terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Contemplemos o esplendor da glória

                                                         

Contemplemos o esplendor da glória

Sejamos enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Bispo São Pedro Crisólogo (Séc. V), sobre Jesus Cristo, “Aquele que quis nascer para nós não quis ser ignorado por nós”:

“Embora no Mistério da encarnação do Senhor os sinais de Sua divindade tenham sido sempre claros, a solenidade que hoje celebramos manifesta e revela de muitas formas que Deus veio ao mundo num corpo humano, para que os homens, mergulhados nas trevas, não perdessem por ignorância o que só puderam alcançar e possuir pela graça. Com efeito, aquele que quis nascer para nós não quis ser ignorado por nós. Por isso manifestou-Se deste modo, para que o grande Mistério de Seu amor não desse ocasião a um grande erro.

Hoje os Magos que O procuravam resplandecente nas estrelas, O encontram num berço. Hoje os Magos veem claramente, envolvido em panos, Aquele que há muito tempo procuravam de modo obscuro nos astros. Hoje os Magos contemplam maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma Criança, Aquele que o universo não pode conter. Vendo-O, proclamam sua fé e não discutem, oferecendo-lhe místicos presentes: incenso a Deus, ouro ao Rei e mirra ao que haveria de morrer.

Assim o povo pagão, que era o último, tornou-se o primeiro, porque a fé dos Magos deu início à fé de todos os pagãos.

Hoje Cristo entrou nas águas do Jordão para lavar o pecado do mundo. E João dá testemunho de que foi para isso que veio, ao dizer: 'Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo' (Jo 1, 29).

Hoje o servo recebe o Senhor, o homem recebe Deus, João recebe Cristo; recebe-O para obter o perdão, não para conceder. Hoje, como disse o Profeta, a voz do Senhor ressoa sobre as águas (Sl 28,3). E o que diz esta voz? 'Eis o meu Filho amado, no qual Eu pus o meu agrado' (Mt 3, 17). Hoje o Espírito Santo, em forma de pomba, paira sobre as águas: assim como uma pomba anunciou a Noé o fim do dilúvio, por Sua presença os homens saberiam que havia terminado o ininterrupto naufrágio do mundo. Esta pomba não trouxe, como a outra, um ramo da antiga oliveira, mas derramou sobre a cabeça do Senhor toda a riqueza do novo óleo, cumprindo-se assim o que o Profeta anunciara: É por isso que Deus Vos ungiu com Seu óleo, deu-Vos mais alegria que aos Vossos amigos (Sl 44,8).

Hoje Cristo, convertendo a água em vinho, realiza o primeiro de Seus sinais celestes. A água, porém, devia converter-se no Sacramento do Sangue, a fim de que o Cristo oferecesse aos homens a bebida pura do cálice de Seu corpo, conforme a palavra do Profeta: 'O meu Cálice precioso transborda' (Sl 22,5)”.

Três momentos são refletidos: a Epifania (manifestação de Jesus, como Salvador e luz de todos os povos), o Seu Batismo (prefigurando a Sua missão, sendo Ele o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo) e o sinal realizado nas bodas de Caná (prefiguração de Sua Paixão e Morte, e o Cálice Sagrado da Eucaristia, em que Se oferece a nós, como a pura Bebida de nossa redenção).

Celebrando a Epifania do Senhor, saciados pelo Pão da Eucaristia e inebriados pelo Sangue por nós oferecido no Cálice Sagrado,  preparamo-nos para a Celebração do Batismo do Senhor.

Oremos:

“Nós Vos pedimos, ó Deus, que o esplendor da Vossa glória ilumine os nossos corações para que, passando pelas trevas deste mundo, cheguemos à Pátria da luz que não se extingue. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG