terça-feira, 27 de junho de 2023

Em poucas palavras...

                                                                 


“Não se dialoga com o demônio...” 

“Não se dialoga com o demônio […] A vida cristã é uma luta permanente. Requer-se força e coragem para resistir às tentações do demônio e anunciar o Evangelho. […] Não pensemos que é um mito, uma representação, um símbolo, uma figura ou uma ideia. Este engano leva-nos a diminuir a vigilância, a descuidar-nos e a ficar mais expostos. 

O demônio não precisa de nos possuir. Envenena-nos com o ódio, a tristeza, a inveja, os vícios. E assim, enquanto abrandamos a vigilância, ele aproveita para destruir a nossa vida, as nossas famílias e as nossas comunidades, porque, ‘como um leão a rugir, anda a rondar-vos, procurando a quem devorar’” (1Pd 5,8)”  (1)

 

(1)Gaudete et Exsultate  n.158.161

 

 

 

Santidade e a porta estreita da Salvação (25/06)

Santidade e a porta estreita da Salvação

Ouvimos, na 12ª terça-feira da Semana do Tempo Comum, a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 7,6.12-14) em que Jesus nos fala mais uma vez sobre a porta estreita da salvação e a larga porta e espaçoso caminho que conduz à perdição.

Entrar pela porta estreita é pôr-se num caminho de Santidade, e esta é um Dom de Deus e resposta nossa, e esta não se alcança tão apenas com o esforço humano, no entanto não o dispensa em nenhum momento.

Ela pode ser alcançada, contando com a indispensável graça e a força do Espírito na fidelidade ao Pai, no trilhar do Caminho que é o próprio Jesus.

Ressoe em nosso coração as palavras de Jesus: "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso é o caminho que leva à perdição,  e muitos são os que entram por ele!” (Mt 7,13)

A Santidade vivida é certeza de Salvação, mas “estreita” é a porta que nos conduz aos céus!

Trilhar o genuíno caminho da Santidade é viver o que o Sublime Mestre nos ensinou, que ouvimos quando Ele proclamou na montanha: as Bem-Aventuranças (cf. Mt 5,1-12)

No Senhor revigoremos nossas forças, e tudo façamos para alcançar a Santidade, firmando nossos passos neste caminho de graça, luz e paz.

Para seguir o Senhor...

Para seguir o Senhor...

Na Liturgia, da terça-feira da 12ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho (Mt 7,6.12-14), em que Jesus nos apresenta três exigências para o discipulado e uma vida cristã autêntica:

a)       prudência, que consiste no discernimento ao oferecer “coisas santas”, pois a Palavra de Deus exige ser acolhida por um coração aberto, disponível e generoso (como o coração de Abraão – Gn 13,2.5-18);

b)          caridade para com o próximo, como um amor que se dá sem limites, um amor que ama sem medida, sem a preocupação de retribuição – como vemos na lei de ouro que Jesus nos apresenta – “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também vós a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas” (Mt 7,12);

c)   firme decisão em prol do Evangelho d’Ele, Jesus Cristo, sofredor e perseguindo, não se refugiando em falsa segurança, com o esforço contínuo de passar pela porta estreita, que consiste nas renúncias quotidianas necessárias, para livremente segui-Lo até o fim.

Oremos:

“Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de Vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no Vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.


Fonte: Missal Quotidiano – Ed Paulus pp.937-938

Livrai-nos, Senhor, de toda forma de arrogância!

Livrai-nos, Senhor, de toda forma de arrogância!

Senhor, quantas vezes temos diante de nós a personificação de Senaquerib,
Já não mais um rei da Assíria, e nem tão distante de nós no tempo e no espaço.
Senaquerib é a mais pura expressão daqueles que confiam nas forças das armas,
Do poder que se impõe pela força, a custa do sangue dos inocentes.

