Comprometidos com o Bom Pastor
Somente n’Ele está a nossa Salvação!
A fé e a razão no coração e na
mente das “ovelhas” do Bom Pastor...
O Missal Dominical nos propõe, para o Domingo do Bom Pastor, uma reflexão, que tem como título e fio condutor: “Somente no nome de Jesus Cristo está a nossa Salvação”:
“O mediador único da Salvação é Jesus de Nazaré. Todos os outros títulos só servem para qualificar o Nome de Jesus, "Deus salva". Deus salva a humanidade no homem Jesus, em quem Se encontram a total disponibilidade e fidelidade da criatura com a "benevolência" e o Amor do Criador e Pai.
A pessoa (o nome) do Homem-Deus, perfeito acabamento da salvação, traz em Si o apelo à plenitude de vida e de amor que todo homem deseja, e a resposta, isto é, o cumprimento. [...]
A exigência da "Salvação" se faz sentir hoje com urgência em toda a nossa civilização. Depois dos otimismos exuberantes do século passado, que viam na ciência, então em seus primeiros passos, uma promessa de Salvação para todos os males do homem, nossos contemporâneos se tornaram mais cautelosos.
A ciência como, aliás, todas as realidades humanas, revelaram sua face ambígua. Ainda hoje existem os que esperam a salvação da ciência, da economia, da técnica, da projeção estatística e da "futurologia". Mas seu número é cada vez mais escasso, seu otimismo cada vez mais condicionado.
Todos os humanismos ateus insistem unicamente no homem e em seu esforço por obter a salvação. Mas sua atitude termina em dois estados de espírito: a presunção ou o desespero.
A presunção de Prometeu, que escala os céus e desafia os deuses, arrebatando-lhes o fogo sagrado. O desespero de Sísifo, que considera inútil sua longa fadiga, vão seu esforço. E então se esgota num cinismo cético e pessimista, renunciando à esperança. [...]
O cristão sabe que só há Salvação em Cristo. Ele é o único Salvador. Em nenhum outro e em nada mais há Salvação: nem na ciência nem na técnica, na economia ou na arte. Somente em Cristo. E não é uma Salvação parcial, puramente "espiritual". Atinge o homem em sua, globalidade, liberta-o e o salva interiormente para que se possa libertar e salvar também em todas as outras dimensões de seu ser, individual e social.
Salvação do homem todo. Salvação de todos os homens. Salvação que tem sua garantia de êxito na Páscoa do Senhor. O Vaticano II diz que os sacerdotes, para iniciar o povo na vivência do Mistério Pascal de Cristo, devem aprender a procurá-lo na meditação fiel da Palavra de Deus, na participação ativa dos Mistérios da Igreja, no bispo e especialmente nos pobres, pequeninos, enfermos, pecadores e incrédulos”
Mais uma vez aparece a clara relação que deve existir entre a fé e a razão. Uma não pode prescindir da outra.
Jamais a Igreja negou a contribuição das ciências para responder os apelos, desafios, limites da condição humana; para superação de obstáculos, que roubam a beleza e a dignidade da vida.
Nada enriquecedor para o desenvolvimento da História, que Deus começou a escrever desde o Éden até a Jerusalém Celeste, que tanto desejamos, o ignorar da ciência.
Do mesmo modo, nada enriquecedor será a idolatria à ciência, do saber, prescindindo do Absoluto, do Princípio e Fim da História e da Humanidade: Jesus Cristo. Ele é, de fato, a nossa Salvação; somente em Seu Nome está a nossa Salvação.
Nisto consiste contemplarmos Jesus Cristo como o Bom Pastor, que dá a vida pelo Seu rebanho. O Bom Pastor não Se alegra com um rebanho sem vida.
Não tenho dúvida de que, como discípulos do Bom Pastor, devemos desenvolver todo saber técnico, científico, para tornar a vida mais bela, mais conforme os desígnios divinos.
Cada vez mais olhar para o Paraíso, não com olhares nostálgicos, mas com olhar de esperança e compromisso de um novo tempo, de um novo céu e nova terra: “Não tenhamos saudades do Paraíso, mas compromissos múltiplos e incansáveis com ele”.
Não sejamos discípulos de Prometeu, não mergulhemos no desespero “prometeico”, que nos condenaria à presunção. Não temos porque escalar os céus e desafiar a Deus, roubando-lhe o “fogo”.
Somos criaturas, Ele o Criador. A nós cabe, com Ele e por Ele, fazer mais bela a vida, como co-criadores, prolongando a Obra da Criação que foi iniciada, mas jamais concluída.
Está em nossas mãos recriar o mundo ou destruí-lo. Amar a vida, desde sua concepção até seu declínio, ou violá-la, maculá-la, fragilizá-la, vilipendiá-la. Estão em nossas mãos, mente e coração, o livre arbítrio e o sadio uso da razão.
Não sejamos discípulos de Sísifo, não mergulhemos no desespero “sísifico”, vendo o trabalho como algo enfadonho, como se nada do que é feito trouxesse resposta aos anseios humanos; seria a própria morte da esperança, uma vida sem horizontes e sem sentido.
Que neste Tempo Pascal, sob a luz e ação do Espírito, fonte da Divina Sabedoria, tenhamos sede do saber, mas tenhamos também a sede de uma fé mais concreta, sólida, edificante, frutuosa.
Razão e fé, em sábia e sadia relação, nos farão mais Pascais, mais autênticas testemunhas do Cristo Ressuscitado, pois somente n'Ele a nossa Salvação.
Urge que a Palavra de Deus continue a arder em nosso coração, que não sejamos lentos de inteligência para compreensão dos Mistérios de Deus, e que nossos olhos se abram, em cada Banquete Eucarístico, para ver a proximidade do outro, a proximidade do Reino.
Façamos também de cada Encontro Eucarístico, um encontro com o Senhor. Que Sua Palavra e em Sua Presença, Viva e verdadeira, na Eucaristia, nos façam mais eucarísticos. E, assim, sigamos “eucaristizando” o mundo, na mais bela e perfeita Comunhão das Mesas: da Palavra, da Eucaristia e do cotidiano. Aleluia!
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