domingo, 29 de setembro de 2024

Grito profético que sobe aos céus: não escandalizar os pequeninos (27/02)

                                                           


Grito profético que sobe aos céus: não escandalizar os pequeninos

      “Tende sal em vós mesmos” (Mc 9,50)

Ouvimos, na quinta-feira da sétima semana do Tempo Comum (ano par), a passagem da Epístola de Tiago (Tg 5,1-6) e do Evangelho de Marcos (Mc 9,41-50).

As Leituras exortam a superar toda forma de arrogância, egoísmo, e ainda arrancar, de dentro de nós, tudo o que não constrói o Reino de Deus.

A Epístola é um forte grito profético contra a exploração, o acúmulo de bens, o enriquecimento à custa dos pobres, e exorta o discernimento necessário para sabermos usar os bens materiais que são transitórios.

Os bens por melhor que sejam (ouro, conta bancária, carro de luxo, casa dos sonhos etc.) não saciam a fome de vida eterna.

O autor sagrado tem uma mensagem muito clara e atual: o crime contra o pobre é crime contra o próprio Deus. A acusação profética de Tiago é dirigida aos ricos e a todos que não se esforçam para corrigir as injustiças que se multiplicam no mundo inteiro.

A vida plena depende, na exata medida, das opções que fazemos nesta vida, de modo que a prática da injustiça é a autoexclusão da família de Deus. É preciso, portanto, afastar todo orgulho, ambição, autossuficiência.

A passagem do Evangelho nos apresenta alguns ditos de Jesus que são lições a serem aprendidas pelos discípulos, para que se viva um autêntico discipulado, promovendo o bem comum e apoiando todos os que lutam pela libertação da humanidade, sem jamais escandalizar os “pequeninos”.

É preciso cortar todo egoísmo, autossuficiência que destrói a vida, porque o fim dos injustos é a “geena”, o inferno, a ausência do Amor de Deus, a condenação de viver sem o amor que foi rejeitado.

O Missal Cotidiano afirma: “O escândalo mais grave que se dá hoje aos pequeninos e humildes é o contratestemunho de muitos cristãos, seu escasso senso social, sua ‘ética individualista’ e outras incoerências que constituem um serviço não desprezível ao surgimento do ateísmo em muitos homens, de modo que ‘se deve dizer que mais encobrem do que revelam a autêntica face de Deus e da religião” (Gaudium et spes 19).

Também precisamos ser vigilantes, como o Senhor nos adverte: “tende, pois, sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros” (Mc 9,50).

O Missal Cotidiano também afirma: “O ‘sal’ que preserva o mundo da corrupção são os cristãos que sabem ‘difundir o espírito de que são animados os pobres, os mansos e os construtores da paz, que o Senhor no Evangelho proclamou bem-aventurados (Lumen Gentium 38).

Reflitamos:

- O que podemos fazer para nos colocarmos a serviço dos últimos, dos pequeninos?

- O que devemos evitar para não escandalizar os pequeninos, os preferidos de Deus?

- Quais são as verdadeiras motivações no trabalho que realizamos em nossa Pastoral, em nossa Comunidade? É o amor autêntico, livre, desinteressado em favor dos que mais precisam?

- De que modo vivemos a vigilância ativa, para que tenhamos sal em nós mesmos?

- somos instrumentos da construção da civilização do amor e da paz?
- somos sinais de discórdia ou de comunhão nos espaços que ocupamos?

Concluindo, quem se deixa conduzir pela Palavra do Senhor, tem gosto de Deus, encontra sentido para a sua existência e se coloca como um instrumento para a construção da civilização do amor e da paz. Sem “sal”, sem o amor de Deus, derramado em nós pelo Seu Espírito, ficamos empobrecidos, ainda que bens e riquezas materiais possuamos.

PS: Oportuna para o 26º Domingo do Tempo Comum - ano B

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