sexta-feira, 19 de abril de 2024

A madeira e o Madeiro

                                                                         

A madeira e o Madeiro

Com um dos Sermões do Diácono Santo Efrém (séc. IV),  contemplamos o admirável Amor de Deus por nós, testemunhado pela fidelidade de Seu Filho, na comunhão do Espírito.

“Nosso Senhor foi calcado pela morte, mas por Sua vez, esmagou-a como quem soca com os pés o pó da estrada. Sujeitou-Se à morte e aceitou-a voluntariamente, para destruir aquela morte que não queria morrer.

Nosso Senhor saiu para o Calvário, carregando a Cruz, para satisfazer as exigências da morte; mas ao soltar um brado do alto da Cruz, fez sair os mortos dos sepulcros, vencendo a oposição da morte.

A divindade ocultou-se sob a humanidade e assim aproximou-se da morte, que matou, mas também foi morta. A morte matou a vida natural e, por sua vez, foi morta pela vida sobrenatural. A morte não poderia devorá-Lo se não tivesse um corpo, nem o inferno tragá-Lo se não tivesse carne.

Foi por isso que desceu ao seio de uma Virgem para tomar um corpo que O conduzisse à mansão dos mortos. Com o corpo que assumira, lá entrou para destruir suas riquezas e arruinar seus tesouros.

A morte foi ao encontro de Eva, a mãe de todos os viventes. Ela é como uma vinha cuja cerca foi aberta pela morte, por meio das próprias mãos de Eva, para que pudesse provar de seus frutos.

Então, Eva, mãe de todos os viventes, tornou-se fonte da morte para todos os viventes.

Floresceu, porém, Maria, a nova videira, em lugar de Eva, a antiga videira; nela habitou Cristo, a nova vida, a fim de que, ao aproximar-se a morte com sua habitual segurança para alimentar a fome devoradora, encontrasse ali escondida no seu fruto mortal, a Vida destruidora da morte.

Quando, pois, a morte engoliu sem temor o fruto mortal, Ele libertou a vida e com ela, multidões. O Admirável Filho do carpinteiro, que levou Sua Cruz até os abismos da morte que tudo devoravam, também levou o gênero humano para a morada da vida.

E uma vez que o gênero humano, por causa de uma árvore, tinha se precipitado no reino das sombras, sobre outra árvore passou para o reino da vida.

Na mesma árvore em que fora enxertado um fruto amargo, foi enxertado um fruto doce, para que reconheçamos o Senhor a quem criatura alguma pode resistir.

Glória a Vós, que lançastes a Cruz como uma ponte sobre a morte, para que através dela as almas possam passar da região da morte para a vida!

Glória a Vós, que assumistes um corpo de homem mortal, para transformá-Lo em fonte de vida para todos os mortais! Vós que viveis para sempre!

Aqueles que Vos mataram, trataram Vossa vida como os agricultores: enterraram-Na como o grão de trigo; mas Ela ressuscitou e, junto com Ela, fez ressurgir uma multidão de seres humanos.

Vinde, ofereçamos o grande e universal sacrifício do nosso amor. Entoemos com grande alegria cânticos e orações Àquele que Se ofereceu a Deus no sacrifício da Cruz, para nos enriquecer por meio dela com a abundância de Seus dons”.


Verdadeiramente a Cruz de Cristo é salvação para todo o gênero humano!

Contemplemos José e o Menino Jesus...
O jovem Jesus trabalhando ao seu lado. O Filho do carpinteiro aprendendo com Seu pai adotivo o manejar das ferramentas, o labor com a madeira. A primeira casa, a primeira barca, a primeira cadeira, a primeira mesa...

Martelos, pregos, madeira na mão, algo novo nascendo das mãos do Salvador que Se fez criança, homem, assumindo nossa corporeidade, humanidade.

Contemplemos o Menino Jesus na carpintaria, na oficina de José:
Pregos, madeira... Ali martelando, pregando,  a criação continuando.

Contemplemos Jesus, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus, no Calvário, lá no alto da Cruz: Pregos, madeiro... Ali sendo crucificado e o mundo redimindo.

Contemplemos Jesus, Vivo e Ressuscitado, sentado à direita de Deus, a quem elevamos toda a honra, glória, poder e louvor.

Da contemplação ao compromisso de amor e fidelidade a Ele, o mesmo ontem, hoje e sempre. Amém. Aleluia! 

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