É também a expressão de quantos se acreditam eternos, arrogantes,
Submersos em sua petulância, egoísmo, indiferença, mediocridade.
Expressão daqueles que riem de quem nas mãos de Deus se coloca com santa confiança;
Daqueles que humilham os pequenos, pisando-lhes a fina flor da esperança.

Ó Senhor, que não sejamos contaminados por este vírus indesejável
Que nos afasta de Vós, roubando-nos e perdendo o que de mais belo possamos possuir:
A semelhança convosco, como tão bem e maravilhosamente nos criastes, por Vossas mãos divinas.
E, neste vaso de barro que somos, Hóspede de nossa alma Vós quisestes ser.

Ó Senhor, que aprendamos com o piedoso Ezequias,
Em todos os momentos, naqueles aparentemente insuperáveis,
Diante de Vossa presença sempre nos colocar e nos dobrar,
O coração abrir para nossas angústias, que bem conheceis, oferecer.

Sei que inclinais os Vossos ouvidos a quem Vos suplica.
Sei que voltais o Vosso olhar para os que a Vós se curvam.
Sei que o Vosso Amor, entranhado em nossa alma,
Reorienta, conduz, sustenta, anima, fortalece...

Ó Senhor, vinde em nosso socorro, a Vós suplicamos.
Sois nosso Deus desde sempre, Autor de nossa história.
Bem sabemos que convosco somos mais que vencedores,
Porque assim cremos, e nos falou o amável Apóstolo.

Naquele dia, agistes ao lado e a favor de Ezequias que a Vós suplicou;
Exterminando centenas de milhares com Vosso braço poderoso.
Ajudai-nos em nossas batalhas quotidianas, Vos suplicamos,
E eternamente, louvores, agradecimentos multiplicaremos.

Livrai-nos, Senhor, da terrível e empobrecedora arrogância humana.
Manifestai em nossa fragilidade a Vossa incomparável força divina.
Que Vossos ouvidos, olhos e coração para nós sempre se voltem.
Inclinai, Senhor, a nós que tão somente a Vós nos dobramos.

Ó Deus, por meio do Vosso Amado Filho, é que Vos suplicamos,
Por Ele, Jesus, em quem dois abismos se tocam maviosamente:
A fragilidade humana e o poder divino, paradoxalmente,
Na mais perfeita comunhão com Vosso Santo Espírito. Amém!



PS: Fonte inspiradora: Leitura (2Reis 19,9-11.14-21.31-36) – Liturgia da Palavra da terça-feira da 12ª semana do Tempo Comum (ano par).

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Quase seis anos depois... "Brasil pós-eleições: compromissos e desafios"


Seis anos depois...
"Brasil pós-eleições: compromissos e desafios"

Diante do momento político que vivemos como nação, voltemo-nos, mais uma vez, para a nota "Brasil pós-eleições: compromissos e desafios" da Presidência da CNBB − Conferência Nacional dos Bispos do Brasil − divulgada em 20 de novembro de 2014.

A nota chamava a atenção para responsabilidade daqueles que foram escolhidos nas eleições de outubro "a responsabilidade colocada sobre seus ombros de não frustrar as expectativas de quem os elegeu e seu compromisso com a ética, a verdade e a transparência no exercício de seu mandato, bem como o dever de servir a todo o povo brasileiro". 

A campanha eleitoral foi a ratificação do processo democrático brasileiro, no qual partidos, candidatos e eleitores puderam debater suas ideias e projetos.

Passadas as eleições, a nota acenava para a urgência da recomposição da unidade no respeito às diferenças e à pluralidade, próprias da democracia:

“Nada justifica a disseminação de uma divisão ou de ódio que depõe contra a busca do bem comum, finalidade principal da Política. O bem de todos coloca a pessoa humana e sua dignidade acima de ideologias e partidos”.

Mencionava a corrupção na Petrobras, acenavam também para a necessária superação da corrupção, porque nenhum país prospera com corrupção.

