O
Anúncio do Evangelho
(Evangelii
Gaudium - Capítulo III)
Citando o Pão São João Paulo II: - “Não pode haver verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como
Senhor» e sem existir uma «primazia do anúncio de Jesus Cristo em qualquer
trabalho de evangelização” (n.110).
I. Todo
o povo de Deus anuncia o Evangelho
“A evangelização é
dever da Igreja. Este sujeito da evangelização, porém, é mais do que uma
instituição orgânica e hierárquica; é, antes de tudo, um povo que peregrina
para Deus. Trata-se certamente de um mistério que mergulha as raízes na Trindade, mas tem a sua
concretização histórica num povo peregrino e evangelizador, que sempre
transcende toda a necessária expressão institucional”. (n.111)
“A salvação, que Deus
nos oferece, é obra da sua misericórdia. Não há ação humana, por melhor que
seja, que nos faça merecer tão grande dom. Por pura graça, Deus atrai-nos para
nos unir a Si... O princípio da primazia da graça deve ser um farol que ilumine
constantemente as nossas reflexões sobre a evangelização”. (n.112)
Ninguém se salva isoladamente nem pelas próprias forças: “Esta salvação, que Deus realiza e a Igreja
jubilosamente anuncia, é para todos, e Deus criou um caminho para Se unir
a cada um dos seres humanos de todos os tempos” (n.113)
Ser Igreja
é:
- ser Povo de Deus, de acordo com o grande projeto de
amor do Pai;
- ser o fermento de Deus no meio da humanidade;
- anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo;
-ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam
sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa
do Evangelho. (n.114)
“Este povo de
Deus encarna-se nos povos da Terra, cada um dos quais tem a sua cultura própria...
A graça supõe a cultura, e o dom de Deus encarna-se na cultura de quem o recebe”. (n.115)
O Cristianismo assume o rosto de Cristo nas diferentes
culturas. (n.116)
“...A diversidade cultural não ameaça a unidade da Igreja”
(n.117)
A ação do
Espírito Santo enviado pelo Pai e o Filho:
- transforma os nossos corações e nos torna capazes de
entrar na comunhão perfeita da Santíssima Trindade, onde tudo encontra a
unidade;
- constrói a comunhão e a harmonia do povo de Deus. Ele
mesmo é a harmonia, tal como é o vínculo de amor entre o Pai e o Filho;
- suscita uma abundante e diversificada riqueza de dons
e, ao mesmo tempo, constrói uma unidade que nunca é uniformidade, mas
multiforme harmonia que atrai.
“A mensagem,
que anunciamos, sempre apresenta alguma roupagem cultural, mas às vezes, na
Igreja, caímos na vaidosa sacralização da própria cultura, o que pode mostrar
mais fanatismo do que autêntico ardor evangelizador”.
Não podemos sacralizar as culturas: o Mistério da Redenção
não se esgota por nenhuma cultura (n.118).
Todos somos discípulos missionários - Em todos os batizados
atua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar. (n.119)
“A nova evangelização deve implicar um novo
protagonismo de cada um dos batizados... Cada cristão é missionário na medida
em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus; não digamos mais que
somos «discípulos» e «missionários», mas sempre que somos «discípulos
missionários»” (n.120)
Exemplos que
encontramos nos Evangelhos:
- Os primeiros discípulos de Jesus, saíram proclamando
cheios de alegria: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41);
- A Samaritana, logo que terminou o seu diálogo com
Jesus, tornou-se missionária, e muitos samaritanos acreditaram em Jesus «devido
às palavras da mulher» (Jo 4, 39);
- São Paulo, depois do seu encontro com Jesus Cristo,
«começou imediatamente a proclamar (…) que Jesus era o Filho de Deus» (At 9,
20).
Para
crescermos como evangelizadores:
- procurar simultaneamente uma melhor formação;
- fazer o aprofundamento do nosso amor;
- dar um testemunho mais claro do Evangelho;
- não nos acomodarmos na mediocridade, mas continuarmos a
crescer;
- dar o testemunho de fé, que todo o cristão é chamado a
oferecer, implica dizer como São Paulo: «Não que já o tenha alcançado ou já
seja perfeito; mas corro para ver se o alcanço, (…) lançando-me para o que vem
à frente» (Fl 3, 12-13). (n.121)
“Pode dizer-se que «o
povo se evangeliza continuamente a si mesmo». Aqui ganha importância a
piedade popular, verdadeira expressão da atividade missionária espontânea do
povo de Deus. Trata-se de uma realidade em permanente desenvolvimento, cujo
protagonista é o Espírito Santo”.
Aa piedade popular - um «precioso tesouro da Igreja
Católica», e nela «aparece a alma dos povos latino-americanos», segundo Papa
Bento XVI.
A piedade popular no Documento de Aparecida, segundo os Bispos:
- “espiritualidade popular” ou “mística popular”;
- uma verdadeira “espiritualidade encarnada na cultura
dos simples”;
- não é vazia de conteúdos;
- é “uma maneira legítima de viver a fé, um modo de se
sentir parte da Igreja e uma forma de ser missionários”;
- não se pode diminuir/reduzir nem controlar esta força
missionária.
“Penso na fé
firme das mães ao pé da cama do filho doente, que se agarram a um terço ainda
que não saibam elencar os artigos do Credo; ou na carga imensa de esperança
contida numa vela que se acende, numa casa humilde, para pedir ajuda a Maria,
ou nos olhares de profundo amor a Cristo crucificado. Quem ama o povo fiel de
Deus, não pode ver estas ações unicamente como uma busca natural da divindade;
são a manifestação duma vida teologal animada pela ação do Espírito Santo, que
foi derramado em nossos corações (cf. Rm 5, 5)”. (n.122-126)
Vivemos uma
profunda renovação missionária na Igreja:
“Ser
discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de
Jesus; e isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no
trabalho, num caminho” (n.127-129)
“O Espírito
Santo enriquece toda a Igreja evangelizadora também com diferentes carismas.
São dons para renovar e edificar a Igreja. Não se trata de um patrimônio
fechado, entregue a um grupo para que o guarde; mas são presentes do Espírito
integrados no corpo eclesial, atraídos para o centro que é Cristo, donde são
canalizados num impulso evangelizador”. (n.130)
- “Quanto
mais um carisma se dirigir o seu olhar para o coração do Evangelho, tanto mais
eclesial será o seu exercício” (n.130)
- A unidade é
diferente de uniformidade (n.131)
“O anúncio às culturas implica também um anúncio às culturas
profissionais, científicas e acadêmicas. É o encontro entre a fé, a razão e as
ciências, que visa desenvolver um novo discurso sobre a credibilidade, uma
apologética origina que ajude a criar as predisposições para que o Evangelho
seja escutado por todos... É aquilo que, uma vez assumido, não só é redimido,
mas torna-se instrumento do Espírito para iluminar e renovar o mundo”. (n.132)
“A Igreja,
comprometida na evangelização, aprecia e encoraja o carisma dos teólogos e o
seu esforço na investigação teológica, que promove o diálogo com o mundo da
cultura e da ciência. Faço apelo aos teólogos para que cumpram este serviço
como parte da missão salvífica da Igreja” (n.133)
“As
universidades são um âmbito privilegiado para pensar e desenvolver este
compromisso de evangelização de modo interdisciplinar e inclusivo”. (n.134)
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