domingo, 11 de fevereiro de 2024

Libertos pelo Senhor para amar e servir (VIDTCB)

                                                      


Libertos pelo Senhor para amar e servir
“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse:
 “Eu quero: fica curado!”. No mesmo instante 
a lepra desapareceu e ele ficou curado.”
(Mc 1, 41-42)

Com Liturgia do 6º Domingo do Tempo Comum (ano B), vemos a ação de Deus, que Se revela pleno de Amor, bondade e ternura, através de Sua ação que acolhe, cura, liberta e integra a todos na vida da comunidade.

A vontade de Deus é que se supere toda forma de discriminação e marginalização, e a comunidade deve empenhar-se, com sabedoria e coragem, para que isto se torne uma realidade.

A passagem da primeira Leitura (Lv 13, 1-2.44-46) nos apresenta “a lei da pureza”, e uma visão deturpada de Deus que leva à invenção de mecanismos que discriminam, rejeitam e excluem em nome de Deus, numa total marginalização.

Dentre as impurezas, a lepra era considerada a mais grave, de modo que quem por ela fosse acometido, deveria ser segregado e afastado da convivência diária com outras pessoas, e tal medida tinha uma intenção higiênica e também para evitar o contágio.

Mais grave ainda, era considerado um pecador, amaldiçoado por Deus e indigno de pertencer à comunidade do Povo de Deus e não podia ser admitido nas assembleias em que Israel celebrava o culto na presença do Deus Santo.

Na passagem da segunda Leitura (1Cor 10,31-11,1), o Apóstolo Paulo, na fidelidade ao Senhor, nos apresenta Jesus Cristo, modelo de obediência, doação, Amor  e serviço em favor da libertação de todos, e o cristão deve o mesmo fazer.

Com o Apóstolo, aprendemos que o cristão é livre em tudo aquilo que não atenta contra a sua fé e contra os valores do Evangelho, mas pode prescindir de direitos para um bem maior, que é o amor aos irmãos.

A Lei do Amor se sobrepõe a tudo, inclusive aos direitos de cada um, e assim não nos tornamos obstáculo nem para a glória de Deus, nem para a salvação de nossos irmãos.

Ao amor tudo deve ser subordinado, fazendo de nossa própria vida um dom, uma oferenda agradável a Deus.

Na passagem do Evangelho (Mc 1,40-45) ao curar o leproso, Jesus inaugura um novo modo de relacionamento, destruindo o triste mecanismo de marginalização que exclui estes do convívio social e da própria comunidade.

Jesus, com palavras e ação, cura e integra a todos na comunidade do Reino, sem jamais compactuar com a discriminação, exclusão, racismo ou qualquer outra forma de marginalização.

Sua ação é expressão de um Deus cheio de Amor que vem ao encontro de nossa humanidade, de nossa condição pecadora e enferma, para nos curar e nos redimir. Jesus toma para Si nossas dores e sofrimentos.

Também revela, com Sua ação, que o Reino de Deus chegou, completou-se o tempo esperado, são tempos novos inaugurados pela presença e ação de Jesus: a cura do leproso revela o Amor de Deus que cura, liberta, integra e impulsiona para o testemunho.

O leproso curado começou a pregar e a divulgar sobre o acontecido, a sua cura. Com isto, o Evangelista sugere que aquele que experimentou o poder integrador e salvador de Jesus se converte, necessariamente, em profeta e testemunha do amor e bondade divina: um discípulo missionário do Reino.

Oportunas as palavras da Igreja, para refletirmos sobre a íntima união da Igreja com toda a família humana:

“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. 

Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história”. (1)

Reflitamos:

- Quais são as enfermidades que ainda hoje levam à exclusão e à marginalização?
- Até que ponto nossa ação também acolhe, liberta e integra na comunidade e na sociedade?

- De que modo os marginalizados e excluídos se abrem para a acolhida e integração na comunidade e na sociedade?
- Como vivemos a fidelidade ao Senhor, tendo d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos?

- Como expressamos em nossa vida o amor, a ternura e a bondade de Deus para com o nosso próximo?

- Sabemos renunciar a direitos pessoais por bem maiores em favor de outros?

Como Igreja missionária, na fidelidade ao Senhor, também saibamos acolher, perdoar, integrar a todos na vida da comunidade e, com alegria, participar da construção do Reino.

Acolhidos, amados e curados para acolher, amar e curar num círculo que não pode se fechar, interromper.



(1) Constituição Pastoral Gaudium Et Spes  sobre a Igreja no mundo atual  (n.1).

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