terça-feira, 28 de outubro de 2025

“Peregrinando na penumbra da Fé”

“Peregrinando na penumbra da Fé”

Acontecimento: Missa de renovação das promessas batismais das crianças da Catequese, com vistas à Primeira Eucaristia.

Liturgia do dia: Solenidade de todos os Santos e Santas, com a riqueza da Palavra Proclamada: Ap 1; Sl 23; 1Jo 3,1-3; Mt 5, 1-12a.

Acenei para os cinco vitrais, entre tantos, que enriquece a Igreja em que nos encontrávamos.

1 – O primeiro vitral: o Batismo de Jesus no Rio Jordão por João Batista, remetendo-nos ao acontecimento celebrado: a renovação de nosso Batismo. Para que o vivamos precisamos fazer renúncias cotidianas, e professar, com alegria, as verdades da fé que nos movem e nos solidificam neste caminho de santidade.

2 – O segundo vitral: uma das pregações de Santo Antônio, que embora encontrando indiferença da parte de alguns, não encontrou da parte dos peixes, que segundo consta, puseram-se a ouvi-lo, atentamente.  Acenei para a caminhada catequética feita, o anúncio da Palavra, o conhecimento da Doutrina Católica, a fome que todos temos da Palavra de Deus, de modo especial, comunicada na Missa com a Liturgia da Palavra em que Cristo Se faz Pão.

3 – O terceiro vitral: a famosa cena da mula, que depois de dias sem comer, curva-se diante da Eucaristia por Santo Antônio apresentada. Motivei a perseverança na caminhada catequética, dando mais alguns passos para que cheguemos ao grande dia de reconhecermos a presença de Jesus na Eucaristia, o Mistério da fé que cremos. Ele está verdadeiramente no Pão e no Vinho Consagrado, transubstanciado. Em cada Missa também somos alimentados pelo Pão da Eucaristia e inebriados pelo Sangue de Cristo, Verdadeira Comida e Bebida para o caminho que fazemos, na penumbra da fé, esperançosos da Jerusalém Celeste, aguardando a segunda vinda do Senhor.

4 – O quarto vitral: Santo Antonio partilhando um pedaço de pão.
Inspira-nos a vivência da caridade, do amor, da partilha, da solidariedade, como viveram as primeiras comunidades, aqueles que se encontram para a Fração do Pão, para o Encontro Eucarístico. Quem se alimenta do Pão e da Palavra e do Pão da Eucaristia, como discípulo missionário, é enviado ao mundo para ser sinal de alegre partilha, promovendo a vida plena para todos.

5 – O quinto vitral: Santo Antonio segura o Menino Jesus, como que O ofertando, apresentando ao mundo. Esta é nossa missão, formar e gerar Cristo em nós, em cada Banquete Eucarístico que participamos, oferecendo a luz e o Amor de Deus ao mundo, sendo sinal de Sua presença para tantos quantos precisam.

Todo batizado em nome da Trindade Santa tem esta maravilhosa missão, como discípulos missionários do Senhor: nutrido pela Palavra e pela Eucaristia, dar razão de sua esperança, viver o o seu Batismo, testemunhar a sua fé, com gestos concretos de amor e partilha.

O convite da Missa: sermos Santos como Deus é Santo! Vivendo na comunhão com todos os Santos e Santas que nos precederam na Glória Celeste; que lavaram e alvejaram as suas vestes no Sangue do Cordeiro.

Por isto, em cada Eucaristia que celebramos, subimos à Montanha Sagrada, nos assentamos aos pés do Senhor, que nos ensina e nos propõe um Projeto de vida, santidade e felicidade: as Bem-Aventuranças...

Inspirado nos cinco vitrais e iluminados pela Palavra proclamada não nos percamos no caminho, nesta trilha iluminada da Santidade.

Ainda que o leitor não conheça os referidos vitrais, poderá conhecer outros que também levam a reflexões e Orações; que elevam a alma e iluminam nossa caminhada na penumbra da fé, esperançosos da Jerusalém Celeste que há de vir, como também expressa o Prefácio desta Missa Solene:

“Festejamos hoje a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os Santos, Vos cercam e cantam eternamente o Vosso louvor. Para essa cidade caminhamos pressurosos, peregrinando na penumbra da Fé”.


