sexta-feira, 26 de abril de 2024

Jesus: O Caminho, A Verdade e A Vida

Jesus: o Caminho, a Verdade e a Vida
 
Reflitamos sobre a passagem do Evangelho de São João, em que Jesus Se nos apresenta como o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,1-6): Caminho que nos conduz ao Pai; a Verdade que nos ilumina e nos liberta; e a Vida que renova a vida do mundo, à luz dos escritos de Santo Agostinho (séc. V):
 
“Queres conhecer o caminho? Ouve o que o Senhor diz em primeiro lugar: Eu Sou o Caminho. Antes de dizer aonde deves ir, mostrou por onde deves seguir. Eu Sou, diz Ele, o Caminho. o Caminho para onde? A Verdade e a Vida.
 
Disse primeiro por onde deves seguir e logo depois indicou para onde deves ir... Permanecendo junto do Pai é Verdade e Vida; revestindo-Se de nossa carne, tornou-Se o Caminho.
 
Não te é dito: esforça-te por encontrar o caminho, para que possas chegar à verdade e à vida. Decerto não é isso que te dizem. Levanta-te preguiçoso! O próprio Caminho veio ao teu encontro e te despertou do sono em que dormias se é que chegou a despertar-te; levanta-te e anda!
 
Talvez tentes andar e não consigas, porque te doem os pés. Por que estão doendo?
Não será pela dureza dos caminhos que a avareza te levou a percorrer?
 
Mas o Verbo de Deus curou também os coxos. Eu tenho os pés sadios respondes, mas não vejo o caminho. Lembra-te que Ele também deu vista aos cegos.”
 
O Comentário do Missal Cotidiano diz: “Jesus é Verdade porque é a perfeita revelação do Pai de quem todas as coisas recebem origem e no qual todos encontram sua consistência e verdade.
 
É Vida, porque desde já faz os homens participarem da comunhão com o Deus vivo.
 
Mas, sobretudo é Caminho, enquanto viveu em Sua pessoa a profunda experiência do encontro de Deus com o homem e comunica esta experiência aos homens Seus irmãos”.
 
Reflitamos sobre Jesus, Caminho, Verdade e Vida:
 
Jesus é o Caminho...
 
- Caminho, pois Sua própria Pessoa e Sua proposta, se vivida, nos conduzem a Deus.
 
Aderir a Cristo não é aderir a um conjunto de teorias, filosofias, mas é acolher a Palavra que nos assegura, num horizonte mais distante e amplo, a eternidade; o desejado encontro com Deus na eterna morada e plenitude do amor.
 
- Caminho exclusivo para chegar até Deus e para chegar à própria humanidade.
- Caminho a ser trilhado na superação das barreiras da morte, para adentrarmos no mistério da vida sem fim, plenitude de amor total: céu.
Jesus é a Verdade...
- Verdade enquanto relacionamento pessoal com Deus, na adesão à Sua proposta.
 
- Verdade que nos liberta, se O conhecermos, O amarmos e Seu Evangelho encarnarmos em nosso quotidiano. Se por Ele nos enamorarmos, num relacionamento eternamente apaixonado. Discípulos d’Ele só o seremos se por Ele enamorados...
Jesus é Vida...
 
- A própria fonte da Vida, do coração trespassado, do qual nascemos e nos alimentamos. Vida plena e abundante.
 
- Vida na graça, na acolhida, na ternura, no perdão, na partilha e na solidariedade.
- Vida para ser vivida no tempo presente e, um dia, vivida na eternidade.
 
- Vida que Se fez encarnada, pela Cruz marcada, vida livremente doada, vida redimida, vida Ressuscitada, pelo Pai glorificado e à direita assentado.
 
- Vida marcada pelo amor e pelo Pai foi confirmada, testemunhada por isto para sempre na glória exaltada.
 
- Vida eterna alcançada na vida que Se faz doada, por Amor sacrificada.
 
Oremos:
 
Senhor, que és nosso Caminho, Verdade e Vida, concedei-nos:
Que não nos afastemos nunca do Caminho, e possamos sempre Te descobrir conosco pelo caminho, na Tua Palavra ouvida, e no coração encontre acolhida.
 
Que nossos corações por Ela continuem o ardor sentir e A Verdade do Teu Evangelho seja a Boa Nova que nos guie, nos oriente e nos ilumine. Em meio as verdades que passam fiquemos com a Tua eterna Verdade que jamais passa:  - “Céus e terra passarão, mas Tua Palavra não passará...”
 
Que a nossa vida pela Tua vida seja consumida, e a nossa humanidade pela Tua vida divina seja permeada. Amém.
 
 
Fonte: Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 420-421

 

Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o LXI Dia Mundial de Oração pelas Vocações (2024)

 


Síntese da mensagem do Santo Padre Francisco para o
LXI Dia Mundial de Oração pelas Vocações
 
O LXI Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2024, celebrado no quarto domingo de Páscoa, tem como o tema “Chamados a semear a esperança e a construir a paz”, com as marcas da sinodalidade: há muitos carismas e somos chamados a nos escutar reciprocamente e caminhar juntos para descobrir discernindo aquilo a que nos chama o Espírito para o bem de todos - “...no momento histórico presente, o caminho comum conduz-nos para o Ano Jubilar de 2025.
 
Caminhamos como peregrinos de esperança rumo ao Ano Santo, para, na descoberta da própria vocação e pondo em relação os diversos dons do Espírito, podermos ser no mundo portadores e testemunhas do sonho de Jesus: formar uma só família, unida no amor de Deus e interligada pelo vínculo da caridade, da partilha e da fraternidade.”
 
Em sua mensagem, o Papa Francisco nos convida a considerar o precioso dom da chamada que o Senhor dirige a cada um de nós, Seu povo fiel a caminho, pois dá-nos a possibilidade de tomar parte no Seu projeto de amor e encarnar a beleza do Evangelho nos diferentes estados de vida.
 
Dia favorável para recordar, com gratidão, diante do Senhor o compromisso fiel, cotidiano e muitas vezes escondido daqueles que abraçaram uma vocação que envolve toda a sua vida:
 
- mães e pais que não olham primeiro para si mesmos, nem seguem a tendência de um estilo superficial, mas organizam a sua existência cuidando das relações com amor e gratuidade, abrindo-se ao dom da vida e pondo-se ao serviço dos filhos e seu crescimento;
 
- aqueles que realizam, dedicadamente e em espírito de colaboração, o seu trabalho;
 
- aqueles que, em diferentes campos e de vários modos, se empenham por construir um mundo mais justo, uma economia mais solidária, uma política mais equitativa, uma sociedade mais humana, isto é, em todos os homens e mulheres de boa vontade que se dedicam ao bem comum;
 
- pessoas consagradas, que oferecem a sua existência ao Senhor quer no silêncio da oração quer na atividade apostólica, às vezes na linha de vanguarda e sem poupar energias, servindo com criatividade o seu carisma e colocando-o à disposição de quantos encontram;
 
- aqueles que acolheram a chamada ao sacerdócio ordenado, se dedicam ao anúncio do Evangelho, repartem a sua vida – juntamente com o Pão Eucarístico – pelos irmãos, semeiam esperança e mostram a todos a beleza do Reino de Deus;
 
- aos jovens, especialmente a quantos se sentem distantes ou olham a Igreja com desconfiança, exorta para que se deixem fascinar por Jesus Cristo.
 
Dia especial para elevar orações implorando ao Pai o dom de santas vocações para a edificação do Seu Reino: «Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a Sua messe» (Lc 10, 2).
 
Pôr-se a caminho como peregrinos da esperança, cientes de que “...o  nosso caminho sobre esta terra nunca se reduz a uma labuta sem objetivo nem a um vaguear sem meta; pelo contrário, cada dia, respondendo à nossa chamada, procuramos realizar os passos possíveis rumo a um mundo novo, onde se viva em paz, na justiça e no amor. Somos peregrinos de esperança, porque tendemos para um futuro melhor e empenhamo-nos na sua construção ao longo do caminho.
 
Esta é a finalidade de cada vocação: “tornar-se homens e mulheres de esperança. Como indivíduos e como comunidade, na variedade dos carismas e ministérios, todos somos chamados a «dar corpo e coração» à esperança do Evangelho neste mundo marcado por desafios epocais: o avanço ameaçador duma terceira guerra mundial aos pedaços, as multidões de migrantes que fogem da sua terra à procura dum futuro melhor, o aumento constante dos pobres, o perigo de comprometer irreversivelmente a saúde do nosso planeta...”
 