Falava de outra emergência inadiável que consiste na reforma política, e convicta disso, a CNBB se empenharia ainda mais na coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular proposto pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, não deixando de lado outras reformas igualmente urgentes como a tributária e a agrária.

Citando o Papa Francisco, reafirmava a importância da participação da Igreja na política como auxílio na construção de uma sociedade justa e fraterna:  

“A política, tão desacreditada, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (Papa Francisco. Evangelii Gaudium, n.205).

Ainda citando o Papa, acenava para o não relegar a religião para a intimidade secreta das pessoas:

“Ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos.

Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela” (Papa Francisco - Evangelii Gaudium, n.183).

Finalizava invocando as bênçãos de Nossa Senhora Aparecida para todo o Brasil, e os que foram eleitos para que sejam fiéis ao compromisso com o bem comum.

Passados três anos, os desafios continuam e não podemos nos curvar à perda da esperança, mas procurar caminhos que solidifiquem a verdadeira democracia, sem repetir os erros.

Vivemos sempre o tempo da denúncia, mas precisamos viver o momento do enunciar novos caminhos, novas propostas, a fim de que, de fato, através da política, que deve ser a sublime expressão da caridade, tenhamos ações que visem e promovam o bem comum.

Que não vejamos a crise como ponto final, mas sempre como possibilidade de novo recomeço.

Discípulos do Divino Mestre em busca da perfeita sintonia

 

Discípulos do Divino Mestre em busca da perfeita sintonia
 
Sejamos iluminados pelo Tratado sobre a verdadeira imagem do cristão, escrito pelo bispo São Gregório de Nissa (séc. IV).
 
“São três as coisas que manifestam e distinguem a vida cristã: a ação, a palavra e o pensamento. Das três, tem o primeiro lugar o pensamento. Em seguida, a palavra, que nos revela o pensamento concebido e impresso no espírito.
 
Depois do pensamento e da palavra vem, na ordem, a ação, realizando por fatos o que o espírito pensou.
 
Portanto, se alguma coisa na vida nos induz a agir ou a pensar ou a falar, é necessário que o nosso pensamento, a nossa palavra e a nossa ação sejam orientadas para a regra divina daqueles nomes que descrevem a Cristo, de modo a nada pensarmos, nada dizermos e nada fazermos que se afaste do seu alto significado.
 
Então, o que terá de fazer aquele que se tornou digno do grande nome de Cristo, a não ser examinar diligentemente os próprios pensamentos, palavras e ações, julgando se cada um deles tende para Cristo ou se lhe são estranhos?
 
De muitas maneiras operamos este magnífico discernimento. Tudo quanto fazemos, pensamos ou falamos com alguma perturbação, de nenhum modo está de acordo com Cristo, mas traz a marca e a figura do inimigo, que mistura a lama das perturbações à pérola da alma para deformar e apagar o esplendor da joia preciosa.
 
O que, porém, está livre e puro de toda afeição desordenada, relaciona-se com o Autor e Príncipe da tranquilidade, o Cristo.
 
Quem d’Ele bebe, como de Fonte pura e não poluída, as suas ideias e os seus sentimentos, revelará em si a semelhança com o princípio e a origem, tal como a água na própria fonte é igual a que corre no límpido regato e á que brilha na jarra.
 
De fato, é uma só e mesma a pureza de Cristo e a que se encontra em nossos espíritos. Mas a pureza de Cristo brota da fonte, enquanto a nossa dela flui e chega até nós, trazendo consigo a beleza dos pensamentos para a vida.
 
Portanto, a coerência do homem interior e do exterior aparece harmoniosa, quando os pensamentos que provêm de Cristo guiam e movem a modéstia e a honestidade de nossa vida”. (1)
 
Reflitamos sobre a nossa vida cristã autêntica, para encontramos a perfeita sintonia entre pensamento, palavra e ação, de tal modo que reavivemos e consolidemos nossa vocação e eleição.
 
