domingo, 31 de dezembro de 2023

“A família como vai?”


“A família como vai?”

 Sempre oportuno retomar as reflexões da Campanha da Fraternidade de 1994, que tinha como tem - "A família como vai?"

Tinha como objetivo geral a redescoberta dos valores da família como um lugar de  encontro, o espaço de vivência humana, ponto de partida de um mundo mais humano e de acordo com o Plano de Deus.

Ao mesmo tempo, a Campanha da Fraternidade tinha como proposta a colaboração da criação de condições sociais e políticas objetivas para que a família pudesse realizar sua missão.

Também animava na prática do mandamento do amor fraterno, para que tivéssemos confiança em um novo amanhecer para a família, que já pode ser descortinado.

Enriquecidos sejamos com a Carta do Papa São João Paulo II para a Quaresma  e a Campanha da Fraternidade, à toda Igreja do Brasil, naquele ano:

“Caríssimos Brasileiros! Irmãos e Irmãs: Saúdo-vos cordialmente neste início da Quaresma, para abrir a Campanha da Fraternidade de 1994.  

Faço-o, em união com o Episcopado brasileiro convidando a todos quantos me escutam, a viverem com espírito de fé e recolhimento interior este tempo litúrgico, tempo de verdadeira penitência, destinado à preparação da Páscoa da Ressurreição de Cristo.  

Hoje a liturgia da Igreja eleva fervorosas preces a Deus misericordioso com as palavras do Livro da Sabedoria: ‘Senhor, (…) amais tudo quanto fizestes; perdoai aos pecadores arrependidos’ (cf. Sb 11,24-25). Que esta súplica sirva de alento para a conversão dos corações, e, por outro lado, de motivação para o adequado enfoque do tema proposto desta Campanha: ‘A Família, Como Vai?’.

Se nos perguntássemos, qual é, dentro de toda a obra da criação, uma das instituições mais amadas por Deus, a resposta seria, sem dúvida, a Família. ‘O matrimônio e a família constituem um dos bens mais preciosos para a humanidade’ (FC, 1). E, contudo, observa-se com apreensão os rumos por ela tomados, não só no Brasil, como no mundo inteiro.

O clima de hedonismo e de indiferentismo religioso, que está na base do esfacelamento de boa parte da sociedade, propaga-se no seu interior e é a causa da desagregação de muitos lares. Precisamente por isto, em coincidência com o Ano Internacional da Família, a Igreja faz um premente apelo à redescoberta da família, ‘célula primeira e vital da sociedade’ (AA, 11).

Ao pensar nos lares cristãos, gosto de imaginá-los semelhantes aos da Sagrada Família de Nazaré: nesta encontrarão uma grande luz que ilumina suas vidas, e os impele a seguir adiante cheios de ânimo, com otimismo, apesar das evidentes dificuldades por que atravessam atualmente. Junto a um consistente núcleo de famílias que se identifica com os ideais cristãos do Evangelho, encontram-se fissuras, cada vez mais amplas, no tecido societário provocadas pelo divórcio e pelas separações de fato — causa principal da juventude abandonada, para além das dificuldades sócio-econômicas; pelas uniões ilícitas, e o egoísmo que envilece o amor entre os cônjuges e atenta inclusive contra a vida dos não-nascidos.

Urge, caros Irmãos, restaurar o sentido cristão do matrimônio. Urge considerá-lo, especialmente dentro da Pastoral das Famílias, como uma vocação à santidade nas realidades ordinárias da vida conjugal; recordem os casais que é sinal revelador da autenticidade do amor conjugal a abertura à vida (FC, 32), mesmo quando Deus não envia prole.

Naturalmente as responsabilidades de procriação estendem-se também ao empenho de fazer crescer os filhos numa vida humana e cristã, através de uma sadia e contínua obra educadora. Por isso, dizia-O na Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, que ‘baseada no amor e aberta ao dom da vida, a família leva em si o futuro mesmo da sociedade’ (n. 2).

O Papa hoje queria falar ao coração de cada brasileiro e de cada brasileira que o escuta: revalorizai, com generosidade e fé, os valores do matrimônio; renovai, ao mesmo tempo, vossa confiança na Igreja que, ao defender a família, cria as bases de uma pacífica convivência humana e de abertura do homem para Deus (cf. VS, 96).

Que a Campanha da Fraternidade que hoje se inicia seja ocasião e estímulo para que as famílias cristãs abram-se à luz de Cristo: sejam elas portadoras aos seus semelhantes da alegria de sentir-se filhos de Deus.

Exorto-vos, irmãos e irmãs, a deixar-vos conduzir pelo Espírito de Deus, a romper com as cadeias do pecado e do egoísmo. Fazei da família um remanso de paz e de alegria.

Pedi a Deus que em cada lar cristão se reproduza de algum modo o mistério da Igreja, escolhida por Deus e enviada como guia do mundo.

Que nesta Quaresma, o poder santificador do Espírito, que desceu sobre a Virgem de Nazaré desça também sobre todas as famílias do Brasil. Com esta prece, envolvendo em igual estima a todos, vos abençoo: em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!”.

Urge que a família intensifique momentos de oração, fortalecendo os vínculos familiares, pois como nos falou o Apóstolo Paulo - “Sejamos fortes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12,12), e juntos com Jesus somos mais que vencedores (Rm 8,37).

Juntos, cada um fazendo bem e com amor o que lhe for próprio, sairemos mais humanos, fraternos e fortalecidos para novos relacionamentos e novas posturas em todos os âmbitos.

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