Por isso, é decisivo “para nós cristãos, cultivar um olhar cheio de esperança no nosso tempo, para podermos trabalhar frutuosamente respondendo à vocação que nos foi dada ao serviço do Reino de Deus, Reino do amor, de justiça e de paz. Esta esperança – assegura-nos São Paulo – «não engana» (Rm 5, 5)
 
Como peregrinos da esperança e construtores de paz, fundar a própria existência sobre a rocha da ressurreição de Cristo, sabendo que todos os nossos compromissos, na vocação que abraçamos e levamos por diante, não caiem no vazio, com a necessária coragem de se envolver, despertados do sono e saindo da indiferença.
 
Concluo com as palavras do Papa Francisco - “Levantemo-nos, pois, e ponhamo-nos a caminho como peregrinos de esperança, para que também nós, como fez Maria com Santa Isabel, possamos comunicar boas-novas de alegria, gerar vida nova e ser artesãos de fraternidade e de paz.”

“A vida é essencialmente comunhão”

“A vida é essencialmente comunhão”

Assim Jesus Se definiu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).

Assim afirma o Lecionário Comentado: “alguém poderia pensar que a vida é uma realidade misteriosa que está sabe-se lá onde, que Jesus pode dar ou que a ela pode conduzir. Na verdade, a vida é ainda o próprio Cristo e consiste precisamente naquela intimidade profunda com o Pai que se obtém vivendo com o Filho.

A vida é essencialmente comunhão: quem não tem afetos, relações, amizades, não vive; pois bem, Jesus oferece a principal das relações, a relação com Deus, que não é alternativa aos outros, mas está dentro de todas as boas relações que tecem a trama de uma vida” (1)

Assim como Jesus estabeleceu uma relação de amigo com Seus discípulos, enquanto com eles estava e caminhava, também quer estabelecer conosco: “Já não vos chamo de servos, mas amigos” (Jo 15,9-17).

É preciso intensificar nossa amizade com Jesus, nosso Senhor, que nos revela a face do Pai, como Ele mesmo disse a Felipe: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9), pois viver é fortalecer a comunhão entre nós e com Deus.

Uma sadia e fecunda relação com Deus nos introduz na comunhão perfeita com o Filho e o Seu Espírito, e assim, consequentemente, nos abrimos em relação ao nosso próximo, estabelecendo vínculos e amizades sinceras e fraternas, numa expressão de afetos, que se abrem sempre para novas amizades multiplicadas, incessantemente.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus-Lisboa - Volume Tempo da Quaresma e Páscoa - p. 528 

O Senhor é nosso único caminho

O Senhor é nosso único caminho

“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6)

Em nossas atividades pastorais, é preciso lançar as redes em águas mais profundas (Lc 5,1-11), pois a evangelização prima pela superação da superficialidade e ativismo inconsequente; provoca-nos para respostas comunitárias, sem ações individualizadas, mas inseridas na Pastoral de Conjunto.

Precisamos buscar respostas evangélicas para os grandes desafios que enfrentamos na realidade urbana e pós-moderna:

- A realidade urbana: desafios e respostas;
- A evangelização da família;
- O resgate da pessoa humana no exercício de sua cidadania;
- O aprimoramento das atitudes de acolhida e fortalecimento dos vínculos de comunhão fraterna;
- O desafio da evangelização da juventude;
- Um projeto missionário que expresse a dimensão missionária de toda a Igreja;
- Presença evangelizadora nas escolas, universidades;
- Meios de comunicação social e a Evangelização;
- Fortalecimento das Pastorais Sociais;
- Formação bíblica e espiritualidade do Agente de Pastoral;
- Maior cuidado com os momentos litúrgicos, para que sejam momentos fortes de Oração e de espiritualidade.

Urge vocações leigas, alimentadas pela Palavra e Eucaristia, juntamente com padres, bispos, religiosos e religiosas, presentes nas diversas estruturas, organismos e pastorais, para que no espírito da comunhão e participação, e na evangélica opção preferencial pelos pobres, participemos da construção de uma sociedade justa, fraterna e mais solidária, a caminho do Reino definitivo.

