segunda-feira, 17 de março de 2025

Peregrinar na esperança com o fermento do amor e da verdade

 

 

Peregrinar na esperança com o fermento do amor e da verdade

Como peregrinos de esperança, nosso peregrinar só será agradável a Deus se nos deixarmos levedar pelo fermento do amor e da verdade, de tal modo que estaremos em contínuo caminho de conversão, e em necessária vigilância, para que a hipocrisia não manche nossas vestes batismais.

O que é a hipocrisia? Vejamos o que nos diz Raniero Cantalamessa:

“O que é a hipocrisia? É uma tentativa para ludibriar a Deus; é a falsidade do coração, a ilusão do contentar a Deus com as aparências, quase se iludindo de que Ele possa se enganar e tomar por coisa boa o que não é...

O hipócrita é, no fundo, um falsário, alguém que tenta pagar a Deus com moeda falsa, alguém que o honra com os lábios enquanto seu coração está longe de Deus (cf. Mt 15,8).” (1)

Se a vida do discípulo for envolvida pela hipocrisia, estará sendo envolvidoa pelas trevas da ignorância como nos disse o bispo e doutor da Igreja, São Cirilo de Alexandria (séc. V):

“De fato, aqueles que estão envoltos nas trevas da ignorância não poderão conduzir ao conhecimento da verdade aqueles que se encontram em idênticas e calamitosas condições. Pois de tentá-lo, ambos acabarão caindo no fosso das paixões.”  

No entanto, se nos deixarmos levedar com o fermento do amor e da verdade, seremos conduzidos pelo Santo Espírito, seremos uma árvore boa a produzir frutos bons, e tiraremos do tesouro de nosso coração, coisas boas, como nos falou Jesus na passagem do Evangelho (cf. Lc 6,39-45).

Vejamos o que nos diz Paulo sobre os frutos do Espírito que devemos produzir, como peregrinos da esperança:

“Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: «caridade, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade» (Gl 5, 22-23 segundo a Vulgata)”. (2)

Oremos:

Ó Deus, levedados pelo fermento do amor e da verdade, dai-nos a perfeita coerência cristã, e que ela seja visibilizada pela ação que reflete o que se fala; fala-se o que se pensa; e se pensa o que se reza.

Dai-nos, ó Deus, a perfeita coerência, para que não sejamos guias cegos, caindo com quem nos foi confiado, no fosso das paixões.

Senhor Deus, enviai-nos Vosso Santo Espírito, para que fiéis nos seguimento do Vosso Filho, transformemos em fé viva o que lemos, ensinemos o que cremos, e procuremos realizar tudo o que ensinarmos, a fim de que não sejamos meros ouvintes e pregadores de Vossa Palavra. Amém.

(1)  Comentário sobre a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 6,39-45) - O Verbo se faz carne – Raniero Cantalamessa – Editora Ave Maria -2012 – pág. 642

(2)Catecismo da Igreja Católica parágrafo n. 1832

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG