segunda-feira, 29 de julho de 2024

Problemas...

                                                               

Problemas...

Sem problema! Assim penso,
Nem problema vejo.
Tem problema? Não creio!
Cem problemas maiores existem? Sem dúvida!
Vem problema maior? Preparemo-nos!”
Quem não tem problemas, não será o problema em si?

Bom, problemas
Todos, de fato, temos,
Eles existem para serem enfrentados,
Se nós existirem, são para serem desatados.

Não comungo com quem diz:
“Cada um com seus problemas”,
Penso que podemos nos solidarizar
E, assim, problemas são amenizados,
Caminhos novos são encontrados...

Problemas tanto podem ser o ponto final,
Como o começo de um novo fim;
Podem ser apenas reticências...
Situações a serem devidamente reescritas
Ou apenas um parêntese
De uma história que se revela aos poucos.

Problemas?
Diante deles se curvar?
Dar-se por vencido?
Refugiar-se medonhamente,
Atestando incompetência e covardia?
Não penso que seja assim.

A fé me ensina outro modo de enxergar as adversidades:
“Não vos inquieteis com nadaEm todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a Oração, as súplicas e a ação de graças” (Fl 4, 6).

Aprendo com as Palavras do próprio Senhor:
“Coragem! Sou Eu. Não tenhas medo!” (Mt 14, 27)

Problemas existem, sim,
Mas devem ser vistos na exata medida,
E superados com a imensurável medida
Da força que nos vem sempre de Deus
Quando a Ele acorremos e suplicamos:

“Vinde Espírito Santo...”

Caridade e humildade no seguimento do Senhor

 

Caridade e humildade no seguimento do Senhor

“Por este caminho se corre com dois pés,

o da humildade e o da caridade”

Sejamos enriquecidos pelo Sermão do Bispo São Cesário de Arles (Séc. VI), que nos apresenta duas exigências no seguimento de Jesus Cristo.

“Parece duro, irmãos caríssimos, e considera-se um peso quase insuportável o que mandou o Senhor no Evangelho, ao dizer: ‘Se alguém quiser seguir-me, renuncie a si mesmo’. Mas não é duro o que mandou Aquele que ajuda a cumprir o que mandou.

Renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga a Cristo. Para onde se deve seguir a Cristo senão para onde Ele foi? Sabemos que ressuscitou e subiu ao Céu: para aí deve ser seguido.

De modo algum se deve perder a esperança, porque foi Ele que o prometeu e não porque o homem O possa conseguir por si mesmo. O Céu estava longe de nós antes de Ele ter subido ao Céu. Porque não temos a esperança de lá chegar, se somos membros da Sua Cabeça? Portanto, porque sofremos muitas aflições e dores na terra, sigamos a Cristo, onde está a suma felicidade, a suma paz, a suma segurança. 

Mas quem quiser seguir a Cristo, deve escutar o que diz o Apóstolo: Quem diz que permanece em Cristo, deve caminhar como Ele caminhou.

Queres seguir a Cristo? Sê humilde, como Ele foi humilde. Não desprezes a humildade, se queres subir à altura sublime para onde Ele subiu.

O caminho tornou-se escabroso quando o homem pecou; mas tornou-se plano quando Cristo o calcou pela Ressurreição, transformando a vereda estreita em senda real. Por este caminho se corre com dois pés, o da humildade e o da caridade.

A sua altura excelsa agrada a todos; mas a humildade é o primeiro degrau. Por que adiantas o pé para além de ti? Queres cair, não subir. Começa pelo primeiro degrau, isto é, pela humildade, e subirás. 

O nosso Senhor e Salvador não disse apenas: ‘Renuncie a si mesmo’, mas acrescentou: ‘Tome a sua cruz e siga-Me’. Que quer dizer: ‘Tome a sua cruz’? Suporte o que é molesto: siga-Me assim.

Quando começar a seguir no meu modo de proceder e nos meus Mandamentos, terá muitos que se lhe opõem, muitos que o querem impedir; terá não só muitos zombadores, mas também muitos perseguidores. E isso o farão não só os pagãos, que estão fora da Igreja, mas também os que parecem estar dentro do Corpo, embora estejam fora pelas suas ações perversas, e perseguem continuamente os bons cristãos porque se gloriam apenas do nome cristão. Estes estão entre os membros da Igreja como os maus tumores no corpo. Portanto, se queres seguir a Cristo, não hesites em levar a sua cruz: suporta os maus, não sucumbas.

Portanto, se queremos cumprir o que disse o Senhor: ‘Se alguém quiser seguir-Me, tome a sua cruz e siga-Me’, com a ajuda de Deus devemos esforçar-nos por cumprir o que diz o Apóstolo: Se temos que comer e que vestir, já estaremos contentes; não aconteça que, se procuramos mais do que convém à natureza terrena e queremos ser ricos, caiamos na tentação e na cilada do diabo e nos muitos desejos inúteis e nocivos, que submergem os homens na morte e na perdição. O Senhor, com a Sua proteção, Se digne livrar-nos desta tentação”.

Como discípulos missionários do Senhor, precisamos fazer nossas renúncias cotidianas, para que com liberdade O sigamos, carregando nossa cruz com plena confiança em Sua presença e força em todo o caminho.

No entanto, é preciso que, a cada dia, a humildade e a caridade sejam elementos constitutivos de nossa identidade e espiritualidade cristã, a fim de que a luz de Deus brilhe mais forte através de nossas boas obras.

O Senhor nos confia o Seu Reino

                                                   

O Senhor nos confia o Seu Reino

Na segunda-feira da 17ª semana do Tempo Comum, a Liturgia da Palavra nos convida a renovar a alegria de trabalhar pelo Reino de Deus, à luz das parábolas do grão de mostarda e do fermento, contidas na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 13, 31-35).

A Parábola é uma forma de linguagem que Jesus Se utiliza, acessível, viva, questionadora, concreta, desafiadora, evocadora e pedagógica, para semear a Palavra no coração e na mente dos Seus ouvintes. Fala coisas tão belas e profundas a partir de coisas simples do quotidiano.

As Parábolas criam controvérsias, diálogo, questionamentos, num primeiro momento, depois se tornam provocadoras para novas atitudes e compromissos, mexendo com seus ouvintes.

Finalmente, levam o ouvinte a tirar as consequências para a vida, pois ajuda a pensar e rever as atitudes, a própria vida, o compromisso com Jesus e o Reino.

Quanto à parábola do grão de mostarda, vemos que o Reino de Deus é pequeno e aparentemente insignificante, mas crescerá até se tornar muito grande, assim como acontece com o grão de mostarda.

Nos fatos aparentemente irrelevantes e insignificantes, na simplicidade e no transcorrer normal de cada dia, na insignificância e limites dos meios de que dispomos na evangelização, esconde-se o dinamismo divino que atua na história oferecendo e possibilitando à humanidade caminhos novos de vida plena e salvação:

“Jesus não é um homem de sucesso, de ibope. Ele lança uma sementinha, nada mais. E de repente, a sementinha brota. O que parecia nada, torna-se fecundo, árvore frondosa”, como nos fala o Pe. Joan Konings (SJ).

O Reino de Deus é uma iniciativa divina, e para que ele aconteça, a comunidade precisa manter a serenidade, a confiança e a paciência. Importa lançar a Semente da Palavra do Reino no coração da humanidade.

Tenhamos a paciência evangélica para continuarmos com alegria, como Igreja, lançando sementes no coração da humanidade, para que possam florir na alegre presença do Reino que já está em nosso meio com a Pessoa e a Palavra de Jesus, que vemos e acolhemos em cada Eucaristia, quando a Palavra é proclamada, acolhida e vivida, e o Pão é comungado e o quotidiano Eucaristizado!

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 13,18-21)

A pequenez da semente e a força transformadora do fermento

                                                    

A pequenez da semente e a força transformadora do fermento

Com a Liturgia da Palavra da segunda-feira da 17ª semana do Tempo Comum, refletiemos duas Parábolas, em que Jesus nos fala do Reino de Deus (Mt 13,31-35): o grão de mostarda e o fermento na massa.

As Parábolas nos ajudam no crescimento espiritual, pois nos questionam, exortam, animam, ensinam, fortalecem a fé e nos levam ao mergulho tão necessário dentro de nós mesmos.

São elas, como injeção de ânimo, de esperança e renovação de compromissos com o Reino de Deus.

Ainda que tão pequenos como o grão de mostarda, aparentemente tão insignificantes, nossas ações aos olhos de Deus não o serão, pois o mesmo que acontece com o grão de mostarda acontece com o bem que fazemos.

O Reino de Deus não acontece pela grandiosidade, celebridade etc; o Reino acontece pela ação dos simples dos pequenos, dos pobres, de nossos pequenos esforços e entregas, doação total. Ainda que não mude o mundo na totalidade visibiliza a graça do Reino.

Bem disse São Paulo: Deus escolhe os fracos para confundir os fortes. A Cruz, verdadeiramente é loucura para os gregos e escândalo para os judeus.

Um discípulo missionário não fica medindo o tamanho da ação, tão pouco a recompensa recebida, mas antes, por amor, não economiza no multiplicar nos pequenos grandes gestos de amor. Isto é o que nos ensina a Parábola do grão de mostarda.

Mas tudo isto nos pede um fermento para levedar a massa, para fazer crescer o Reino o fermento indispensável: o amor, certos de que Deus  reina por Seu Amor, e o amor jamais força alguém, mas cativa para a livre adesão.

Trabalhar na construção do Reino de Deus é multiplicar palavras e ações feitas com amor, e por menos que sejam, tornarão grandes aos olhos de Deus.

Esta participação se dá quando cremos na força transformadora do melhor fermento, que somente Deus pode nos oferecer: o fermento do Seu Divino Amor.

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 13,18-21)

A vida é uma travessia para a eternidade

 




A vida é uma travessia para a eternidade

Quando reconhecemos Deus para viver plenamente no mundo da realidade, sabemos de onde viemos, nos movemos e somos.

É preciso saber viver, conscientes de que a vida é caminho; mas precisamos saber de onde viemos e para onde nos dirigimos, pois quem não sabe aonde quer chegar, tanto faz o caminho.

Salutar aprender e reconhecer que não somos obra do acaso, mas fruto de um imenso amor, e que todo nascimento humano é fruto de amor, porém cada nascimento e todos os nascimentos são frutos de um maior, de um infinito amor, o Amor de Deus.

Devemos aprender a reconhecer nossa história pessoal, que é na exata medida, uma história de salvação, pois Deus interveio e sempre intervém para nos libertar, para promover nossa verdadeira e plena maturação humana na história.

Creiamos que Deus vem sempre ao nosso encontro, sobretudo nas situações mais sombrias e adversas, para nos conduzir a uma pátria de felicidade que somente Ele pode nos alcançar (conceder).

Viver é, portanto, uma grande passagem, ou ainda, uma grande travessia, que se iniciou no ventre de uma mãe, e desabrocha no horizonte da eternidade, o céu, e deste modo, somente reconhecendo Deus, reconhecemo-nos, de fato, a nós mesmos, e nossa vida fica plena de sentido e destino.

 

PS: Fonte – Comentário do Missal Cotidiano sobre a passagem do Livro de Gênesis (Gn 4,32-40) – Editora Paulus – p.1123

Participemos dos sofrimentos de Cristo

 


Participemos dos sofrimentos de Cristo

Assim nos falou o apóstolo Pedro (1Pd 4,13-14):

“Caríssimos, alegrai-vos por participar dos sofrimentos de Cristo, para que possais também exultar de alegria na revelação da Sua glória. Se sofreis injúrias por causa do nome de Cristo, sois felizes, pois o Espírito da glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vós.”

