidão, o isolamento e, melhor que ninguém, tens sabedoria para nos ensinar a confiar e a construir um novo céu e uma nova terra, como peregrinos que somos enquanto aqui vivemos.

“Mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre...”
Suplicamos a ti, ó M  ãe, ajuda-nos a fim de que nos mantenhamos firmes e corajosos, seguindo sempre os ensinamentos de teu Filho, Jesus, para que tenhamos d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos (Fl 2, 5), totalmente a Ele configurados, de modo que possamos dizer: Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim.”  (Gl 2, 20).

“Ó clemente, ó piedosa, ó doce, sempre Virgem Maria!”
Tu és a pura expressão da doçura e da bondade; estás assentada no cume das virtudes; és abismos de graças, oceano de carismas, como nos falou Santo Amadeu.

“Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.” 

A ti, que és Mãe e Rainha, fazemos um último pedido: recomenda-nos  ao teu Filho, Jesus, Rei e Senhor do Universo, para que mereçamos receber um lugar no Seu Reino. Amém.

Quem é Jesus para nós? (XXIVDTCB)

                                                            

Quem é Jesus para nós?

Com a Liturgia do 24º Domingo do Tempo Comum (ano B) refletimos sobre a pergunta de Jesus – “Quem é Jesus para nós?” e as exigências para o Seu seguimento.

Somente na acolhida de Jesus e do Projeto Divino, que Ele vem realizar na mais perfeita obediência, no dom total da vida aos irmãos, é que estaremos, de fato, no caminho da vida plena, aparentemente um caminho de fracasso, porque inevitavelmente passa pela cruz.

A passagem da primeira Leitura (Is 50,5-9a) nos apresenta a figura do Servo de Javé (terceiro cântico do Servo de Javé), e retrata o final do exílio.

O Profeta tem a difícil missão de consolar os exilados anunciando um novo êxodo e a reconstrução de Jerusalém. Sofre, confia, é amado por Deus e não perde a serenidade, porque possui n’Ele total confiança.

Convida o povo a superar a tentação das facilidades, do comodismo, do medo de arriscar rumo ao novo. É preciso confiar somente em Deus, a nossa rocha segura; viver livre do medo, seguros e protegidos pela mão divina.

Quem é este Servo de Javé? Por vezes é identificado com um Profeta desconhecido, com o povo exilado, como uma recordação histórica (dos Patriarcas, Moisés, Davi, Profetas), e a releitura do Antigo Testamento vê nesta figura o próprio Jesus.

Reflitamos:
-    O que fazemos para gerar uma vida nova para todos?
-    Como vivemos a graça da vocação profética?

-    Como vivemos a radicalidade de nossa entrega nas mãos de Deus?
-    Temos plena confiança na presença e ação de Deus?

Na passagem da segunda Leitura, com a Carta de São Tiago (Tg 2, 14-18), continuamos a reflexão sobre a fé operativa que leva ao compromisso social e comunitário: a fé deve ser expressa em ações concretas; a fé sem obras não serve para nada.

No seguimento de Jesus, a vida de fé se expressa em gestos concretos em favor do próximo: amor, solidariedade, fraternidade, serviço, partilha, perdão...

Belos discursos não bastam, é preciso uma bela prática. Que a religião autêntica transpareça nos gestos concretos de amor e solidariedade, para que não façamos da religião uma mentira, um engano, uma evasão, um alienar-se de sagrados compromissos.

A Carta nos leva a afirmar que somente a acolhida aos pobres e a luta pela verdade, justiça, e fraternidade dão conteúdo de veracidade à nossa fé, à nossa prática religiosa.

Também nos possibilita uma reflexão sobre a relação que estabelecemos entre a liturgia e a vida, a fé e a vida, evitando qualquer sombra de separação entre ambas.

Na passagem do Evangelho (Mc 8,27-35), contemplamos Jesus, o Filho do Homem, o Filho de Deus que oferece Sua vida como dom, por Amor a humanidade.

Reflitamos:
- “Quem é Jesus para nós?”
-  Quais as exigências para segui-Lo?

Pedro responde corretamente: “Tu és o Messias, o Filho de Deus”. Um Messias diferente do que se esperava, um Messias que passa pela Cruz, pela entrega da Sua vida.

Quem quiser segui-Lo terá que renunciar a si mesmo e tomar a sua cruz cotidianamente.

Renunciar a si mesmo será dizer não ao egoísmo, ao comodismo, ao orgulho e à autossuficiência, fazendo da própria vida doação total, amor radical, entrega até a morte, como o próprio Jesus o fez.

Jesus não pode ser para nós o que representa para alguns:

- homem bom, generoso e atento aos sofrimentos dos outros;
- admirável mestre da moral;
- condutor de massas que passou de moda;
- um revolucionário;
- ou ingênuo e inconsequente.

Ele tem que ser e é o nosso Redentor, a razão de todo nosso existir. Precisamos ter sua Pessoa, Palavra e ensinamentos como as referências fundamentais sobre as quais construímos a nossa existência.

Colocando-nos nas mãos de Deus, viver a nossa história como Pedro o fez, vivendo a vida complexa de sombras e luz. Deus sabe trabalhar com nossas fraquezas e limitações.

É preciso colocar-se a caminho, multiplicando gestos que expressem nossa fé em Deus e nossa fidelidade ao Seu Projeto de Vida Plena para toda a humanidade.

De fato, o Reino de Deus cresce apesar de nossas limitações e Deus nos chama e nos convida a participar desta construção. 

Reflitamos:
-  Qual é a nossa resposta?
-  Como tem sido nossa participação?

-  De que modo estamos seguindo o Senhor?
-  Como estamos carregando a nossa cruz de cada dia?
- Quais são as renúncias necessárias?
   
É sempre tempo de renovar nossa fidelidade ao Senhor, pois somente n’Ele, e com Ele, a alegria, a vida, a realização, a paz, porque  Ele é a nossa mais bela e inesgotável Divina Fonte de Amor.

Estamos contigo!

 


Estamos contigo! 

"Já não vos chamo servos,
porque o servo não sabe o que seu senhor faz;
mas vos chamo amigos, 
porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer." (1)

Faz tempo que não te vejo sorrir,
Há tempo não ouço tua voz.
Parece que mergulhou no aparente silêncio para sempre.
Quando voltará o sorriso e poderei te ouvir?
 
Mas tenha certeza, saberei esperar,
Porque amigos compreendem o tempo do outro,
Ainda que minha alma fique inquieta
Na espera de um sinal, tudo há de passar.
 
Por ora, fico em vigilância necessária,
Mãos para os céus suplicantes,
Na esperança de que, como o incenso,
Subam e alcancem a escuta divina.
 
Ainda que tuas dores sejam cortantes,
Não tão potentes que possam se eternizar.
Ainda que alma em dor dilacerante,
Deus, em Sua infinita bondade, a dor há de amenizar.
 
Haverá novo luminoso amanhecer,
Estou contigo, ainda que não me veja,
No recolhimento da minha oração,
O brilho em teu olhar voltará a resplandecer.
 
Estou contigo amigo, conte comigo,
Em momentos tranquilos, ou em turbulentos.
E Ele também conosco está, em todo o tempo.
Ele que nos chama não de servos, mas de amigos. Amém.
 

 

(1)             João 15,15

Sois o Amor, Senhor! (XXIVDTCB)

                                                              

Sois o Amor, Senhor!

Senhor, não sois para mim um simples personagem histórico, tão pouco um mero objeto da razão humana, fruto dos estudos e conhecimento teórico, como alguém que existiu e passou como tantos passam, ficando apenas na memória frutuosa lembrança.

Senhor, sois para mim uma Pessoa viva, uma Pessoa que somente pode ser verdadeiramente conhecida através do encontro e do relacionamento, que se renova a cada instante, de modo especial no Banquete da Eucaristia, e quando O acolhemos nos pequeninos, Vossos rostos de tantos nomes.

Senhor, sois para mim glorioso, Ressuscitado, e para sempre presente e atuante na história minha pessoal e comunitária, caminhando, como fizestes com os discípulos de Emaús, fazendo o coração arder quando comunicais Vossa Palavra, abrindo os olhos quando Vos dais no Pão partilhado sobre o Altar.

Senhor, sois para mim o Cristo, e não O chamo de Jesus Cristo, apenas com nome e sobrenome, mas assim creio que sois verdadeiramente o Messias, o Ungido de Deus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Deus Encarnado, o Redentor de toda a humanidade.

Senhor, sois para mim o Caminho, a Verdade e a Vida, e sei que me chamastes e me escolhestes e me enviastes para, com a Seiva do Amor, com a Seiva do Vosso Espírito, muitos frutos, e frutos eternos, produzir, não apenas como mero ouvinte de Vossa Palavra, mas empenhado praticante da mesma, sem o que  me distanciaria de Vós e não me reconheceríeis no dia do juízo final. Amém.



PS: Breve profissão de fé à luz das passagens dos Evangelhos: Lc 9, 18-22; Mc  8,27-35

Quem é Jesus para mim? (XXIDTCA) (XXIVDTCB)

                                                    

Quem é Jesus para mim?

Assim lemos no Comentário do Missal Dominical sobre a Liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum (ano A), quando ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 16,13-20).

Que importância tem para o homem de hoje o fato que há 2000 anos, às margens do lago de Tiberíades, Pedro tenha dito a Jesus: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo?’

Interessa ainda ao homem de hoje saber quem é Jesus? Sua pergunta ‘E vós, quem dizeis que Eu sou?’ ainda é ouvida como uma interpelação pessoal, um problema crucial ou ao menos importante?

Apesar de um secularismo cada vez mais difundido e de um abandono da prática e das tradições cristãs cada vez mais generalizado, é interessante notar como a pergunta ressoada em Cesareia de Filipe continua a criar questões inquietadoras.

Para os jovens, Jesus representa hoje a novidade, o frescor, a contestação de uma sociedade e de um sistema envelhecido, árido, privado de fantasia e criatividade; para as massas oprimidas, Jesus aparece como o libertador, o símbolo de uma esperança que não está somente num futuro mítico e misterioso; para os agentes de obras sociais, Jesus é como que um revolucionário que luta contra a injustiça, a opressão e a exploração do homem pelo homem.

Até a iconografia apresenta Jesus hoje em vestes extravagantes e coloridas de um jovem ‘hippie’, ou nas de um barbudo guerrilheiro procurado pela polícia e nas atitudes de um agitador social.

De verdadeiro e positivo, nessas representações permanece o fato de que o nosso mundo não pode prescindir de Jesus. Nossa história está tão marcada por Ele que não se pode ignorá-Lo”. (1)

A pergunta também é dirigida para os cristãos que participam das Missas Dominicais, engajados em diversas pastorais: “Quem é Jesus para mim?”. 

O Missal também afirma:

“Para responder, não será preciso procurar na memória alguma fórmula de catecismo aprendida na infância. Só pode responder a esta pergunta quem se encontrou com Ele, quem fez uma experiência pessoal d’Ele.

Muitas vezes, o encontro pessoal com Jesus, e, portanto, a resposta à Sua pergunta, se dá através do testemunho dos cristãos que despertam o interesse e a curiosidade nos não cristãos.

A fórmula de profissão de fé, que os cristãos recitam juntos na Missa, corre o risco de ser apenas uma expressão verbal.

A fé da Igreja em Jesus deve manifestar-se na vida. Todo cristão tem a possibilidade de ‘confirmar’ na fé os seus irmãos e ajudar os que ainda não têm fé a encontrar uma resposta”. (2)

Importa fixarmos nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias: em Deus e na glória da eternidade.

Jesus é para nós o Messias, o Filho do Deus vivo, por isto nossa esperança não será decepcionada, porque movidos pela fé n’Ele e com a força do Seu Espírito, estamos sempre numa relação intensa e profunda com Deus Pai.

Peregrinos longe do Senhor, caminhemos esperançosos da glória eterna. Por ora, é preciso que Deus una nossos corações num só desejo, como tão bem expressa a Oração do Dia deste domingo, para que, como Povo de Deus, amemos o que Deus nos ordena e esperemos o que Ele nos promete, caminhando e enfrentando as instabilidades do tempo presente, do mundo em que nos inserimos, como sal, fermento e luz.

Cremos n'Ele, o Messias, o Filho do Deus Vivo, e nada nos falta;  vida plena e abundante já temos no tempo presente e no futuro a eternidade.

Oremos:

“Ó Deus, que unis os corações dos vossos fiéis num só desejo, dai ao Vosso povo amar o que ordenais e esperar o que prometeis, para que, na instabilidade deste mundo, fixemos os nossos corações onde se encontram as verdadeiras alegrias. Por N.S.J.C. Amém.” (3) 



(1) (2) Missal Dominical – Paulus - p.782 
(3) Oração do dia da Missa
Passagens paralelas: Mt 16,13-20; Mc 8,27-30


O Senhor nos envia em missão (XXIDTCA) (XXIVDTCB)

                                                                

O Senhor nos envia em missão

Com a Liturgia do 21º Domingo do Tempo Comum (Ano A), refletimos sobre dois temas fundamentais da vida cristã: Cristo e a Igreja, a partir da pergunta de Jesus: “Quem sou Eu para vós?”.

A passagem da primeira Leitura do Profeta Isaías (Is 22,19-23), apresenta-nos um  episódio doméstico da vida do palácio, retratado pelo Profeta Isaías.

O Profeta, homem culto, decidido, enérgico, embora participando das decisões relativas à condução do reino, fala com autoridade aos altos funcionários do palácio e reis; mas sem apoiar as classes altas, de modo que os seus maiores ataques são dirigidos aos grupos dominantes, autoridades, juízes, latifundiários, políticos, mulheres da classe alta que vivem num luxo escandaloso.

O episódio refere-se a Sobna, que será substituído de suas funções de administrador do palácio e substituído por Elyaquim, exatamente porque o primeiro talhou para si um sepulcro, no alto, e cavou para si, na rocha, um mausoléu (Is 22,16). Gastou dinheiro do povo em futilidades num momento difícil.

Elyaquim recebe as chaves do palácio. Importante ressaltar o simbolismo das chaves, porque como mordomo do palácio, entre outras atividades, administrava os bens do soberano, fixava a abertura e o fechamento das portas e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano.

Podemos fazer aqui um paralelo com as chaves confiadas a Pedro por Jesus, na passagem do Evangelho, como veremos.

Pedro tem a autoridade, e com isto deve ser um pai para aqueles sobre quem se tem responsabilidade e promover o bem de todos, com solicitude, amor e justiça.

Oportuno para refletirmos sobre o exercício do poder que se traduz num serviço à comunidade, com solicitude, bondade, compreensão, tolerância e misericórdia. Jamais se pode colocar os interesses próprios acima dos interesses do bem comum.

O serviço da autoridade não é uma questão de poder, mas de amor: impensável o exercício de cargos de responsabilidade, e na vida da comunidade, ministérios e serviços se não for decididamente guiado pelo amor.

Esta é a lógica que deve nortear o poder civil, assim como nos âmbitos da comunidade que professa a fé no Senhor Jesus.

Na passagem da segunda Leitura (Rm 11,33-36), o Apóstolo Paulo eleva a Deus um hino de louvor, exaltação do desígnio salvador de Deus, que possui toda riqueza, sabedoria e ciência (v.33).

Como o Apóstolo, fiquemos abismados diante deste Deus e nos entreguemos com toda confiança em Suas mãos, acolhendo humildemente Sua Palavra e seguindo, com simplicidade e amor, o caminho que Ele nos propõe.

Mergulhar na infinita grandeza de Deus, abismados na contemplação de Seu Mistério, precedido pela reflexão e reconhecimento de Sua riqueza, sabedoria e ciência, nos possibilitará ver Deus, não como um concorrente, mas como um Pai cheio de amor; e, assim, afastar de nós toda autossuficiência e orgulho, e corresponder com gratidão aos tantos dons com os quais nos enriquece.

Na passagem do Evangelho (Mt 16,13-20), podemos falar em duas partes: a primeira mais cristológica: Jesus é o Filho de Deus; e a segunda mais eclesiológica: sobre a missão confiada por Jesus a Pedro, a missão da Igreja.

Jesus interrogando sobre a Sua identidade não quer medir a Sua quota de popularidade; ao contrário, é para tornar as coisas mais claras para os discípulos, para uma consciente adesão; e, assim, confirmá-los na missão, confiando a Pedro em primeiro plano, esta missão de conduzi-los, por isto lhe são entregues as chaves do Reino para ligar e desligar.

Este é o real simbolismo da entrega das chaves, mencionado na reflexão da primeira Leitura: Jesus nomeia Pedro para administrador e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar Suas palavras, bem como de adaptar os ensinamentos às novas necessidades e situações, e de acolher ou não novos membros na comunidade.

Também nós somos interpelados por Jesus: “Quem sou Eu para vós?”.

A resposta deve contemplar a realidade: alguém que é mais do que um homem, um ídolo, um revolucionário, uma pessoa de sabedoria incomum...

A nossa resposta tem que ser a de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo”.

Ele é o esperado, que traz vida para o tempo presente e todo tempo; e mais que isto, para a eternidade.