PS: Celebração em novembro de 2013, na Paróquia Santo Antônio de Gopoúva - Diocese de Guarulhos - SP - em novembro de 2013

Lavemos nossas vestes no Sangue do Cordeiro

Lavemos nossas vestes no Sangue do Cordeiro

A Solenidade de Todos os Santos nos convida a viver intensamente a realidade mais profunda e misteriosa da Igreja, que ainda peregrina na terra (Igreja militante), saboreia e vive os bens do céu (Igreja triunfante).

Unimo-nos, pela Celebração da Eucaristia, jubilosos, com todos os santos, ou seja, com aqueles que percorreram o caminho das Bem-Aventuranças, acolheram Jesus Cristo e a Boa-Nova do Reino, lavaram as “vestes no Sangue do Cordeiro”, e agora estão na glória celeste.

Estão diante de Deus e do Cordeiro de vestes brancas (símbolo de glória celeste), e com as palmas nas mãos (símbolo de martírio, da vitória e da alegria).

Adoram a Deus e ao Cordeiro, continuamente, pois d’Eles receberam a Salvação e a eternidade, e a graça de contemplar a face divina, de alcançar o que professaram.

Celebrando esta Solenidade, renovemos a graça de também nos inserir na mesma caminhada, peregrinando na sombra da fé, até que um dia alcancemos a luminosidade eterna, vivendo as Bem-Aventuranças, sendo pobres, mansos, misericordiosos, pacificadores, corajosos nas adversidades provações e perseguições por causa de Jesus e Seu Evangelho, como Igreja que somos.

Sejamos discípulos e missionários do Senhor; d’Ele que “foi tão pobre, que nasceu numa estrebaria; tão manso, que se propôs como modelo desta virtude (cf.Mt 11,29; 21,5); tão misericordioso, que pôde afirmar: ‘Quero misericórdia e não o sacrifício’ (Mt 9,13; cf Os 6,6); tão pacificador, que Se tornou ‘a nossa paz’ (Ef 2,14); tão puro de coração, que pôde afirmar: ‘O Meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e realizar a Sua Obra’ (Jo 4,34); tão ‘perseguido’, que acabou por morrer mártir” (1)

Tenhamos o olhar fixo em Jesus, Aquele que não somente nos deu as Bem-Aventuranças como um projeto de vida, mas as viveu perfeita e plenamente.

Vivamos a vocação à santidade, que é de todos os membros da Igreja, e assim, que os pensamentos, sentimentos e atitudes de Jesus sejam para nós fonte de graça, e as Bem-Aventuranças, um caminho em direção à santidade. 

Em poucas palavras...

                                                      


Povo santo e pecador

“«Enquanto que Cristo, santo e inocente, sem mancha, não conheceu o pecado, mas veio somente expiar os pecados do povo, a Igreja, que no seu próprio seio encerra pecadores, é simultaneamente santa e chamada a purificar-se, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e renovação» (Lumen Gentium n.8).

Todos os membros da Igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores (1Jo 1,8-10). Em todos eles, o joio do pecado encontra-se ainda misturado com a boa semente do Evangelho até ao fim dos tempos (Mt 13,24-30).

A Igreja reúne, pois, em si, pecadores abrangidos pela salvação de Cristo, mas ainda a caminho da santificação:

A Igreja «é santa, não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade. 

É por isso que ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo» (São Paulo VI).” (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 827

Todos somos chamados à Santidade

                                                         


Todos somos chamados à Santidade

Todos somos convidados a refletir sobre a Santidade, para vivermos mais intensamente a graça do Batismo.

Deus nos predestinou a sermos Santos, de modo que a Santidade é a nossa única vocação.

Viver a Santidade não é a ausência do pecado, mas a presença da graça de Deus que nos santifica. Ele nos criou para sermos Santos, e a Santidade deve ser vista como um presente de Deus.

A Santidade é uma iniciativa de Deus e uma resposta nossa. Portanto, é impossível ser de Deus e não ser feliz.

Mas o que é ser santo?

É viver o grande milagre do amor. Sendo assim, a Santidade não é uma tarefa acabada, mas um projeto infinito, numa edificação incansável de um mundo mais justo e fraterno.

Viver a Santidade é subir uma escada com muitos degraus que não tem fim, ou melhor, leva-nos para o céu. E, através de nossas atitudes cotidianas de amor, almejamos a graça de um dia contemplar a Deus.

Santidade implica na acolhida da Graça Divina, enfrentando as dificuldades, os sofrimentos, de modo que o sofrer possa se tornar uma graça santificante, nos fortificando, ainda que não curados de uma eventual enfermidade, mas fortalecidos em todos os aspectos, e com a cura da alma que nos faz experimentar a força divina, como bem falou o Apóstolo: 

"Por isto, me comprazo nas fraquezas, nos opróbrios, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Cor 12,10).

Ao final de cada dia, devemos nos perguntar: 

Quantos degraus subi ou desci na escada da Santidade?

Oremos:

Ao celebrarmos, Ó Deus, Todos os Santos, nós Vos adoramos e admiramos, porque só Vós sois o Santo, e imploramos que a Vossa Graça nos santifique na plenitude do Vosso Amor, para que, desta mesa de peregrinos, passemos ao Banquete do Vosso Reino. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!”

A ação evangelizadora à luz das Bem-Aventuranças



A ação evangelizadora à luz das Bem-Aventuranças

 “Bem-Aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos Céus...”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho (Mt 5, 1-12), em que Jesus nos apresenta, no alto da Montanha, as Bem-Aventuranças.

Na realização das atividades pastorais, é sempre oportuno rever objetivos e estratégias para melhor anunciarmos e testemunharmos a Boa-Nova do Evangelho.

Sem dúvida, somente na vivência das Bem-Aventuranças, é que realizaremos o Projeto de vida no encontro da verdadeira felicidade, que é, ao mesmo tempo, o caminho de santidade que todos somos chamados a trilhar, rumo a glória da eternidade.

Conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, seremos pobres em espírito, com absoluta e incondicional confiança em Deus; possuiremos a mansidão necessária para enfrentarmos as situações adversas; viveremos as aflições cotidianas, certos de que Deus jamais nos desampara, e nos dá Seu consolo, força e proteção.

Nossa fome e sede de justiça serão saciadas, e não nos omitiremos nos sagrados compromissos por um novo céu e uma nova terra, com relações que expressem maior fraternidade e comunhão.

Viveremos a misericórdia, expressa na acolhida, no perdão, na solidariedade, capacitando-nos e nos colocando com alegria como instrumentos da paz, para sinalizar a presença do Reino de Deus em nosso meio.

Iluminados por elas, teremos a pureza de coração e de alma necessária, gerando e formando Cristo em nós e nos outros, com maturidade e coragem para suportar eventuais insultos, calúnias, tormentos, perseguições e, até mesmo a morte, se ela se fizer presente, ainda que indesejável, como assim testemunharam os profetas, apóstolos, mártires e tantos cristãos, nesta longa história de amor e fidelidade ao Senhor.

Pelas Bem-Aventuranças iluminados evangelizaremos com amor, zelo e alegria, com a presença do Espírito do Senhor que repousa sobre nós (Lc 4,18).

Evidentemente, viver as Bem-Aventuranças, como projeto e desafio permanente, exige que carreguemos a cruz cotidianamente com suas necessárias renúncias, o que somente será possível se crermos piamente que Jesus viveu, morreu e desceu à mansão dos mortos, mas Ressuscitou triunfalmente ao terceiro dia.

Crendo no Cristo vivo e Ressuscitado, glorioso, sentado à direita do Pai, renovemos a alegria de combatermos o bom combate da fé, no tempo presente, (como Igreja militante), rumando ao céu, para nos juntarmos àqueles que já se encontram na glória da eternidade (Igreja triunfante), sem deixar de elevarmos orações por aqueles que entre nós viveram, mas ainda não podem contemplar a face divina, devido aos seus pecados (Igreja padecente).

Sejamos sempre conduzidos e iluminados pelas Bem-Aventuranças, com a convicção de que seremos julgados por Deus: “No entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz).

Os Santos contemplam a glória dos céus

Os Santos contemplam a glória dos céus

Celebrando a Solenidade de todos os Santos, reflitamos um dos Sermões do Abade São Bernardo (Séc. XII), em que nos ilumina sobre a frutuosa devoção aos Santos e Santas.

"Para que louvar os Santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas, a eles que, segundo a promessa do Filho, o mesmo Pai celeste glorifica?

De que lhes servem nossos elogios? Os Santos não precisam de nossas
homenagens, nem lhes vale nossa devoção. Se veneramos os Santos, sem dúvida nenhuma, o interesse é nosso, não deles. Eu por mim, confesso, ao recordar-me deles, sinto acender-se um desejo veemente.

