terça-feira, 25 de março de 2025

Por amor à Igreja

                                                         


Por amor à Igreja

Sejamos enriquecidos pelo Tratado sobre o Reino de Jesus, escrito pelo Presbítero São João Eudes (Séc. XVI), sobre o Mistério de Cristo em nós e na Igreja.

“Cabe-nos imitar e completar em nós os estados e Mistérios de Cristo e pedir-Lhe continuamente que os leve a termo e os perfaça em nós e na Igreja inteira.

Porque os Mistérios de Jesus ainda não estão totalmente levados à sua perfeição e realizados. Na pessoa de Jesus, sim, não, porém, em nós, Seus membros, nem na Igreja, seu Corpo místico. Por querer o Filho de Deus comunicar, estender de algum modo e continuar seus Mistérios em nós e em toda a sua Igreja, determinou tanto as graças que nos concederá, quanto os efeitos que quer produzidos em nós por esses Mistérios. Por esta razão deseja completá-los em nós.

Por isso, São Paulo diz que Cristo é completado na Igreja e que todos nós colaboramos para sua edificação e para a plenitude de sua idade (cf. Ef 4,13), isto é, a idade mística que tem em seu Corpo místico, mas que só no dia do juízo será plena. Em outro lugar, diz o mesmo Apóstolo que completa em sua carne o que falta aos sofrimentos de Cristo (cf. Cl 1,24).

Deste modo, o Filho de Deus decidiu que seus estados e Mistérios seriam completados e levados à perfeição em nós. Quer levar à perfeição em nós o mistério de sua encarnação, nascimento, vida oculta, quando se forma e renasce em nossa alma pelos sacramentos do santo batismo e da divina eucaristia e nos dá vivermos a vida espiritual e interior, escondida com Ele em Deus (Cl 3,3).

Quer ainda levar à perfeição em nós o mistério de Sua paixão, morte e ressurreição que nos fará padecer, morrer e ressurgir com Ele. E, finalmente, quer completar em nós o estado de vida gloriosa e imortal, quando nos fará viver com ele e nele a vida gloriosa e perpétua nos céus. Assim quer consumar e completar seus outros estados, outros Mistérios em nós e em sua Igreja; deseja comunicá-los a nós e partilhá-los conosco e por nós continuá-los e propagá-los.

Assim, os Mistérios de Cristo não estarão completos antes daquele tempo que marcou para o término destes Mistérios em nós e na Igreja, isto é,  antes do fim do mundo.” (1)

Ser Igreja Sinodal é seguir Jesus Cristo, como alegres discípulos missionários, colocando-nos,  juntos, a caminho, carregando nossa cruz cotidiana com as necessárias renúncias.

Isto nem sempre ocorre com facilidades, por vezes até mesmo com incompreensões e perseguições (Mt 5,1-12). No entanto, é preciso que perseveremos, como bem nos falou o Apóstolo Paulo na Carta aos Colossenses, em passagem pelo Presbítero mencionada, completando em nossa carne o que falta aos sofrimentos de Cristo (Cl 1,24).

Por ora, peregrinos longe do Senhor,  sigamos em frente, na vigilante espera de Sua vinda gloriosa, multiplicando os talentos que Ele nos confiou.

Por amor à Igreja (corpo místico), na fidelidade a Jesus (a cabeça), ainda que muito tenhamos feito e amado, tão pouco pelo muito amor com que Deus nos amou e nos deu o Seu Filho para que tenhamos a vida eterna (Jo 3,16).

Por amor à Igreja, provado e renovado todos os dias, sigamos nossos caminhos, com o coração ardente e os pés a caminho, e assim estaremos coroando Jesus Cristo, Senhor e Rei de todo o Universo em todo o tempo.

(1) Liturgia das Horas - Volume IV - Tempo Comum - pág. 484-485

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG