Fé: graça, ato humano e a
provação
Ouvimos no primeiro domingo da
Quaresma, a passagem da Carta de Paulo aos Romanos (Rm 10, 8-13), e o Apóstolo
Paulo nos fala da Salvação como dom de Deus e compromisso nosso, no testemunho
de nossa fé.
Retomamos três parágrafos do Catecismo
da Igreja Católica, sobre a virtude divina da fé:
- A
fé é uma graça: “Quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do
Deus vivo, Jesus declara-lhe que esta revelação não lhe veio «da carne nem do
sangue, mas do seu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17; Gl 1,15-16; Mt 11,25).
A fé é um dom de Deus, uma virtude
sobrenatural infundida por Ele. «Para prestar esta adesão da fé, são
necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores
auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte o coração para Deus, abre os
olhos do entendimento, e dá "a todos a suavidade em aceitar e crer a
verdade"» (Dei Verbum, 5 – Vaticano II).”
(1)
- A fé é um ato humano:
“O ato de fé só é
possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é
menos verdade que crer é um ato autenticamente humano.
Não
é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e
aderir às verdades por Ele reveladas.
Mesmo
nas relações humanas, não é contrário à nossa própria dignidade acreditar no
que outras pessoas nos dizem acerca de si próprias e das suas intenções, e
confiar nas suas promessas (como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se
casam), para assim entrarem em mútua comunhão.
Por
isso, é ainda menos contrário à nossa dignidade «prestar, pela fé, submissão
plena da nossa inteligência e da nossa vontade a Deus revelador» (Dei Filius - c.3 – Vaticano II) e
entrar assim em comunhão íntima com Ele.” (2)
- Fé
nas provações do cotidiano: “Por
enquanto, porém, «caminhamos pela fé e não vemos claramente» (2 Cor 5, 7), e conhecemos Deus «como num espelho, de maneira confusa, [...]
imperfeita» (1 Cor, 13,
12).
Luminosa por parte d'Aquele em quem ela
crê, a fé é muitas vezes vivida na obscuridade, e pode ser posta à prova.
O mundo em que vivemos parece muitas
vezes bem afastado daquilo que a fé nos diz: as experiências do mal e do
sofrimento, das injustiças e da morte parecem contradizer a Boa-Nova, podem
abalar a fé e tornarem-se, em relação a ela, uma tentação.” (3)
A Salvação não é uma conquista humana,
mas dom gratuito de Deus que, na Sua bondade, quer salvar a todos.
Cremos que o Evangelho de Jesus é a
força que congrega e salva aquele que crê (judeus e pagãos), pois Deus quer
salvar a todos, indistintamente (v. 11-12).
É tempo favorável para o
testemunho de nossa fé, com a presença e ação do Espírito Santo, que recebemos
no dia de nosso Batismo (cf. Ef 1,13), nas mais diversas situações: favoráveis
ou adversas; sombrias ou luminosas...
(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 153
(2) Idem n. 154
(3) Idem n. 164
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