“Levanta-te e vai, a tua fé te salvou!”
Retomemos a Mensagem do Papa Bento XVI para o XX Dia Mundial do Doente - 2012.
Iluminado pela passagem do Evangelho na qual Jesus cura os dez leprosos – “Levanta-te e vai, a tua fé te salvou!” (Lc 17, 19) oferece riquíssima reflexão sobre os Sacramentos de Cura (Sacramento da Penitência e da Reconciliação e o Sacramento da Unção dos Enfermos), que se voltam e se alimentam do Sacramento da Eucaristia, pois nele encontram o seu cumprimento natural.
Ressaltou a missão da Igreja, e de todo cristão que, a exemplo de Cristo, que Se debruçou sobre os sofrimentos materiais e espirituais do homem para curá-los, devem fazer o mesmo (cf. Lc 10, 29-37).
Urge a tomada de consciência acerca da importância da fé para aqueles que, angustiados pelo sofrimento e pela enfermidade, se aproximam do Senhor. Ajudá-los a sentir que Deus não nos abandona em nossas angústias e sofrimentos, mas está intimamente próximo e nos ajuda a suportá-los, e por isto deseja curar profundamente o nosso coração (cf. Mc 2, 1-12).
Cada Sacramento expressa e põe em prática a proximidade do próprio Deus, que redime nossa dimensão corporal e espiritual: criação e redenção são inseparáveis. Deus que de modo admirável nos criou, de modo mais admirável nos redimiu e os Sacramentos são expressão desta unidade indissociável.
Gratidão e alegria transbordam abundantemente no coração de quem é curado, redimido da alma e do corpo – como ele próprio o diz sobre o “binómio entre saúde física e renovação das dilacerações da alma ajuda-nos a compreender melhor os «Sacramentos de cura».
Ressaltou por vários parágrafos o valor inestimável do Sacramento da Penitência, que esteve com frequência no centro da reflexão dos Pastores da Igreja, precisamente devido à sua grande importância no caminho da vida cristã, uma vez que «toda a eficácia da Penitência consiste em restituir-nos à graça de Deus e em unir-nos a Ele numa amizade perfeita» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1.468).
A exortação Paulina «Em nome de Cristo... sejamos embaixadores: através de nós, é o próprio Deus quem exorta. Suplicamo-vos, em nome de Jesus Cristo: deixai-vos reconciliar com Deus» (2Cor 5, 20) une-se estreitamente a vida e ação de Jesus que anunciou e tornou presente a misericórdia do Pai.
“Ele veio não para condenar, mas para perdoar e salvar, para incutir esperança também na obscuridade mais profunda do sofrimento e do pecado, para conceder a vida eterna; deste modo, no Sacramento da Penitência, na «medicina da confissão», a experiência do pecado não degenera em desespero, mas encontra o Amor que perdoa e transforma” (cf. João Paulo II, Exortação Apostólica pós-sinodal Reconciliatio et paenitentia, 31)."
O Papa falou dos momentos de sofrimento, nos quais podem surgir a “... tentação de se abandonar ao desânimo e ao desespero, mas podem também transformar-se assim em tempo de graça para voltar a si mesmo e, como o filho pródigo da Parábola, reconsiderar a própria vida, reconhecendo os próprios erros e fracassos, sentindo a saudade do abraço do Pai e repercorrendo o caminho rumo à sua Casa. No Seu grande Amor, Ele vigia sempre e de qualquer modo sobre a nossa existência, e espera-nos para oferecer a cada um dos filhos que volta para Ele, o dom da plena reconciliação e da alegria.”
Ressaltou a importância do Sacramento da Unção dos Enfermos, explicitando os Evangelhos de onde sobressai claramente o modo como Jesus sempre demonstrou uma atenção particular para com os enfermos. Ele não só convidou os Seus discípulos a curar as feridas dos mesmos (cf. Mt 10, 8; Lc 9, 2; 10, 9).
Refere-se também à Carta de Tiago que valoriza e “dá testemunho da presença deste gesto sacramental já na primeira comunidade cristã (cf. Tg 5, 14-16): mediante a Unção dos Enfermos, acompanhada pela Oração dos Presbíteros, a Igreja inteira recomenda os doentes ao Senhor sofredor e glorificado, a fim de que alivie as suas penas e os salve, aliás, exorta-os a unir-se espiritualmente à Paixão e à Morte de Cristo, para contribuir deste modo para o bem do Povo de Deus.”
Tal Sacramento leva-nos a contemplar o dúplice Mistério do Monte das Oliveiras: a senda da Paixão, como gesto supremo de Amor, e como lugar da Redenção da humanidade, morrendo e subindo ao Pai. – “Na Unção dos Enfermos, a matéria sacramental do óleo é-nos oferecida por assim dizer, «como medicamento de Deus... que agora nos torna seguros da Sua bondade e deve revigorar-nos e consolar, mas ao mesmo tempo aponta para além do momento da enfermidade, para a cura definitiva, a Ressurreição (cf. Tg 5, 14)».”
Chamou a atenção para uma consideração merecida a este Sacramento, por parte de toda a Igreja, tanto na reflexão como na atuação pastoral: Valorizar os conteúdos da Oração Litúrgica que se adaptam às diversas situações humanas ligadas à doença, e não só quando o doente está no fim da própria vida (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1.514), e ainda salienta que o Sacramento da Unção dos Enfermos não deve ser considerado como quê «um Sacramento menor» em relação aos demais.
Este Sacramento bem compreendido revela a atenção e a cura pastoral pelos enfermos, como sinal da ternura de Deus por aqueles que se encontram no sofrimento, e o benefício espiritual que é oferecido também aos Sacerdotes e a toda a comunidade cristã, na consciência de que o que fazemos aos mais pequeninos, é ao próprio Jesus que o fazemos (cf. Mt 25, 40).
Ressaltou a importância da Eucaristia, que quando recebida no momento da doença, contribui de maneira singular para realizar tal transformação, associando aquele que se alimenta do Corpo e do Sangue de Jesus à oferenda que Ele fez de Si mesmo ao Pai, para a Salvação de todos.
Chamou-nos a atenção: “Toda a Comunidade Eclesial, e as comunidades paroquiais em particular, prestem atenção para garantir a possibilidade de se aproximarem com frequência da Comunhão Sacramental àqueles que, por motivos de saúde ou de idade, não podem acorrer aos lugares de culto. Deste modo, a estes irmãos e irmãs é oferecida a possibilidade de revigorar a relação com Cristo Crucificado e Ressuscitado, participando com a Sua vida oferecida por Amor a Cristo, na missão da própria Igreja.”
Reafirmou que os Sacerdotes “... que exercem a sua obra delicada nos hospitais, nas casas de cura e nas habitações dos doentes se sintam verdadeiros «“ministros dos enfermos”, sinal e instrumento da compaixão de Cristo, que deve alcançar cada homem assinalado pelo sofrimento» (Mensagem para o XVIII Dia Mundial do Doente, 22 de Novembro de 2009).”
Apontou para a Eucaristia como Alimento de eternidade, citando o próprio Evangelho de João: «Quem come a minha carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 54).
Citou Santo Inácio de Antioquia, que afirmou mais tarde: «A Eucaristia é remédio de imortalidade, antídoto contra a morte» (Carta aos Efésios, 20: PG 5, 661), Sacramento da passagem da morte para a vida, deste mundo para o Pai, que a todos espera na Jerusalém Celeste.
O Papa finalizou animando e encorajando todos os trabalhos que são feitos em favor do enfermo, pois o são, na exata medida, em favor do próprio Jesus, ressaltando que é sempre necessário redescobrir a força e a beleza da fé, aprofundar os seus conteúdos e testemunhá-los na vida de todos os dias (cf. Carta Apostólica Porta fidei, 11 de Outubro de 2011).
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