domingo, 31 de dezembro de 2023

Não mais rodar por aí, mas voar…

Não mais rodar por aí, mas voar…

Rodar por aí…
Rodar por aí de vez em quando é bom! 

Duro é carregar dentro do carro a si mesmo…
Carregar dentro de si mesmo o que não se quer carregar:
o sentimento, a inquietação, a dúvida, a dor, a revelação, a solidão, a desolação…
Sentimentos que devoram e parece não ter salvação.
Sentimentos não se deletam,
como diante da tela do computador,
Sentimentos se enfrentam,
ainda que por um tempo causem profunda dor.
Quando menos se espera, num exato momento,
Aquilo que tinha aparência de insolubilidade,
Coloca-nos face a face com a mais profunda felicidade.

Rodar por aí…
Rodar por aí de vez em quando é bom!

É como fazer uma viagem para dentro de si mesmo,
Para iluminar o canto escuro que existe dentro de cada um de nós,
Para ouvir entre tantas vozes a Verdadeira Voz…
A Voz de um Deus que em nós não se cala,
Falando-nos o que precisamos escutar,
Mandando-nos calar, o que não se deve falar.
A Voz de Deus que escutada, rompe a escuridão
Alcança-nos a mais bela e doce ternura e mansidão.

Rodar por aí…
Rodar sem medo de voltar...
Voltar não como se foi.
Voltar para recomeçar,
Sem medo de tropeçar,
Pois Alguém está sempre pronto,
Em nossas quedas nos levantar…
Incansavelmente, um Caminho nos apontar…
Agora vocês queridos noivos rodarão por aí…
Não mais solitários, porque deixaram de ser dois,
Não mais sobre uma moto ou dentro de um carro.
Aliás, não mais rodarão por aí, digo que voarão
sobre algo infinitamente melhor.
Farão voos mais altos, em velocidade maior...
Voarão em profundezas sempre inalcançáveis
Alturas jamais imagináveis e intocáveis.

Vocês farão voos por aí…
Nas Asas do Espírito que os selou por amor.
Nas asas de um Anjo que sempre os acompanhou.
Voarão nas alturas da fidelidade,
Na profundidade do Amor Trindade.
Voarão em busca da Fonte dos laços da indissolubilidade.
Jamais cairão e tropeçarão se nutrirem sadia espiritualidade.

Vocês farão voos por aqui…
Para que diante da Mesa da Palavra possam se colocar,
Em sua alegre acolhida e escuta.
Caminhos e projetos há de sempre iluminar.
Ao redor do Altar do Senhor hão de se voltar,
Para da Mesa Sagrada participar,
Do Pão da Eucaristia da Vida nutrir-se e alimentar-se.
Alegria e força, compromisso com o Reino jamais há de faltar.

Vocês farão voos por aí… 
Testemunhando a santidade do matrimônio,
Que passa no carregar da cruz.
Cruz que traz em si as marcas da dor,
Cruz que traz também em si as marcas do esplendor.
Na Cruz ecoa o grito, a agonia, o sangue e a dor,
Mas também ecoa que a vida é mais forte do que a morte,
Porque o Amor que amou por amor, até o fim nos amou.
Por tamanho Amor vivido e testemunhado, o Pai o Ressuscitou.
Matrimônio Sacramento, mesmo amor se há de testemunhar:
Amor que ama até o fim, amor que Paulo na Bíblia cantou,
O amor que jamais passará.

Voos hão de fazer…
Mas jamais voar sem a cruz carregar.
Voos sem cruz são quedas preanunciadas,
Vidas de sentido esvaziadas,
Casas sobre a areia edificadas...

Agora que uma só carne são pelo Sacramento celebrado,
Renovem como eternos namorados,
O amor, por Deus, ricamente abençoado.
Que Cristo seja a rocha, a solidez desejada,
Para n’Ele edificar aquela casa, casa do amor um dia iniciada,
Por amor e no amor cada dia edificada.

Ventos e tempestades jamais desmoronam
Vidas que no Amor se edificam.
Acolham com todo carinho
Estas palavras que tantos casais,
aqui, testemunham e ratificam.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG