quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Natal: Confiança plena no Senhor (21/12)

                                                    

Natal: Confiança plena no Senhor

No dia 21 de dezembro, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,39-45), que nos apresenta a visita de Maria à sua prima Isabel, que estava grávida, na espera de João Batista, o precursor do Senhor.

Nos versículos anteriores temos a  Anunciação do Anjo Gabriel a Maria de que seria a Mãe do Salvador, com a sua resposta: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,26-38).

Na visitação de Maria à sua prima Isabel, temos o encontro de duas mães, embora de idades tão diferentes, se encontram e entoam um único hino de louvor e alegria a Deus.

Lucas retratando a visitação faz um paralelo muito interessante entre a Arca da Aliança e o Verbo no ventre de Maria. Tanto Maria como a Arca permanecem três meses numa casa da Judeia (cf. Lc 1,56 e 2 Sm 6,11).

Ele apresenta Maria como sendo a nova Arca da Aliança. Quando na plenitude dos tempos Deus enviou Seu Filho, nascido de uma mulher (Gl 4,4), Ele já não habita mais em construções de pedra, mas num templo sagrado, no seio de uma mulher e ela,  Maria,  tornou-se o primeiro Sacrário do Verbo que se fez Carne.

A presença de Maria – a nova Arca da aliança – é uma irradiação e explosão de alegria. Contemplemos João exultando de felicidade e Isabel em calorosas exclamações de alegria por ser visitada pela Mãe do Seu Senhor.

Vejamos  o que nos disse o Bispo Santo Ambrósio:

A criança exultou, a mãe ficou cheia do Espírito Santo. A mãe não se antecipou ao filho; mas estando o filho cheio do Espírito Santo, comunicou-o a sua mãe. João exultou; o espírito de Maria também exultou.

A alegria de João se comunica a Isabel; quanto a Maria, porém, não nos é dito que recebesse então o Espírito, mas que seu espírito exultou. – Aquele que é incompreensível agia em Sua mãe de modo incompreensível – Isabel recebe o Espírito Santo depois de conceber; Maria recebeu antes. Por isso, Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste (cf. Lc 1,45).”

É a grande exultação dos pobres pela promessa de libertação, que agora é mais do que uma realidade em si. Esta alegria perpassará por todo o tempo e por toda a história da humanidade.

Maria, a pobre por excelência, a serva do Senhor, a nova Arca da Aliança, melhor do que ninguém pode nos ensinar o segredo da felicidade: “Maria é proclamada bem-aventurada não pela sua prática religiosa, mas pela sua fé porque ‘acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor’” (1).

Ela é bem-aventurada porque confiou plenamente em Deus, e cultivou a certeza de que nela a Palavra do Senhor haveria de se cumprir.

A Maria é atribuída a primeira bem-aventurança no Evangelho de Lucas, e assim todos poderemos ser se confiarmos em Deus: “Hoje, requer-se muita coragem para manter a convicção de que se realizarão as promessas feitas por Deus aos que promovem a paz, aos não violentos, àqueles que oferecem a outra face, àqueles que não se vingam, àqueles que doam a vida por amor” (2).

Oremos:

“Deus eterno e onipotente, que inspirastes à bem-aventurada Virgem Maria o desejo de visitar Santa Isabel, concedei-nos que, dóceis à inspiração do Espírito Santo, possamos com Maria cantar sempre as vossas maravilhas. Por N.S.J. C. Amém!” (3)


(1); (2); (3) Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 – p. 207

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG