Semana Santa: a dor de um amor não correspondido
Na Quarta-feira da Semana Santa, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 26, 14-25), que nos fala da traição de Judas, que entrega Jesus por trinta moedas.
Retomo um trecho do Sermão do Papa e Doutor da Igreja, São Gregório Magno (séc. VI):
“Nós sofremos menos pelos males causados por estranhos, porém nos são mais cruéis os tormentos que sofremos da parte daqueles em cujo amor confiávamos; porque, além do tormento do corpo, sofremos o amor perdido, eis por que de Judas, Seu traidor, diz o Senhor pelo salmista:
‘Na verdade que, se o ultraje viesse de um inimigo meu, teria sofrido com paciência; e se a agressão partisse daqueles que me odeiam, poderia ter-me salvo deles; mas tu, meu companheiro, meu guia e meu amigo; com quem me entretinha em doces colóquios, que andávamos juntos na casa de Deus’.
E novamente: ‘Até o próprio amigo em quem Eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar’. Como se de Seu traidor dissesse claramente: ‘sua traição me é tanto mais dolorosa quanto mais íntimo me parecia ser aquele de quem a sofri’”.
São Gregório retrata possíveis experiências que possamos já ter vivido e sofrido por um amor perdido, como assim vivenciou nosso Senhor, em relação à traição de Judas, a quem tanto amou, e não foi correspondido, e nem por isto deixou de amá-lo.
Quem mais poderia amá-lo e nos amar tanto assim?
Quanto ainda temos que nos converter e amadurecer para amar, incondicionalmente, como Jesus nos ama?
Vivendo a Semana Santa, temos que aprofundar nosso aprendizado na prática do Mandamento Maior do amor a Deus, que se expressa no amor ao próximo.
Aprofundar nossa espiritualidade genuinamente Pascal, para não incorrermos em infidelidades e traições ao amor de Deus por nós, para que não reescrevamos novas páginas de traição, como Judas o fez.
(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – 2013 – P.755
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