Advento: irradiar alegria
A Liturgia do 3º Domingo do Advento é um convite à alegria pela proximidade do Senhor que está para chegar, cujo nascimento no Natal haveremos de celebrar, por isto é chamado de Domingo da Alegria, ou seja, Domingo “Gaudete”.
Retomo duas citações de Raniero Cantalamessa para refletirmos sobre a autêntica alegria, que somos chamados a viver e a irradiar, se nos prepararmos e celebrarmos ativa, piedosa e conscientemente o Banquete da Eucaristia:
“Daquela alta fornalha, a suavidade do Espírito Santo se derrama sobre as criaturas que encontram Jesus; o Espírito Santo é a esteira de perfume que Jesus deixou atrás de si passando entre os homens. Por onde passa Jesus - e é acolhido – difunde-se por isso a alegria” (1);
“O inimigo da alegria não é o sofrimento; é o egoísmo, o voltar-se sobre si mesmo, a ambição. O homem voltado sobre si mesmo é um porco-espinho que mostra somente espinhos, uma casa fechada, um castelo com as pontes levadiças erguidas” (2).
O Tempo do Advento nos convida a sentir a alegria pela proximidade da graça de celebrar o Nascimento do Salvador, e esta somente poderá ser sentida e contemplada por aqueles que como Jesus deixaram “esteiras de perfume”, como Jesus o fazia.
Caminhar com o Senhor e deixar boas marcas, saudáveis memórias, doces legados; sementes lançadas a germinar e frutificar, ainda que não saboreemos os frutos.
Caminhar com o Senhor, acolhido ou não, mas sempre em frente, sem esmorecimento e lamentos estéreis, porque há um mundo sedento de ouvir uma Palavra que irradie luz, que seja como um bálsamo para a dor e pranto vivenciado.
Que o Senhor nos ensine a experimentar a verdadeira alegria, que nasce da Sua morte e Ressurreição, e que o mundo jamais poderá roubar ou matar. Alegrar-se sempre no Senhor, como nos exorta o Apóstolo Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor, insisto: Alegrai-vos!” (Fl 4,4)
Livre-nos, o Senhor, de sermos como “castelo com as pontes levadiças erguidas”, ou o “porco-espinho que mostra somente espinhos”.
Sejamos libertos de todo o egoísmo, autossuficiência, melancolia, para que sejamos cada vez mais abertos às necessidades do próximo, em gestos multiplicados de acolhida, amor e partilha.
Advento é o tempo em que somos desafiados a não naufragar no mar dos lamurientos e agourentos de plantão, prontos para matar as sementes de confiança e esperança de um novo amanhecer.
Seja a Igreja como “castelos” a abrir e descer suas portas, a fim de que sejamos uma Igreja “em saída”, como tem insistido o Papa Francisco.
Finalmente, como Igreja levar a Boa Notícia do Evangelho às desafiadoras “periferias existenciais”, como ele também nos exortou na Bula “Misericordiae Vultus”.
(1) O Verbo Se faz Carne – Editora Ave Maria – 2013 - p.494
(2) Idem p.495
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