Deus quer o nosso sim
Na terceira terça-feira do Advento ouvimos a proclamação da passagem do Evangelho (Mt 21,28-32), e contemplamos um Deus que chama a todos para participarmos, com empenho concreto, da construção do Mundo Novo de justiça e paz que Ele sonhou e propõe insistentemente.
Diante deste convite, podemos nos acomodar, isolar ou colaborar. Portanto, não basta dizer sim, mas realizar este sim dado com todo ardor, como Jesus o fez no anúncio e realização de Sua missão redentora e concretização do Reino. Sua vida foi marcada pelo amor, serviço, doação até a entrega total na Cruz.
Vivendo um amor que ama até o fim, esvaziando-Se, empobrecendo-Se, despojando-Se para nos enriquecer, nos cumular de todas as bênçãos, graças e riquezas. Fazendo-Se pobre, enriqueceu-nos copiosamente.
Na passagem mencionada encontramos a Parábola dos dois filhos, que mais uma vez leva-nos a refletir sobre a alegria e a graça de trabalhar na Vinha do Senhor. Para além da aparente singeleza da Parábola, há um conflito muito forte que deve ser percebido.
Jesus está em Jerusalém, onde culminará Sua missão, cenário de Sua Paixão e Morte. Mais precisamente está no Templo, que é o centro do poder político, econômico e ideológico daquela época e Se dirige ao chefe dos sacerdotes (poder religioso-ideológico) e aos anciãos do povo (poder econômico), ou seja, os líderes religiosos judaicos que se constituirão nos opositores e principais sujeitos de Sua morte.
A Parábola fala de um filho que disse sim ao pai e não foi para a vinha (que são os próprios acima descritos). De outro lado o filho que disse não e foi para a vinha são os pecadores, as prostitutas, os marginalizados, os publicanos que se abriram à Boa Nova de Jesus.
Trata-se, portanto de uma parábola de confronto e de conflito entre o Mestre da Justiça e os promotores da sociedade injusta.
Mais tarde Mateus aplicará a Parábola na recusa dos Judeus e no acolhimento por parte dos pagãos à Boa Nova de Jesus.
Com a Parábola, Jesus nos ensina que todos somos chamados para trabalhar na Vinha. Não há lugar para o imobilismo, a preguiça, o comodismo, a autossuficiência, o egoísmo.
- Sendo assim, o que significa dizer “sim” a Deus? Somente a procura dos Sacramentos não basta.
- Como vivo os Sacramentos que celebro e qual o conteúdo vivencial da Palavra que escuto?
Não basta assentar-se nos bancos das Igrejas e pregar em seus púlpitos. É preciso testemunhar a Palavra que se anuncia, que se proclama. Testemunhá-la com toda nossa fragilidade, imperfeição, dando o melhor de nós onde quer que estejamos. É preciso por em prática a Fé, a Esperança e a Caridade.
Demos, incansavelmente, provas concretas de nosso amor. Como uma mãe que diz ao filho: “Pára de me dizer que gosta de mim. Prova-me!” Fácil é dizer, é preciso viver, dar o melhor de nós, simplesmente por amor.
No Tempo do Advento e sempre, somos chamados à conversão, à confiança, à responsabilidade, à esperança encarnada, em total fidelidade a Deus.
Tenhamos Jesus como modelo de vida e a coragem de imitá-Lo, pois Ele chegou à glória, passando pela Cruz; desceu ao poço mais profundo da miséria e solidão humana para ser exaltado, glorificado e “diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor” (Fl 2,10).
Embora sem méritos, o Senhor nos chamou para trabalhar em Sua vinha.
Reflitamos:
- Qual é a nossa resposta?
- Quais as conversões que devemos realizar em nossa vida para melhor correspondermos aos desígnios de Deus e caminharmos rumo aos horizontes de uma sociedade justa e fraterna?
Seja o nosso “sim” a Deus vivo e verdadeiro, denso de conteúdo e compromissos.
Procuremos a mais perfeita coerência entre o que cremos e o que vivemos, e deste modo, verão Cristo em nós, e como Paulo, digamos:
“E já não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim. E a vida que vivo agora na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim.” (Gl 2,20)
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