sábado, 2 de março de 2024

Recriados pela misericórdia divina

                                                                    

Recriados pela misericórdia divina

Reflexão à luz da passagem a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 15,1-3.11-32).

A Parábola tem uma mensagem fundamental: a lógica do amor de Deus é a lógica do Amor incondicional, Amor sem restrições, amor sem fim, indefectível e se estende sobre bons e maus, sem exceções...

Ela é incomparavelmente diferente da lógica humana que às vezes se pauta pela prática da exclusão, do rancor, da indiferença, da não acolhida aos pecadores, do não acreditar na conversão do outro...

Nas passagens bíblicas (Ex 32,7-11.13-14; 1Tm 1,12-17),  contemplamos a atitude misericordiosa de Deus, ouvimos Sua voz como grande sinfonia de amor pela humanidade, um amor absoluto, gratuito, inesgotável, irrevogável...

São páginas da misericórdia, do amor, da bondade, da ternura, da magnanimidade divina para conosco!

O amor e o perdão divinos têm sempre a última palavra. Seu Amor fala mais alto, paradoxalmente a nossa surdez a Sua Palavra.

A lealdade de Deus para com Seu povo é incontestável, infinitamente além de nossas infidelidades, não correspondência ao Seu Projeto de vida, fraternidade e paz!

Deus é incapaz de deixar de nos amar, porque somos obra de Suas mãos; inacabadas, portando limitações que somente o amor é capaz de aprimorar.

O amor de Deus é a possibilidade de nos aprimorarmos, para que sejamos o que devemos ser, para que, mais verdadeiramente, imagem d’Ele, o sejamos... Por isto Seu amor jamais nos falta!

O amor vai ao encontro, acolhe, perdoa, reintegra, “carrega nos ombros do coração”, celebra com alegria inexpressível a volta de quem estava perdido e foi encontrado, estava morto e voltou a viver...

- Deus abomina o pecado, mas ama sem medida o pecador. Qual é minha atitude diante do pecador?

Entretanto, testemunhar a misericórdia jamais significa fazer pacto com o pecado.

“O Amor de Deus causa vertigem”, se não entramos em Sua dinâmica, Seu modo de ser e de amar!

Como não transbordar de alegria diante de um Deus que não pensa e não faz outra coisa, senão nos amar e querer o melhor para nós!

Deus é irredutível em nos amar, porque jamais desiste de nós. Muito diferente foi a atitude do irmão mais velho, na Parábola, que recriminou, não se alegrou, bem provavelmente, a festa não celebrou!

Somente quem ama é capaz de entrar na alegria de Deus! Na reflexão do Missal, deste domingo, encontramos uma afirmação de extrema beleza e profundidade: não sentirá necessidade alguma de ser perdoado, quem não tiver consciência de ter traído alguém a quem ama!

Infelizmente, na cidade, é grande o número dos que não são amados por ninguém, para os quais não se tem um olhar a não ser o olhar da eficiência econômica, do quanto é capaz de gerar riquezas...

Enquanto o mal existir, haverá a emergência e a necessidade do amor a ser vivido, para que o bem e a vida prevaleçam, a comunhão aconteça.

Moisés, confiante na misericórdia de Deus, não tem outra atitude senão suplicar a mesma para com o povo; nada quis para si, a não ser o bem daqueles que o Senhor lhe confiou

Paulo, por exemplo, foi alguém precioso para Deus. Não houvesse Deus o amado; não fosse a misericórdia de Deus, jamais ele seria o que foi, jamais seria para nós quem ele é. Assim é o amor: ajuda o outro a ser o que deve ser. Por isto o Mandamento do Amor é imperativo: amar e ser amado nos torna semelhante a Ele, o Amor, porque Deus é Amor (1Jo).

Lucas é por excelência o evangelista da ternura. Por isto, podemos afirmar:

Verdadeira e continuamente, a Misericórdia de Deus nos recria, nos aperfeiçoa e nos faz novas criaturas, e nos acolhe em cada Eucaristia ao redor de Sua Mesa:

“A Eucaristia reúne em torno da mesma Mesa, em alegria compartilhada, os filhos pródigos arrependidos e os que não se afastaram de casa. Juntos louvam o Pai misericordioso e voltam-se para Ele no início da Celebração.”  (1)


(1) Missal Quotidiano, Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – p.410

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG