Trindade Santa: fonte inesgotável de riquezas
No dia 14 de dezembro, celebramos a memória do Presbítero São João da Cruz (séc. XVI), e a Liturgia das Horas nos apresenta uma pequena parte de um dos seus textos: “Do Cântico espiritual de São João da Cruz”.
“Embora os Santos Doutores tenham explicado muitos Mistérios e maravilhas, e pessoas devotadas a esse estado de vida os conheçam, contudo, a maior parte desses Mistérios está por ser enunciada, ou melhor, resta para ser entendida.
Por isso é preciso cavar fundo em Cristo, que Se assemelha a uma mina riquíssima, contendo em Si os maiores tesouros; nela por mais que alguém cave em profundidade, nunca encontra fim ou termo. Ao contrário, em toda cavidade aqui e ali novos veios de novas riquezas.
Por este motivo, o Apóstolo Paulo falou acerca de Cristo: N’Ele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência de Deus (Cl 2, 3).
A alma não pode ter acesso a estes tesouros, nem consegue alcançá-los se não houver antes atravessado e entrado na espessura dos trabalhos, sofrendo interna e externamente e sem ter primeiro recebido de Deus muitos benefícios intelectuais e sensíveis e sem prévio e contínuo exercício espiritual.
Tudo isto é, sem dúvida, insignificante; são meras disposições para as sublimes profundidades do conhecimento dos Mistérios de Cristo, a mais alta sabedoria a que se pode chegar nesta vida.
Quem dera reconhecessem os homens ser totalmente impossível chegar à espessura das riquezas e da sabedoria de Deus! Importa antes entrar na espessura das labutas, suportar muitos sofrimentos, a ponto de renunciar à consolação e ao desejo dela. Com quanta razão a alma, sedenta da divina sabedoria, escolhe antes em verdade entrar na espessura da Cruz.
Por isso, São Paulo exortava os efésios a não desanimarem nas tribulações, a serem fortíssimos, enraizados e fundados na caridade, para que pudessem compreender, com todos os Santos, qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e conhecer o Amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento, a fim de serem cumulados até receber toda a plenitude de Deus (Ef 3, 17-19).
Já que a porta por onde se pode entrar até esta preciosa sabedoria é a Cruz, e é porta estreita, muitos são os que cobiçam as delícias que por ela se alcançam; pouquíssimos os que desejam por ela entrar.”
Em pleno Tempo do Advento contemplemos o Mistério escondido em Cristo Jesus.
Tenhamos o mesmo propósito que esta reflexão nos provoca: Cavemos fundo em Cristo, redescubramos em cada encontro com Ele riquezas infinitas.
Tenhamos o mesmo propósito que esta reflexão nos provoca: Cavemos fundo em Cristo, redescubramos em cada encontro com Ele riquezas infinitas.
Assim acontece com quem fez um encontro pessoal com Ele, e não apenas com suas ideias, reduzindo Sua proposta a um elenco de boas normas de conduta.
Quem O encontrou como Pessoa e acolheu a Sua mensagem, sente o desejo de reencontrá-Lo sempre na Oração pessoal, mas de modo mais sublime e intenso na Eucaristia, que é fonte e ápice de toda a vida da Igreja.
Vivamos cada momento como o momento do encontro e reencontro com o Senhor.
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