Conduzidos pelas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), não nos esqueçamos de que o Protagonista da evangelização é o Espírito Santo, de modo que a diversidade de carismas, dons e ministérios devem ser compartilhados, garantindo êxito na evangelização.

É tempo favorável para a evangelização, comunicando a luz do Ressuscitado em todos os momentos e em todos os âmbitos, e continuemos fiéis no Caminho que é o próprio Jesus, a Verdade que nos liberta e nos comunica vida plena e definitiva.

Peregrinamos confiantes com o Verbo

                                                     

Peregrinamos confiantes com o Verbo

Sejamos enriquecidos pelo Sermão do  Bispo Santo Agostinho (Séc. V) sobre a Encarnação do Verbo, em que nos exorta a peregrinarmos longe do Senhor, para, um dia, sermos saciados com Sua Visão, na glória eterna.

“Quem poderia conhecer todos os tesouros de sabedoria e ciência ocultos em Cristo e escondidos na pobreza de sua carne? Ele, sendo rico, Se fez pobre por nossa causa, a fim de enriquecer-nos com a Sua pobreza (cf. 2Cor 8,9). Quando assumiu nossa condição mortal e experimentou a morte, manifestou-Se na pobreza; contudo, não perdeu Suas riquezas, mas prometeu-as para o futuro.

Como é grande a riqueza de Sua bondade, reservada para os que O temem e concedida aos que n’Ele esperam! Agora o nosso conhecimento é imperfeito, até chegar o que é perfeito. Para sermos capazes de alcançá-Lo é que o Cristo, igual ao Pai na condição divina, fez-Se igual a nós na condição de servo e nos recriou a semelhança divina.

O Filho único de Deus, tornando-Se Filho do Homem, torna filhos de Deus a muitos filhos dos homens; e promovendo a nossa condição de servos com a Sua forma visível de servo, tornou-nos livres e capazes de contemplar a Sua forma divina.

Somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é (1Jo 3,2). 

Ora, quais são esses tesouros de sabedoria e ciência, para que servem essas riquezas divinas senão para satisfazer a nossa pobreza? Para que essa imensa bondade senão para nos saciar? Mostra-nos o Pai, isto nos basta (Jo 14,8).

E, em certo Salmo, um de nós, expressando nossos sentimentos ou falando por nós, diz ao Senhor: Serei saciado quando se manifestar a Vossa glória (cf. Sl 16,15 Vulg.). Ele e o Pai são um só; e quem O vê, vê também o Pai. Por conseguinte, o Rei da glória é o Senhor Deus do universo (Sl 23,10). Voltando-Se para nós, Ele nos mostrará o Seu rosto; seremos salvos e saciados, e isso nos bastará.

Mas até que isso aconteça, até mostrar o que nos basta, até bebermos e ficarmos saciados na fonte da vida que é Ele mesmo, enquanto caminhamos na fé e peregrinamos longe d’Ele, enquanto temos fome e sede de justiça e desejamos, com indizível ardor, contemplar a beleza de Cristo na Sua condição divina, celebremos com amorosa devoção o nascimento de Deus na condição de servo.

Se ainda não podemos contemplar Aquele que foi gerado pelo Pai antes da aurora, celebremos o Seu nascimento da Virgem no meio da noite. Se ainda não podemos compreender Aquele cujo nome subsistirá enquanto o sol brilhar (cf. Sl 71,17), reconheçamos que armou Sua tenda ao sol (cf. Sl 18,6).

Se ainda não vemos o Unigênito que permanece no Pai, recordemos o Esposo saindo do quarto nupcial (cf. Sl 18,6). Se ainda não estamos preparados para o Banquete do nosso Pai, conheçamos o presépio de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Celebrar o Natal do Senhor, é tempo favorável para firmamos nossos passos, peregrinando longe dE’le, com Ele mais perto de nós do que possamos estar de nós mesmos.

Peregrinamos já com a alegria de contemplá-Lo pela fé, até que possamos ser saciados com a visão gloriosa prometida por Ele, que se fez o Caminho, a Verdade e a Vida; o único Caminho que nos conduz ao Pai (cf. Jo 14,6).

Peregrinemos sem vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, vivendo como filhos de Deus, e identificados com Ele na exigente e irrenunciável prática da caridade ativa e efetiva.

