A montanha e a planície de cada dia
Uma manhã fria, em que os raios do sol timidamente se escondem, como que desafiando a descida do Sol Nascente do alto da Montanha.
Era de manhã, ou tarde, pouco importa, o que importa é que acabara de apresentar aos discípulos o mais belo programa de vida: “O Sermão da Montanha”, as “Bem-Aventuranças”.
Suas Palavras naquele dia, como em todos os outros, para sempre gravadas na alma dos Seus e chegando até nós, comunicando calor, luminosidade que o mundo não pode dar.
Contemplo-O descendo a Montanha, com sorriso nos lábios, olhar de ternura para todos que a Ele se voltam: uma Palavra de perdão, compreensão, esperança, dos lábios saem.
Contemplo o sair dos Seus lábios palavras duras denunciando toda hipocrisia, maldade, indiferença, ambição, marginalização, exclusão que roubam a beleza da vida da humanidade.
Contemplo-O passando entre os pobres, que as mãos para Ele dirigem, rastejando no chão, com a mais doce confiança e espera de uma cura, força renovada, desejada libertação.
Como que ouço Seus passos, deixando pegadas para serem seguidas para sempre por quem quiser ser Seu discípulo, para ser d’Ele luz do mundo, sal da terra, vivendo a primazia do amor.
Contemplo Seu Coração, como que ouvindo as batidas de misericórdia e compaixão, o mesmo coração que foi transpassado, na mais sublime expressão de amor que ama até o fim.
Contemplo o Seu Coração pela lança transpassado, jorrando Água e Sangue, para vida nova nos comunicar (Batismo) e Alimento de eternidade nos conceder (Eucaristia).
Naquela tarde de nossa salvação, os lábios sem vida, os olhos cerrados, mas antes a humanidade a Mãe confiado, na pessoa do discípulo que tanto amava.
Naquela tarde, mãos e pés pregados, coração trespassado, precedidos de dor, choro, agonia a morte, enfrentados sem covardia, em fidelidade incondicional ao Pai por amor de nós.
Agora não mais na Cruz, contemplamos e cremos que Ele está glorioso, Ressuscitado, à direita do Pai sentado, tendo o Espírito a nós enviado, para Sua divina missão ser continuada.
É sempre tempo de subir à montanha, ouvir o que nos diz o Senhor; depois descer e, nutridos pelo Pão de cada dia, a fé, a esperança e o amor viver.
Não tenhamos medo, firmemos nossos passos, solidifiquemos nossa fé, esperança e caridade, num vínculo a ser vivido até a glória eterna, unindo-nos aos que nos precederam. Amém.
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