O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia
Na Liturgia da Missa do dia 20 de dezembro em preparação ao Natal do Senhor, em pleno tempo do Advento, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38).
Sejamos enriquecidos por uma trecho do Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), meditando sobre os Mistérios da Salvação que nos veio pela Encarnação do Verbo, Jesus Cristo.
“O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, Se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (cf. Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28).
No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (cf. Jo 1,1), habitando na luz inacessível.
O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34).
Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo Se fez Carne e já habita em nós (cf. Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação.
Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração?
Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.
De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu.
O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo Ele é o meu Deus.
Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.”
Temos, em breves palavras, um itinerário da Encarnação do Verbo feito criança até a Sua glorificação no céu, onde reina glorioso junto de Deus.
Pelo “sim” de Maria, nos veio do alto o Verbo para nos redimir, e por isto tão bem expressou o Abade: Aquele que “era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.”
Silenciemo-nos e contemplemos Jesus:
“... reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu”.
Com Maria, renovemos o nosso sim aos desígnios e Projeto divino, para que tenhamos vida plena e feliz, como ela nos ensinou naquele dia memorável das Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12).
De modo especial, nestes dias em que nos preparamos para celebrar o nascimento do seu amado Filho, o Menino Jesus, contemplemos o presépio e fixemos o olhar em Maria, a Mãe que jamais fecha seus olhos à nossa realidade.
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