Oremos:

Ó Deus, quando vierem os sofrimentos ou dificuldades, na graça de viver o discipulado no seguimento de Vosso Filho, enviai-nos sempre o Espírito Santo para nos animar, fortalecer e conduzir.

Dai-nos maturidade e serenidade para enfrentar situações adversas, e que o peso da cruz não nos faça esmorecer ou recuar na fé, mas jamais vacilemos na fé, esmoreçamos na esperança e esfriemos na caridade.

Concedei-nos, ó Deus, a graça de viver a verdadeira alegria, que tão somente na fidelidade a Vós podemos alcançar, assim como nos falou Vosso Filho, que alegria plena somente se n’Ele permanecermos.

Inflamai nosso coração para que ardente seja, e firme nossos passos a caminho, comprometidos com a Boa Nova do Reino, atentos na escuta e prática da Palavra do Vosso Filho, com o Vosso Espírito Santo, para que membros vivos de uma Igreja Sinodal sejamos. Amém.

Unidos ao Senhor, uma fé viva e frutuosa

Unidos ao Senhor, uma fé viva e frutuosa

“Este povo perverso, que recusa ouvir as minhas ordens,
… tornar-se-á semelhante a esta faixa, que para nada serve”
(Jr 13,10)

Na segunda-feira da 17ª Semana do Tempo Comum (ano par), ouvimos a passagem do Livro do Profeta Jeremias (Jr 13,1-11).

O Profeta Jeremias, por ordem do Senhor, realiza uma ação simbólica, a fim de melhor captar a atenção e a compreensão dos seus ouvintes.

Com o simbolismo da faixa apodrecida, Jeremias dá um tom dramático à sua pregação, de modo que a faixa cingida e depois enterrada na lama até apodrecer, tem um duplo simbolismo:

- como a faixa adere ao corpo de quem a cinge, assim Israel era chamado a aderir ao Senhor, respondendo positivamente à Aliança com Deus, que antes uma iniciativa divina;

- porém, como o povo tinha quebrado a Aliança, não escutando a voz do Senhor, seguindo as próprias ideias, votando-se à idolatria, faliu na sua vocação, não prestou a Deus o serviço que lhe devia prestar, tornou-se como uma faixa apodrecida, sem qualquer valor, que não serve para absolutamente nada.

Por isto as duras palavras do Senhor são ditas pelo Profeta: “Este povo perverso, que recusa ouvir as minhas ordens, … tornar-se-á semelhante a esta faixa, que para nada serve” (Jr 13,10).

Esta imagem da faixa de linho, antes nova e depois apodrecida entre os rochedos, “é uma figura da Aliança desejada por Deus com Israel, mas muitas vezes comprometida ao longo da história da infidelidade do povo” (1).

A mensagem profética é contundente: é preciso que o povo se prenda ao Senhor de todo o seu coração, como uma esposa amada ao esposo. No entanto, o povo de Deus deixou apodrecer esta relação de amor por Deus oferecida, perdendo o sentido e o valor da própria existência.

Através do Profeta, Deus demonstra uma profunda amargura por esta atitude absurda do povo, e se tornam explicitas as causas, que levaram à ruína o dom da relação de amizade com Ele:

- a rejeição em escutar a Sua Palavra;
- comportar-se seguindo um coração obstinado;
- a idolatria.

Urge que também nós fiquemos atentos à escuta e acolhida da Palavra de Deus, a fim de que a coloquemos em prática, e não tenhamos, lamentavelmente, uma fé “apodrecida”, que já não servirá para mais nada, como a faixa de linho que fora enterrada e, consequentemente, apodrecida.

É preciso que nos prendamos ao Senhor, com total fidelidade, com pequenos e grandes gestos de amor, partilha, comunhão e solidariedade, e todo o cuidado para não nos desprendermos, distanciando-nos de Sua Palavra e de Seu Projeto de vida plena para todos nós.


(1) Lecionário Comentado - Tempo Comum - Volume I - Editora Paulus - 2011 - p.822

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