Fidelidade e amor ao Senhor
A Liturgia, da terça-feira da Semana Santa, nos apresenta a passagem do Evangelho, em que Jesus, à mesa com Seus discípulos, prediz a negação de Pedro e a traição de Judas (Jo 13, 21-33.36-38).
Vejamos o que nos diz Comentário do Missal Cotidiano:
“Enquanto Jesus revela, com os gestos e Palavras da Ceia, a plenitude do Seu Amor, ganha um relevo extremo, pelo contraste, a fragilidade do homem.
A traição de Judas e a de Pedro são muito diferentes em sua motivação moral e em seu resultado. Ambas são, entretanto, sinal da fraqueza da carne em face da lógica do Reino de Deus.
Pode ser que Judas fosse dominado por interesses ignóbeis, como o dinheiro, ou por outros menos ignóbeis, como o nacionalismo fanático. Sua memória faz jus a toda a nossa capacidade de execrar!
Mas será que o entusiasmo puramente afetivo tem força para introduzir o homem no Mistério de Deus? Pedro tinha entusiasmo, mas aquela noite para ele foi noite de traição.
O que vale, portanto, é somente a fé. Só a fé pode compreender que para Jesus noite de traição é noite de glorificação, e o patíbulo da Cruz é já um trono de glória.
Entrar nesta ‘impossível’ identidade é milagre da fé. Observando que era noite, não pretende João dar indicações de tempo; quer sim dizer que Judas agora caiu, sem esperança de salvação, em poder das trevas (Lc 22,52). Agora veio a noite que pôs termo à ação de Jesus (Lc 9,4; 11,10; 12,35)". (1)
São duas traições distintas: Judas trai por ação, enquanto Pedro pela palavra, pela negação de conhecer Jesus.
Também distintas são as atitudes de ambos diante da Misericórdia de Deus que nos faz novas criaturas, pois Deus está sempre pronto a perdoar, a destruir o pecado e jamais o pecador: Judas não suporta o peso da traição. O vazio e o amargo da traição, o levaram ao suicídio.
Pedro, de outro lado, faz um salto qualitativo de reconhecimento de sua condição pecadora, e por três vezes também terá que confirmar o seu amor incondicional por Jesus, antes de lhe ser confiado o cuidado do rebanho (cf. Jo 21, 15-17).
Semana Santa é tempo de reflexão, de oração e de revermos também nossas atitudes diante de Jesus e do Evangelho; também nós podemos, de um modo ou de outro, negar e trair o Senhor.
É simplismo estéril lançarmos pedras em Judas e mesmo em Pedro, execrando suas fraquezas.
Trata-se de vermos o quanto as atitudes de ambos podem estar presentes dentro de nós, e erradicá-las totalmente, extirpando qualquer possibilidade de trair o Amor extremo e incondicional de Deus por nós, para que celebremos verdadeiramente a Páscoa do Senhor.
(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 323
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