Em primeiro lugar, o desejo que sua lembrança mais estimula e incita é o de gozarmos de sua tão amável companhia e de merecermos ser concidadãos e comensais dos espíritos bem-aventurados, de unir-nos ao grupo dos patriarcas, às fileiras dos Profetas, ao senado dos Apóstolos, ao numeroso exército dos mártires, ao grêmio dos confessores, aos coros das virgens, de associar-nos, enfim, à comunhão de todos os Santos e com todos nos
alegrarmos.

A assembleia dos primogênitos aguarda-nos e nós parecemos indiferentes! Os Santos desejam-nos e não fazemos caso; os justos esperam-nos e esquivamo-nos. 

Animemo-nos, enfim, irmãos. Ressuscitemos com Cristo. Busquemos as realidades celestes. Tenhamos gosto pelas coisas do alto.

Desejemos aqueles que nos desejam. Apressemo-nos ao encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pelos votos do coração aos que nos esperam. Seja-nos um incentivo não só a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade.

Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa a paixão pela glória deles.

O segundo desejo que brota em nós pela comemoração dos Santos consiste em que Cristo, nossa vida, tal como a eles, também apareça a nós e nós juntamente com ele apareçamos na glória.

Enquanto isto não sucede, nossa Cabeça não como é, mas como Se fez por nós, se nos apresenta. Isto é, não coroada de glória, mas com os espinhos de nossos pecados.

É uma vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos. Por enquanto a púrpura não lhe é sinal de honra, mas de zombaria. Será sinal de honra quando Cristo vier e não mais se proclamará Sua morte, e saberemos que nós estamos mortos com Ele, e com Ele escondida nossa vida.

Aparecerá a Cabeça gloriosa e com ela refulgirão os membros glorificados, quando transformar nosso corpo humilhado, configurando-o à glória da Cabeça, que é Ele mesmo.

Com inteira e segura ambição cobicemos esta glória. Contudo para que nos seja lícito esperá-la e aspirar a tão grande felicidade, cumpre-nos desejar com muito empenho a intercessão dos Santos.

Assim, aquilo que não podemos obter por nós mesmos, seja-nos dado por sua intercessão".

O Abade confessa sentir acenderem-se desejos veementes:

- O primeiro desejo: gozar de tão amável companhia,e por isto, Ressuscitados com Cristo, busquemos as realidades celestes, com gosto pelas coisas do alto.

- O segundo desejo: que Cristo, nossa vida, tal como a eles, também apareça a nós e, nós, juntamente com Ele, apareçamos na glória.

Para tanto, exorta-nos para que cobicemos esta glória, contando com a intercessão dos Santos
, e tê-los como companhia enquanto vivemos o tempo do combate, enquanto peregrinamos no tempo presente, é para nós motivo de júbilo e certeza de vitória.

Na fidelidade ao Senhor, temos Santos e Santas que viveram a graça do Batismo; lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro; alvejaram-nas; viveram as Bem-Aventuranças como um Projeto de Vida que o Senhor nos apresentou na montanha, e hoje veem a face de Cristo, contemplam a glória de Deus na comunhão com o Santo Espírito.

Contemos com a intercessão dos Santos e Santas, procurando imitar suas virtudes, para não incorrermos em estéril devoção, e um dia fazermos nosso encontro definitivo na glória dos céus, onde eles já se encontram.

Oração dos Cristãos Leigos e Leigas

                                                      


Oração dos Cristãos Leigos e Leigas

Senhor Jesus Cristo, Vivo e Ressuscitado, Vós nos apresentastes,  o Sermão da Montanha, como um Projeto de vida plena e feliz a ser vivido na planície, com renúncias necessárias, em total adesão e fidelidade, carregando nossa cruz de cada dia, na prática das bem-aventuranças.

Senhor, que sejamos pobres em espírito, abertos e confiantes na onipotência da Misericórdia do Vosso Pai, para que, como templos do Espírito Santo, irradiemos luminosidade onde vivemos, e como sal da terra, cuidemos do planeta em que habitamos, nossa casa comum.

Que saibamos viver os sins e os nãos, com sabedoria e firmeza, quando formos chamados a dar razão de nossa esperança, no fecundo testemunho da fé, acompanhado de gestos concretos de partilha, comunhão, solidariedade, como sinais do Vosso Reino.