Procuremos sempre esta perfeita sintonia, de tal modo que quanto maior for, mais autêntica vida cristã, e ressoando as palavras do Bispo, que a “lama das perturbações” não se misture à pérola de nossa alma, apagando o esplendor divino que em nós habita.
O Cardeal Martini (Vida Pastoral nº 266) nos apresenta quatro atitudes que, se verdadeiramente vividas, realizarão a premente necessidade de sintonia   entre o pensar, falar e agir, assegurando-nos criatividade e autenticidade como discípulos missionários de Jesus Cristo:
 
I. A Leitura orante da Bíblia – diariamente, nutrir-se pela Palavra de Deus, para que os pensamentos, por ela, sejam iluminados, expressos em palavras e gestos. O maior bem que se possa desejar e alcançar.
 
II. O autocontrole – a vontade de Deus há de prevalecer sobre as próprias vontades, com disciplina, renúncia, acrisolamento, amadurecimento, despojamento, desprendimento; alcançando o amadurecimento no discipulado, afastando toda possibilidade de esgotamento e vazio existencial.     
 
III. O Silêncio – Mais do que nunca, é necessário afastar-se da insana escravidão do barulho e das conversas, muitas vezes, inúteis e desnecessárias. Dedicar, ao menos, meia hora por dia para o silêncio e meio-dia a cada semana para pensar em si mesmo, refletir e rezar. Aparentemente inviável e impossível, mas é preciso dar o primeiro passo.
 
IV. A Humildade – O Espírito Santo é o verdadeiro protagonista da Evangelização. Há de se ter a consciência de que sem o sopro do Espírito nada somos e nada podemos. Dele procedem todos os dons e a graça para que consigamos viver o que falamos, falar o que pensamos e pensar o que rezamos.
 
A credibilidade da Igreja está relacionada ao seu testemunho do indizível Amor divino, sem incoerências execráveis, na mais perfeita fidelidade Àquele que é a Perfeitíssima Coerência: Cristo Jesus, Nosso Senhor; entranhados em Seu coração e envolvidos pelos laços de Sua indispensável ternura. 
 
A triplicidade vivida é fundamental para o alcance da autêntica felicidade, de modo que, a sua ausência abre espaço para incoerências, infidelidades, contratestemunhos e escândalos, enfraquecendo o conteúdo da Palavra Divina que anunciamos, do Projeto do Reino que acreditamos e do Mistério que celebramos.    
 
Reflitamos:
- Como alcançá-la?
- Qual o caminho para encurtar eventuais distanciamentos entre o que pensamos, falamos e fazemos?
 
Concluo: quer pensemos, quer falemos, quer façamos qualquer coisa, façamos em nome do Senhor Jesus. 
 
A vida cristã será cada vez mais autêntica, quanto mais encurtemos a distância entre o que pensamos, falamos e agimos, sempre dentro dos propósitos do Evangelho, para melhor correspondermos ao que Deus espera de cada um de nós. Amém!
 
  

(1) Liturgia das Horas – Vol. III – pp.354-355.

Sem murmurações, julgamentos e desprezo


Sem murmurações, julgamentos e desprezo

Na segunda-feira da 12ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 7,1-5).

Iluminadora é a “Conferência sobre o julgamento do próximo”, escrita por São Doroteu de Gaza (séc. VI), para a reflexão desta passagem do Evangelho.

“Irmãos, se recordarmos bem as sentenças dos santos anciãos e as meditamos sem cessar, difícil será que pequemos ou que sejamos negligentes.

Se como eles nos dizem, não menosprezarmos o pequeno e aquilo que julgamos insignificante, não cairemos em faltas graves. O repito sempre a vocês. Por coisas ligeiras, como dizer por exemplo: ‘O que  é isto? O que é aquilo?’, nasce um mau hábito na alma, e se começa a desprezar inclusive as coisas importantes. Percebem quão grave é o pecado que se comete ao julgar o próximo? O que há de mais grave? Existe algo que Deus deteste tanto e do qual se afaste com tanto horror?

Os Padres disseram: ‘nada é pior do que julgar'. E, contudo, é por estas coisas que se dizem ser de pouca importância, que se chega a um mal tão grande. Se admite uma ligeira suspeita contra o próximo, se pensa: ‘O que importa se escuto o que tal irmão diz? O que importa se também eu digo somente esta palavra? O que importa se vejo o que vai fazer aquele irmão ou aquele estranho?’, e o espírito começa a esquecer os seus próprios pecados e a ocupar-se do próximo. Daí vem os juízos, murmurações e desprezos, e finalmente se cai nas faltas que se condenavam.

Quando alguém é negligente, a respeito de suas próprias misérias, quando alguém não chora a sua própria morte, segundo a expressão dos padres, não pode corrigir-se nunca, porque se ocupa constantemente do próximo. Entretanto, nada irrita tanto a Deus, nada despoja ao homem e lhe conduz ao abandono, como fato de murmurar do próximo, de julgá-lo e de desprezá-lo.

Murmurar, julgar e desprezar são coisas diferentes. Murmurar é dizer de alguém: ‘aquele mentiu’, ou: ‘enraivecer-se’, ou: ‘fornicou’. Ou outra coisa semelhante. Se murmurou dele, ou seja, se falou contra ele se revelou seu pecado, existe impulsos da paixão.

Julgar é dizer: ‘aquele é um mentiroso, colérico, fornicário’. Eis aí que se julga a própria disposição de sua alma e se aplica a sua vida inteira, dizendo que ele é assim, e se lhe julga como tal. Isto é grave. Porque uma coisa é dizer: ‘encolerizou-se’, e outra coisa: ‘é colérico’, pronunciando-se desta forma sobre toda a sua vida.

Julgar ultrapassa em gravidade a todos os pecados, de modo que Cristo mesmo disse: ‘Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás tirar o cisco do olho do teu irmão’. A falta do próximo a comparou com um cisco, e o juízo uma trave, pois o julgar é muito grave, mais grave talvez que cometer qualquer outro pecado.

O fariseu que orava e dava graças a Deus por suas boas ações, não mentia; mas dizia a verdade; não foi condenado por isso. Na realidade devemos dar graças a Deus pelo bem que Ele nos concede realizar, já que é com a Sua ajuda e Seu auxílio.

Desta forma, ele não foi condenado por ter dito: “Não sou como os demais homens’; não. Foi condenado quando, voltando-se para o publicano, acrescentou: ‘nem como esse publicano’. Foi então quando se tornou gravemente culpado, porque julgava a própria pessoa do publicano, as próprias disposições de sua alma, em uma palavra: sua vida inteira. Por isso, o publicano partiu dali justificado e ele não. Não há nada mais grave, nada mais prejudicial, e o digo com frequência, que julgar ou desprezar ao próximo”.

À luz da Conferência, reflitamos sobre os nossos relacionamentos quotidianos, e o quanto também podemos incorrer em graves murmurações, julgamentos e desprezos, tornando desagradáveis a Deus nossas palavras e orações.

Antes, é preciso que nos voltemos para nossa própria “miséria”, como o autor mesmo afirma, e sintamos a necessidade da misericórdia divina, sem nos tornarmos parâmetros de santidade e salvação para o outro.

É sempre tempo de aprendermos a viver a misericórdia, compadecendo-se com fragilidade do nosso próximo, o que não é sinônimo de conivência, cumplicidade. 

A misericórdia divina não se afasta da justiça, tão pouco da verdade, não exclui nem elimina o pecador, mas abomina o seu pecado.

Urge que aprendamos e vivamos a misericórdia querida por Deus, a fim de que sejamos misericordiosos como o Pai (Lc 6, 36), e tão somente assim, nossas orações se tornarão agradáveis e chegarão ao coração de Deus,   sendo por Ele ouvidas, e assim, alcançaremos a justificação.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp.741-743


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