quarta-feira, 27 de março de 2024

Semana Santa: “entrega-traição, entrega-amor-dom”

                                                     

Semana Santa: “entrega-traição, entrega-amor-dom”

Na Quarta-feira da Semana Santa, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 26, 14-25).

Significativo é o uso teológico do verbo “entregar”, em alusão à traição de Judas Iscariotes e à entrega de Jesus.

A primeira, trata-se de uma “entrega-traição”, da parte dos homens, e a segunda, de Jesus, de uma “entrega-­dom”, da parte do Pai, que entrega o Filho, e da parte do Filho que Se entrega a Si mesmo até à morte na Cruz (Jo 19, 30).

A entrega de Jesus é a entrega de Si mesmo – “A traição torna-se ocasião para o dom voluntário e total de Jesus. A Sua morte torna-se fonte de vida. O Seu Coração vence a morte e transforma-a em vida para o mundo”. (1)

Nela, temos a entrega de Si mesmo, num contexto do anúncio da entrega-traição, de modo que os discípulos mergulham num clima de insegurança e de desconfiança.

Jesus deseja ardentemente celebrar a Ceia e comê-la com os discípulos, pois, nela, o antigo memorial dará lugar ao novo, deixando-nos o Seu Corpo e o Seu Sangue como Alimento e Bebida.

Nas interrogações dos discípulos sobre quem O trairia, os discípulos chamam Jesus de “Senhor” (Kyrios), enquanto Judas O chama simplesmente de “Mestre” (Rabi).

No entanto, Jesus é, de fato, Senhor, e conhece o traidor e reconhece que nele se cumprem as Escrituras.

Na insegurança dos discípulos, vemos representada a nossa própria insegurança perante a possibilidade de também nós atraiçoarmos e negarmos a Jesus.

Vivendo a Semana Santa, contemplando o Mistério da Paixão e Morte do Senhor, é tempo favorável para rever o modo como estamos vivendo nosso discipulado: na “entrega-doação” como Jesus o fez, por amor a Deus e ao nosso próximo, ou se vivemos uma “entrega-traição”, como fez Judas, e da qual não estamos imunes.

Oremos:

Ó Deus, concedei-nos a graça de imitar Vosso Amado Filho, vivendo o amor-doação, amor-entrega de si mesmo, em favor de nosso próximo. Pois, tão somente assim, seremos verdadeiramente discípulos missionários do Senhor, com a presença e ação do Vosso Espírito. Amém.
  

(1)         www.dehonianos.org

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