Somos convidados, na renovação de nossa fé, a fortalecer nossa pertença à Igreja, revigorando a dimensão profética e missionária de nossa fé, sem desânimos, fraquezas e esmorecimentos.

Como discípulos missionários do Senhor, abismados pelo Amor de Deus, a quem glorificamos e tributamos toda honra, glória, poder e louvor, porque possui toda ciência, riqueza, poder, sabedoria, continuar o caminho que iniciamos no dia de nosso Batismo.

Bem falou o então Papa Bento XVI sobre este convite de renovação do encontro pessoal com Jesus Cristo, quando tomamos a decisão de nos deixar encontrar por Ele, de procurá-Lo dia a dia sem cessar:

−“Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”  (cf. n. 7 da EG).

Mais que uma resposta, renovação e adesão e fortalecimento para a missão de discípulos missionários, para que construamos uma Paróquia com um rosto novo em contínua conversão, para que seja comunidade de comunidades, em que se sacia do Pão da Palavra, da Eucaristia e da Caridade.

“No nosso mundo, onde tudo aparece sempre provisório e discutível, uma caminhada de fé, sólida precisa de uma referência clara. Por isso, o serviço de Pedro e dos seus sucessores é preciso e deve ser acolhido como uma dádiva.” (1)


Oremos:

Pai Santo, fonte de sabedoria,
no testemunho humilde do Apóstolo Pedro
Colocastes o fundamento da nossa fé.
Concedei a todos os homens e mulheres, a luz do Vosso Espírito,
Para que, reconhecendo em Jesus de Nazaré,
O Filho do Deus vivo, se tornem pedras vivas
Para a edificação da Vossa Igreja. Por N.S.J.C.Amém.


PS: Fonte de pesquisa - www.Dehonianos.org/portal
(1) Lecionário Comentado – p. 183

PS: Apropriado para a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 8,27-35)

Eu Vos suplico, ó meu Senhor! (XXIDTCA) (XXIVDTCB)

                                        


Eu Vos suplico, ó meu Senhor!
 
Senhor Jesus Cristo, meu Deus e meu Senhor,
Vós que sois o Messias, o Filho do Deus vivo,
Como tão bem expressou Vosso Apóstolo Pedro,
Que mais tarde faria tríplice negação de Vos conhecer,
No Mistério da Vossa Paixão, e Morte.
Mas curado na tríplice afirmação de amor, após Vossa Ressureição.
Renovo a amizade convosco e o amor incondicional no seguir-Vos.
 
Ajudai-me a aprender e aprofundar a relação de amor convosco
em plena fidelidade ao Projeto de Deus, pelo qual Vos entregastes,
Com a presença e ação do Santo Espírito, em todo o tempo.
Tão somente assim, Senhor, não terei de Vós
Conhecimento apenas intelectual, mas fecundamente afetivo,
Semeando a Palavra, para flores Pascais de um mundo novo florir.
 
Concedei-me Vossa graça, para que a minha existência
Não fique somente baseada numa série de preceitos religiosos,
Que tão apenas procuro respeitar sem autênticos amor e ardor sinceros,
Mas que de Vós mesmos sentimentos tendo,
Em esvaziamentos e desapegos mais que necessários,
Leveza de alma, fortaleza de espírito, cruz com fidelidade carregar.
 
Derramai em mim e a quantos suplico o Vosso amor,
Por meio do Vosso Espírito, como nos falou Vosso Apóstolo Paulo (Rm 5,5).
Reconhecendo os pecados no passado cometido, penitenciados e perdoados.
Rever, redimensionar e ressignificar a própria existência,
edificar uma vida e história marcadas pela generosidade e solidariedade,
Sobretudo para com os que mais precisarem, como fizestes.
 
Renovai-me como discípulo Vosso o Amor Trinitário,
Em mergulho no mar da misericórdia infinita divina,
Aprofundando o conhecimento íntimo e afetuoso de Vossa presença,
E que jamais me contente em afirmar que sois Jesus Cristo, o Filho de Deus,
Mas que eu saiba viver sagradas consequências éticas,
Vivendo Vossa Palavra, seguindo Vossos passos, rumo à eternidade. Amém.
 
 
Fonte: Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 – volume II do Tempo Comum – 2011 – pp. 65-70
Passagens Bíblicas: Jr 3131-34; Sl 50; Mt 16,13-23; Mc 8,27-35

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