quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Que nossa alma seja vigilante (02/12)

                                          

Que nossa alma seja vigilante

O Comentário sobre o Diatéssaron, de Santo Efrém (séc. IV) muito nos ajuda na preparação para o Natal do Senhor e à Sua segunda vinda gloriosa, e assim teremos a alma iluminada pela luz divina e enriquecida.

“Para impedir que os discípulos O interrogassem sobre o momento de Sua vinda, disse-lhes Cristo: aquela hora ninguém a conhece, nem os anjos nem o Filho. Não vos compete saber o tempo e o momento (cf. Mc 13,32-33).

Ocultou-nos isso para que ficássemos vigilantes e cada um de nós pudesse pensar que esse acontecimento se daria durante a nossa vida. Se tivesse revelado o tempo de Sua vinda, esta deixaria de ter interesse e não seria mais desejada pelos povos da época em que se manifestará.

Ele disse que viria, mas não declarou o momento e por isso as gerações e todos os séculos O esperam ardentemente.

Embora o Senhor tenha dado a conhecer os sinais de Sua vinda, não se vê exatamente o último deles, pois numa mudança contínua, esses sinais apareceram e passaram e, por outro lado, ainda perduram. Sua última vinda será igual à primeira.

Os justos e os profetas O desejavam, pensando que se manifestaria em seu tempo; do mesmo modo, cada um dos fiéis de hoje deseja recebê-Lo em sua época, pois ele não disse claramente o dia em que viria.

E isto, sobretudo, para ninguém pensar que está submetido a uma determinação e hora, Ele que domina os números e os tempos.

Como poderia estar oculto Àquele que descreveu os sinais de Sua vinda, o que Ele próprio estabeleceu? O Senhor pôs em relevo esses sinais para que, desde o primeiro dia, os povos de todos os séculos pensassem que Ele viria no próprio tempo deles.

Permanecei vigilantes porque, quando o corpo dorme, é a natureza que nos domina e nossa atividade é então dirigida, não por nossa vontade, mas pelos impulsos da natureza.

E quando a alma está dominada por um pesado torpor, como por exemplo, a pusilanimidade ou a tristeza, é o inimigo que a domina e a conduz, mesmo contra a sua vontade. Os impulsos dominam a natureza e o inimigo domina a alma.

Por isso, o Senhor recomendou ao homem a vigilância tanto da alma como do corpo: ao corpo, para que se liberte da sonolência; e à alma, para que se liberte da indolência e pusilanimidade.

Assim diz a Escritura: Vigiai, justos (cf. 1Cor 15,34); e também: Despertei e ainda estou contigo (cf. Sl 138,18); e ainda: Não desanimeis (cf. Jo 16,33). Por isso não desanimamos no exercício do ministério que recebemos (2Cor 4,1).”

Permaneçamos vigilantes e orantes; vigilantes na prática da caridade, no cuidado da frágil e indispensável esperança que nos impulsiona a dar passos mais ousados, avançando para águas mais profundas, ousando na fidelidade ao Senhor, carregando confiante e corajosamente nossa cruz de cada dia, sem jamais vacilarmos na fé.

Nunca é demais repetir que não podemos vacilar na fé, nem esmorecer na esperança e tão pouco esfriar na caridade.

Seja para nós, o Tempo do Advento, tempo favorável para o revigoramento das virtudes teologais, e a vivência da Palavra seja o fundamento divino de que precisamos para ser sal, fermento e luz para acolher no Natal a Verdadeira Luz do mundo.

Luz que se acolhida não permitirá que caminhemos nas trevas, mas que tenhamos a Luz da Vida (Jo 8,12).

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