Iluminados pela Divina Palavra e nutridos pelo Salutar Pão de Eternidade na Mesa da Eucaristia, como peregrinos neste mundo que somos, mas não sem rumo, não sem destino, porque sabemos em quem cremos e em quem pomos a esperança: Jesus, na plena comunhão com o Espírito Santo, na fidelidade ao Projeto do Pai. Amém.

Jesus, o único Caminho, Verdade e Vida

 


Jesus, o único Caminho, Verdade e Vida

Sejamos enriquecidos pelo Comentário sobre João, escrito pelo presbítero Santo Tomás de Aquino (Séc. XIII).

“O caminho é o próprio Cristo, conforme ele próprio disse: Eu sou o caminho. E com muita razão, pois temos por ele acesso junto ao Pai.

Porque, porém, este caminho não está distante do seu termo, mas unido a Ele, Cristo acrescenta: Verdade e vida; de sorte que é ao mesmo tempo o caminho e o termo. É o caminho, segundo a humanidade; é o termo, segundo a divindade. Assim, como homem, diz: Eu sou o caminho; e, como Deus, acrescenta: A verdade e a vida. Por estas duas realidades, indica bem o término deste caminho.

O término deste caminho é a meta do desejo dos homens e o homem deseja principalmente duas coisas: primeiro, o conhecimento da verdade, o que lhe é próprio; segundo, a permanência no ser, o que é comum a todos os seres. Cristo é o caminho que leva ao conhecimento da verdade, porque é Ele mesmo a Verdade: Conduze-me, Senhor, à Tua verdade e entrarei em Teu caminho. Cristo é também o caminho que faz chegar à vida; é Ele próprio a vida: Fizeste-me conhecer os caminhos da vida.

Por este motivo, designou o término do caminho como verdade e vida: ambas se referem a Cristo. Em primeiro lugar, porque Ele é a vida: N’Ele era a vida; em seguida, porque ele é a verdade: Era a luz dos homens. Ora, a luz é a verdade.

Se, portanto, indagas por onde passar, acolhe a Cristo, o próprio caminho: É este o caminho, caminhai por ele. E Agostinho disse: Caminha pelo homem e chegarás a Deus. É melhor claudicar no caminho do que caminhar com desembaraço fora dele.

Pois quem manqueja no caminho, conquanto demore, chegará ao termo. Quem, ao contrário, vai por fora do caminho, embora correndo, se afasta, cada vez mais, do termo.

Se agora perguntas para onde ir, adere a Cristo, que é a verdade, meta de nossa caminhada: Minha boca meditará tua verdade. Se buscas permanecer, adere a Cristo, a própria vida: Quem me encontra, encontra a vida e haurirá a salvação vinda do Senhor.

 

Adere, por conseguinte, a Cristo, se queres ter segurança; não te desviarás, porque Ele é o caminho. Os que a Ele aderem, não andam fora, mas no caminho reto. Também não podem enganar-se, pois, com efeito, é Ele a verdade e ensina toda a verdade, conforme Suas mesmas palavras: Para isto nasci e vim aqui, para dar testemunho à verdade. E ainda, nada te perturbará, porque Ele mesmo é a vida e o que dá a vida: Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância.”

De fato, Jesus é o caminho para se chegar à verdadeira vida: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, como lemos no Evangelho de São João (Jo 14,6).

Como Igreja Sinodal, Povo de Deus caminhando juntos, sejamos iluminados pelo esplendor da Verdade que é o próprio Jesus Cristo, pois tão somente esta Verdade é que nos liberta - “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32)-, a fim de que tenhamos vida plena e definitiva (Jo 10,10). Amém.

 

Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida (I)

Cristo é o Caminho para a luz e a Verdade para a Vida

"Grande coisa é a Verdade,
grande coisa é a Vida! Ah se fosse possível
à minha alma encontrar o Caminho para lá chegar!"

Sejamos iluminados por esta citação do Bispo Santo Agostinho (séc. V), extraída “Dos Tratados sobre o Evangelho de São João”, quando Jesus, num contexto de partida para junto do Pai, apresenta-Se à comunidade como o caminho para a luz e a verdade para a vida (Jo 14,1-12).

“Diz o Senhor: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8,12). Estas breves Palavras contêm um Preceito e uma Promessa.

