sábado, 27 de janeiro de 2024

Reconheçamos e confessemos nossos pecados

                                                      

Reconheçamos e confessemos nossos pecados

Na primeira Leitura do 3º Sábado do Tempo Comum (ano par), ouvimos a passagem do Segundo Livro de Samuel (2 Sm 12,1-7a.10-17), em que Davi reconhece e confessa seu pecado, após a interpelação feita por Natã.

Davi reconhece seus gravíssimos pecados, suplica o perdão de Deus e o alcança.

Deste modo, a passagem nos revela um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama sem medida o pecador; bem como nos revela que Deus não é indiferente diante dos que abusam e exploram a vida do próximo.

Deus jamais abandona o pecador que reconhece a sua falta, comunicando o perdão e a Salvação como dom divino e não como conquista humana; o Seu perdão oferecido à humanidade é sempre a comunicação do Amor que possibilita uma vida nova.

O Apóstolo Paulo, também experimentou a graça e misericórdia divina, como vemos em sua Carta aos Gálatas (Gl 2, 16.19-21).

Este passou da Lei para a acolhida da graça que vem de Jesus, pois somente n’Ele encontramos a Salvação. Acolhendo a graça, Paulo chegou à identificação tão intensa com Jesus que afirmou:

Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim.” (Gl 2, 20).

A misericórdia de Deus oferece a possibilidade do recomeço, de novos passos, novos rumos, novas posturas, que nascem do encontro pessoal com a Divina Fonte de Amor e perdão: Jesus.

É o que vemos na passagem do Evangelho (Lc 7,36-8,3), na presença daquela mulher pecadora no banquete, lavando e beijando Seus pés.

Ela também experimentou a misericórdia divina, pois teve seus pecados perdoados e, assim, pôde espalhar pelo mundo o verdadeiro amor, como nunca o fizera.

Temos também o fariseu Simão, que tão apenas acolheu Jesus em sua casa, mas não O recebeu como Aquele que tem o poder de perdoar os pecados, e que deseja estabelecer conosco comunhão de vida, Amor e perdão.

Simão é a personificação daqueles que não reconhecem as próprias imperfeições, e se tornam medida para o outro, crendo que têm o poder de julgar, rotular, condenar e excluir do convívio.

São totalmente opostas as atitudes da pecadora, que entra no banquete, sem mesmo ter sido convidada, e com toda humildade se prostra aos pés do Senhor, lava-os com suas lágrimas, lágrimas de dor por seus pecados; enxuga-os com seus cabelos, com sua vida, acolhida e ternura, ungindo-os e cobrindo-os de beijos.

Jesus a perdoa não porque tenha pecado muito, mas porque muito O amou, e demonstrou o seu amor para com Ele. Esta mulher fez a experiência do amor “louco”, incompreendido, de Deus que perdoa.

Simão sequer cumpriu o ritual prescrito, muito menos se abriu ao perdão e ao Amor de Jesus, como o Messias, o enviado do Pai, a própria presença de Deus, o único que tem poder para perdoar os pecados.

Simão, como os convidados, é levado tão apenas pela aparência, encerra a mulher no seu passado, sem a perspectiva de mudança.

De outro lado, Jesus tem olhar que vai além das aparências, possibilitando a ela um futuro diferente, permitindo-lhe partir perdoada, amada e em paz.

Sendo assim, podemos nos identificar ora com Simão, ora com a pecadora que é perdoada por Jesus, assim como Davi que também peca e reconhece seus pecados.

Reflitamos:

- O que aprendemos com a atitude de Davi na passagem acima?
- Estamos tão identificados com o Senhor, a ponto de, como Paulo, podermos dizer “não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim”?

- Por nossos pensamentos, palavras, atitudes, reconhecerão Cristo em nós?
- Reconhecemos nossos pecados e nos abrimos à misericórdia de Deus, alcançando e comunicando o perdão a quem nos ofende, como rezamos no Pai Nosso?

Somente experimentando o Amor e o perdão que vêm de Deus é que poderemos amar, perdoar e sermos perdoados.

O mundo precisa de Profetas da civilização do Amor, que se proponham a colaborar na construção do Reino do Amor de Deus no coração da humanidade.

Reconhecer e confessar nossos pecados e nos empenharmos na construção de um Reino de justiça, paz, amor, misericórdia, perdão, compaixão, verdade, liberdade e, sobretudo, de respeito aos direitos sagrados da vida, desde a concepção ao seu declínio natural. 

Reconhecer, confessar, mas procurar ter novos pensamentos, palavras, com novas posturas e compromissos, sem omissão com a promoção da beleza e esplendor da vida em todos os âmbitos. 

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