Amor sem limites
A Liturgia do 7º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a crescer no amor ao próximo, ainda que este próximo seja nosso inimigo, alguém que nos magoou, ferindo-nos profundamente.
Somos vocacionados para viver um amor total, amor sem limites, vivendo a lógica do amor e não a lógica da violência.
Do alto da Cruz, Jesus Cristo nos ensina a perdoar – “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
Na passagem da primeira Leitura, ouvimos o Primeiro Livro de Samuel (1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23).
Davi é a experiência de quem viveu uma nova lógica do amor, da misericórdia e do perdão e encontrou correspondência/recompensa de Deus. Sendo um homem de coração magnânimo, tendo a possibilidade da eliminação de seu inimigo, escolhe a atitude de perdão.
Com a passagem da segunda Leitura (1 Cor 15,45-49), continuamos a refletir sobre a Ressurreição. Crer nela é viver um amor com radicalidade e sem limitações, crendo no anúncio do mundo novo que nos espera além da terra, da própria morte.
A Ressurreição é a passagem para uma nova vida, onde continuaremos a ser nós próprios, mas sem os limites da materialidade do nosso corpo.
“A morte é o fim da vida; mas fim entendido como meta alcançada, como plenitude atingida, como nascimento para um mundo infinito, como termo final do processo de hominização, como realização total da utopia da vida plena. Sendo assim, haverá alguma razão para temermos a morte ou para vermos nela o fim de tudo – uma espécie de barreira que põe definitivamente fim à comunhão com aqueles que amamos?” (1)
A fé na Ressurreição nos liberta do medo de agir, de denunciar as forças de morte que oprimem e desfiguram o mundo.
A nossa corporeidade é oportunidade para o amor sem limites até que possamos mergulhar no horizonte infinito do amor de Deus, com um corpo celestial que é impossível de ser descrito.
“Que temos a perder, quando nos espera a vida plena, o mergulho no horizonte infinito de Deus – onde nem o ódio, nem a injustiça, nem a morte podem pôr fim a essa vida total que Deus reserva aos que percorreram, neste mundo, os caminhos do amor e da paz?” (2).
Na passagem do Evangelho (Lc 6,27-38), Jesus exige de Seus seguidores, um coração sempre disponível para o perdão, para a acolhida, de modo que vejamos no outro, mesmo no inimigo, um irmão nosso; por isto Jesus é a expressão máxima do amor e do perdão:
“Jesus vai muito mais além do que a doutrina do Antigo Testamento. Para Ele é preciso amar o próximo; e o próximo é, sem exceção, o outro – mesmo o inimigo, mesmo o que nos odeia, mesmo aquele que nos calunia e amaldiçoa, mesmo aquele de quem a história ou os ódios ancestrais nos separam” (3).
Portanto, o amor é a única forma para desarmar o ódio e a violência, e assim, somos chamados ao amor e ao perdão, para alcançar a verdadeira felicidade: não viver o perdão é carregar a inutilidade de um peso que somente nos faz mal.
Nesta passagem, encontramos a “regra de ouro”: “o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também” – o amor não se limita a exclusão do mal, mas num compromisso sério e objetivo com o bem em favor do próximo.
Concluindo, os últimos séculos, que tem sido marcado pela violência (Guerras mundiais), desafiam-nos a inverter a lógica e a espiral da violência, num amor sem limites para recriarmos um mundo novo, mais justo e fraterno.
Cremos que a violência gera sempre mais violência e que somente o amor desarma a agressividade e transforma os corações dos maus e dos violentos.
Cremos na força desarmada do amor, que Jesus nos ensinou e até o fim viveu, e quer que o mesmo façamos.
Oremos:
“Ó Deus, que no Vosso Filho, despojado e humilhado na Cruz, revelastes a força do Amor, abri o nosso coração ao dom do Vosso Espírito e despedaçai as cadeias da violência e do ódio, para que, na vitória do bem sobre o mal, demos testemunho do Vosso Evangelho de paz. Amém”.
(1); (2); (3) – www.Dehonianos.org/portal
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