Façamos o que o Senhor mandou, para esperarmos sem receio receber o que prometeu, e não nos vir Ele a dizer no dia do Juízo:

"Fizeste o que mandei para esperares agora alcançar o que prometi?".
Responder-te-á: "Disse que me seguistes". Pediste um conselho de vida. De que vida, senão daquela sobre a qual foi dito: "Em Vós está a Fonte da Vida?" (Sl 35,10).

Por conseguinte, façamos agora o que nos manda, sigamos o Senhor, e quebremos os grilhões que nos impedem de segui-Lo. Mas quem é capaz de romper tais amarras se não for ajudado por Aquele de quem se disse:

"Quebrastes os meus grilhões? (Sl 115,7). E também noutro Salmo: ''É o Senhor quem liberta os cativos, o Senhor faz erguer-se o caído (Sl 145,7.8).

Somente os que assim são libertados e erguidos poderão seguir aquela luz que proclama: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas".

Realmente o Senhor faz os cegos verem. Os nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé. Para restituir a vista ao cego de nascença, o Senhor começou por ungir-lhe os olhos com sua saliva misturada com terra.

Cegos também nós nascemos de Adão, e precisamos de ser iluminados pelo Senhor. Ele misturou Sua saliva com a terra: "E a Palavra se fez Carne e habitou entre nós" (Jo 1,14). Misturou Sua saliva com a terra, como fora predito:

"A verdade brotou da terra" (cf. Sl 84,12). E Ele próprio disse: "Eu sou O Caminho, A Verdade e A Vida" (Jo 14,6).

A verdade nos saciará quando O virmos face a face, porque também isso nos foi prometido. Pois quem ousaria esperar, se Deus não tivesse prometido ou dado?

Veremos face a face, como diz o Apóstolo: "Agora, conheço apenas de modo imperfeito; agora, nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face" (1Cor 13,12).

E o Apóstolo João diz numa de suas Cartas: "Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus Se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como Ele é" (1Jo 3,2). Eis a grande promessa!

Se O amas, segue-O! "Eu O amo, dizes tu, mas por onde O seguirei?" Se o Senhor te houvesse dito: "Eu sou a verdade e a vida", tu que desejas a verdade e aspiras à vida, certamente procurarias o caminho para alcançá-la e dirias a ti mesmo:

"Grande coisa é a verdade, grande coisa é a vida! Ah se fosse possível à minha alma encontrar o caminho para lá chegar!".

Queres conhecer o caminho? Ouve o que o Senhor diz em primeiro lugar: "Eu sou o caminho". Antes de dizer aonde deves ir, mostrou por onde deves seguir. Eu sou, diz Ele, o caminho. O caminho para onde? "A verdade e a vida".

Disse primeiro por onde deves seguir e logo depois indicou para onde deves ir. Eu sou o Caminho, Eu sou a Verdade, Eu sou a Vida. Permanecendo junto do Pai, é verdade e vida; revestindo-Se de nossa carne, tornou-Se o caminho.

Não te é dito: "Esforça-te por encontrar o caminho, para que possas chegar à verdade e à vida". Decerto não é isso que te dizem. Levanta-te, preguiçoso! O próprio Caminho veio ao teu encontro e te despertou do sono em que dormias, se é que chegou a despertar-te; levanta-te e anda!

Talvez tentes andar e não consigas, porque te doem os pés. Por que estão doendo? Não será pela dureza dos caminhos que a avareza te levou a percorrer?

Mas o Verbo de Deus curou também os coxos. "Eu tenho os pés sadios, respondes, mas não vejo o caminho". Lembra-te que Ele também deu a vista aos cegos.”

Foi desejo de Santo Agostinho contemplar a face de Deus, assim como também deve ser o nosso. No entanto, somente será possível se aderirmos incondicionalmente ao Senhor Jesus, que não apenas apontou o Caminho, mas é o próprio Caminho.

Não apenas nos ensinou a Verdade que nos faz verdadeiramente livres, como é a própria Verdade que nos liberta (cf. “Conhecereis a verdade e a Verdade vos libertará” - Jo 8,32). Jesus é a nossa Vida e a garantia de uma vida plena e feliz.

Urge que firmemos nossos passos no caminho para a eternidade, colocando nossa vida nas mãos de Deus, como oferenda agradável a Ele; iluminados pelo Esplendor da Verdade, que é o próprio Cristo Jesus. 

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