sexta-feira, 29 de março de 2024

Quando os sinos tocarem...

                                                              

 Quando os sinos tocarem...
Da tarde da Sexta-feira Santa até a Noite do Sábado, em que celebramos a Vigília Pascal  antiquíssima e mãe de todas as Vigílias  a Igreja vive momentos de contemplação do túmulo. Sacrários vazios, uma experiência indescritível da experiência da morte de Jesus, nosso Salvador. Sentimos mais fortemente o preço da morte; a ausência de um mundo sem coração; de um mundo sem Deus.
 
Na escuridão da noite, toda a Igreja já antecipa o sabor da vitória. Embora ainda escuro já sentimos o irromper da madrugada da Ressurreição.
 
Nesta Noite quando tocarem os sinos, o que estaremos ao mundo anunciando?
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossos corações que serão tocados pelo fogo do amor de Deus, que não permitiu a dureza e a frieza da morte ser a última palavra.
 
A última Palavra é sempre a de Deus: Ele Ressuscitou, Ele vive, Ele Reina, Jesus é o Senhor. A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé, acreditada e vivida como verdade central pela primeira comunidade, testemunhando em todos os tempos...
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossos olhos que enxergarão uma nova realidade, inaugurada com o esplendor da Ressurreição. A vida venceu a morte. Vamos ver algo novo acontecendo em nossas comunidades: pão partilhado, perdão vivenciado, reconciliações multiplicadas, ânimo revigorado. 
O sorriso e a alegria serão em nosso rosto estampados, não como expressão de quimeras e ilusões, mas o renascimento da utopia e dos sonhos, que em muitos olhares já não se encontram marcados...
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossas mãos estendidas ao outro, num gesto de amor, partilha e comunhão. Jamais mãos se levantarão contra o outro (templo e presença de Deus em nós). Mãos generosas disponibilizadas no grande mutirão de vida e paz...
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossos joelhos e pés fortalecidos para empreender mais uma longa caminhada. Ainda temos um longo caminho a percorrer.
 
No auge da escuridão, nasce um novo dia. Ressurreição celebrada é testemunho de fé que um novo amanhecer da humanidade haverá de irromper: sem as marcas do egoísmo que destroem nosso planeta (aquecimento global); uma nova consciência ecológica (rios e matas, animais não mais desaparecerão).
 
Quando tocarem os sinos...
Nossos ouvidos ouvirão canções de vitórias, em vez de lamentos. Sorrisos de crianças e não gritos de seus tormentos (por causa da fome, desamor e desnutrição); o cantar da natureza com toda sua beleza, e não o ruído ensurdecedor das balas perdidas e canhões disparados.
 
Teremos, enfim, o silêncio no mais profundo de nós, para que a voz de Deus, possa, no mais íntimo de nós, ecoar...
 
Sonhos? 
Fantasias? 
Alucinações? 
Decididamente não!
 
Quando tocarem os sinos...
Edificaremos comunidades que testemunham os sagrados ensinamentos do Senhor Ressuscitado: amor, verdade, justiça, perdão, solidariedade e paz. Cristo Ressuscitou. Aleluia! Aleluia! Feliz Páscoa!


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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG