Deus, rico em
misericórdia
Com a Liturgia do 4º Domingo
do Tempo da Quaresma (Ano C), contemplamos a face misericordiosa de Deus, que
se revela num Amor infinito e incondicional pela humanidade, de modo especial
pelos pecadores e excluídos.
A passagem do Evangelho
está inclusa no capítulo 15 do Evangelho de Lucas, que nos apresenta três
Parábolas que comunicam o Amor de Deus derramado sobre os pecadores, sendo a
segunda e terceira exclusivas do Evangelista Lucas, e não por acaso, chamado de
“Evangelho da ternura divina”, como bem cita o Missal Dominical:
“Lucas, o evangelista da
ternura divina multiplica as narrativas que mostram Jesus em busca dos mais
abandonados, dos pobres, dos pecadores, realçando assim o próprio fundamento da
nossa religião, que é a atitude dos que são arrebatados pelo abismo do Amor de
Deus”. (1)
As três Parábolas estão
apresentadas no contexto do caminho de Jerusalém, onde Jesus consumará a Sua
missão, Paixão, morte e Ressurreição; logo, num contexto muito concreto, em que
Jesus é questionado pelos fariseus e escribas pelo fato de andar e comer com os
pecadores.
Elas revelam a
misericórdia divina, que tem uma lógica diferenciada dos fariseus e escribas
(lógica da intolerância e exclusão), pois a misericórdia divina faz novas as
criaturas.
Normalmente, são
conhecidas como Parábolas da “ovelha perdida”, “moeda perdida” e “filho
pródigo”, mas poderiam ser apresentadas de outra forma: a misericórdia e
alegria de Deus pelos pecadores que se convertem.
Deus jamais rejeita e
marginaliza, ama-nos com Amor de Pai, e esta há de ser a atitude dos discípulos
para com os pecadores: amor que vai ao encontro, acolhe e perdoa:
“Não
existe verdadeira experiência humana sem intercâmbio, diálogo, confidência,
verdadeiro amor recíproco. Só o amor é capaz de transformar, mas com uma
condição: que seja gratuito e livre” (2).
Um amor que reintegra e
celebra, com alegria, a volta daquele que estava perdido, morto, e encontrado
voltou a viver.
As Parábolas expressam a
ação divina, que abomina o pecado, mas ama o pecador. A comunidade é chamada a
ser testemunha da misericórdia divina e jamais compactuar com o pecado.
Os seguidores de Jesus,
que se põem a caminho com Ele, farão sempre uma caminhada de penitência e
conversão, sem recriminar e excluir, mas acolhendo os pequenos, pecadores, e
também se deixando ser acolhido pelo Amor de Deus.
Amados, acolhidos e
perdoados por Deus tornamo-nos acolhedores e sinais do Seu Amor e do Seu
perdão, que recria e faz novas todas as coisas. Verdadeiramente, a misericórdia
divina vivida nos faz novas criaturas.
As Parábolas revelam que
o Amor divino vai até o fim. Como não transbordar de alegria diante deste Amor
que nos ama e nos ama até o fim?
Entremos na alegria de
Deus, revelada a nós por Jesus, acolhendo e nos deixando conduzir pela ação do
Espírito Santo.
Redimidos pelo Amor
Trinitário, preenchidos deste Amor, seremos dele comunicadores, transbordando o
mesmo Amor para com o outro, na alegria do perdão dado e recebido.
Desperte em nós um santo
desejo, como expressou o Frei Raniero Cantalamessa:
“Quero ser um irmão
maior que vai com Jesus em procura do irmão que se afastou; quero ser as mãos
de Jesus que levantam quem caiu, quem se enredou nos espinhos do pecado. Talvez
algum destes esteja escondido muito perto de mim e eu não tenha percebido” (3)
Finalizando,
“Cristo nos revelou um Deus como desejamos. Um Deus que é Amor e misericórdia.“
(4)
(1) (2) (4) - Missal Dominical pág. 1236.
(3). O Verbo se faz Carne – Editora Ave Maria – pág. 732
PS: Apropriado para o segundo sábado da quaresma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário