Natal: O mavioso encontro de duas naturezas
Com a da Carta do Papa São Leão Magno (Séc.V), refletimos sobre o mavioso encontro das duas naturezas de Cristo: a humana e a divina.
“De nada serve afirmar que nosso Senhor, filho da Virgem Maria, é verdadeiro e perfeito homem, se não se acredita que Ele também pertence a essa descendência proclamada no Evangelho.
Escreve São Mateus: Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1, 1). E, a seguir, apresenta a série de gerações desde os primórdios da humanidade até José, com quem estava desposada a Mãe do Senhor.
São Lucas, porém, percorrendo em sentido inverso a ordem dos descendentes, chega ao começo do gênero humano, para mostrar que o primeiro e o último Adão têm a mesma natureza.
Com efeito, seria possível à onipotência do Filho de Deus, para ensinar e justificar os homens, manifestar-se do mesmo modo que aparecera aos Patriarcas e Profetas, como, por exemplo, quando travou uma luta ou manteve uma conversa, ou quando aceitou os serviços da hospitalidade a ponto de tomar o alimento que lhe apresentaram.
Mas essas aparições eram imagens, sinais misteriosos, que anunciavam a realidade humana do Cristo, assumida da descendência daqueles antepassados.
Nenhuma daquelas figuras, entretanto, poderia realizar o mistério da nossa reconciliação, preparado desde a eternidade, porque o Espírito Santo ainda não tinha descido sobre a Virgem Maria, nem o poder do Altíssimo a tinha envolvido com a sua sombra; a Sabedoria eterna não edificara ainda a sua casa no seio puríssimo de Maria para que o Verbo Se fizesse homem; o Criador dos tempos ainda não tinha nascido no tempo, unindo a natureza divina e a natureza humana numa só pessoa, de modo que Aquele por quem tudo foi criado fosse contado entre as Suas criaturas.
Se o homem novo, revestido de uma carne semelhante à do pecado (cf. Rm 8, 3), não tivesse assumido a nossa condição, envelhecida pelo pecado; se Ele, consubstancial ao Pai, não se tivesse dignado ser também consubstancial à Mãe e unir a Si nossa natureza, com exceção do pecado, a humanidade teria permanecido cativa sob o jugo do demônio; e não poderíamos nos beneficiar do triunfo do Vencedor, se esta vitória fosse obtida numa natureza diferente da nossa.
Dessa admirável união, brilhou para nós o Sacramento da regeneração, para que renascêssemos espiritualmente pelo mesmo Espírito por quem o Cristo foi concebido e nasceu.
Por isso diz o Evangelista, referindo-se aos que creem: Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1, 13)”.
Reflitamos sobre o Encontro de duas naturezas, quando o Verbo Se fez Carne e habitou entre nós.
Nisto consiste o verdadeiro Natal que haveremos de celebrar: uma das mais belas Festas da Igreja, a Festa do esplendor da luz Divina que vem nos iluminar, reconciliar, renovar, recriar, novos caminhos nos reconduzir...
Quantas mensagens são trocadas, e quanta reflexão acontece no silêncio do quarto de cada um, no mais profundo do coração humano.
Reflitamos:
ü Quem poderia ver na humanidade daquela criança a divindade ocultada?
ü Quem poderia ver o mistério da divindade submetendo-se às limitações próprias da materialidade humana?
ü Quem poderia num rosto angelical de uma criança, frágil, incapaz de sobreviver por si mesma, a fonte de nossa vida, de nossa salvação?
Aquele que aceitou as limitações da sobrevivência nos possibilitou alcançar com Sua Encarnação, Morte e Ressurreição, o que também aparentemente pareceria impossível: a nossa salvação.
A divindade ocultada naquela frágil criança foi apenas percebida pelos que possuem fé. Da mesma forma, aquele mesmo corpo na Cruz, flagelado, desfigurado, inerte, sem vida, sinal de aparente fracasso, ressuscitado será, para que com Ele também ressuscitados o sejamos...
Natal: ó incrível encontro de duas naturezas que nos regenerou e nos eternizou na glória da eternidade. Amém!
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