Que saibamos dizer não à cultura do descartável; à globalização da indiferença; à violência de mil rostos; à idolatria do poder e do dinheiro; à busca do sucesso, fama e glória a qualquer preço; ao autoritarismo; à omissão de sagrados compromissos com a dignidade e sacralidade da vida.

Mas, que saibamos dizer sim à beleza da vida; à alegria da evangelização, missão que nos confiastes de ser sal da terra, luz do mundo e fermento na massa; à vida de comunidade; à comunhão com os ministérios ordenados, numa fecunda espiritualidade de comunhão ao Vosso Evangelho; à graça dos Sacramentos; ao amor fraterno; à vocação universal de santidade.

Senhor, nós Vos adoramos e glorificamos, Vós que viveis e reinais com o Pai na mais bela e plena comunhão com o Espírito, por nos  acolher como filhos e filhas pelo batismo, e pedimos que nos acompanheis com Vossa graça, para que Vos seguindo, com o nosso agir, a  verdade, a justiça, o amor e a solidariedade floresçam e se espalhem em nosso mundo

Fazei que compreendamos melhor que a nossa missão é o sair de si, em doação generosa, dando sabor de Deus à vida, dissolvendo silenciosamente em favor da vida plena e feliz e cheia de luz, com um coração sábio para gerar luz, sabedoria, como Vós fizestes, na fidelidade ao Vosso Evangelho, Luz para todos os povos.

Senhor, afastai de nós todo o medo, firmai nossos passos, solidificai nossa fé, esperança e caridade, num vínculo a ser vivido até a glória eterna, unindo-nos aos que nos precederam, e que já se encontram no repouso eterno, contemplando Vossa face luminosa. E por fim, que tenhamos Vossa Mãe como companheira e figura da Igreja. Amém.


A montanha e a planície de cada dia

Uma manhã fria, em que os raios do sol timidamente se escondem, como que desafiando a descida do Sol Nascente do alto da Montanha.

Era de manhã, ou tarde, pouco importa, o que importa é que acabara de apresentar aos discípulos o mais belo programa de vida: “O Sermão da Montanha”, as “Bem-Aventuranças”.

Suas Palavras naquele dia, como em todos os outros, para sempre gravadas na alma dos Seus e chegando até nós, comunicando calor, luminosidade que o mundo não pode dar.

Contemplo-O descendo a Montanha, com sorriso nos lábios, olhar de ternura para todos que a Ele se voltam: uma Palavra de perdão, compreensão, esperança, dos lábios saem.

Contemplo o sair dos Seus lábios palavras duras denunciando toda hipocrisia, maldade, indiferença, ambição, marginalização, exclusão que roubam a beleza da vida da humanidade.

Contemplo-O passando entre os pobres, que as mãos para Ele dirigem, rastejando no chão, com a mais doce confiança e espera de uma cura, força renovada, desejada libertação.

Como que ouço Seus passos, deixando pegadas para serem seguidas para sempre por quem quiser ser Seu discípulo, para ser d’Ele luz do mundo, sal da terra, vivendo a primazia do amor.

Contemplo Seu Coração, como que ouvindo as batidas de misericórdia e compaixão, o mesmo coração que foi transpassado, na mais sublime expressão de amor que ama até o fim.

Contemplo o Seu Coração pela lança transpassado, jorrando Água e Sangue, para vida nova nos comunicar (Batismo) e Alimento de eternidade nos conceder (Eucaristia).

Naquela tarde de nossa salvação, os lábios sem vida, os olhos cerrados, mas antes a humanidade a Mãe confiado, na pessoa do discípulo que tanto amava.

Naquela tarde, mãos e pés pregados, coração trespassado, precedidos de dor, choro, agonia a morte, enfrentados sem covardia, em fidelidade incondicional ao Pai por amor de nós.

Agora não mais na Cruz, contemplamos e cremos que Ele está glorioso, Ressuscitado, à direita do Pai sentado, tendo o Espírito a nós enviado, para Sua divina missão ser continuada.

É sempre tempo de subir à montanha, ouvir o que nos diz o Senhor; depois descer e, nutridos pelo Pão de cada dia, a fé, a esperança e o amor viver.

Não tenhamos medo, firmemos nossos passos, solidifiquemos nossa fé, esperança e caridade, num vínculo a ser vivido até a glória eterna, unindo-nos aos que nos precederam. Amém.

PS: Apropriado para a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 6,17.20-26; Mt 5,1-12) 

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