Com João Batista, preparemos um Santo Natal
O Sermão do bispo Santo Agostinho (séc. V) nos inspira e nos motiva na caminhada espiritual e pastoral!
O bispo acentua que o Profeta João é a voz, Cristo, a Palavra. Acolhamos esta voz tão preciosa, que nos fala da última voz profética, e nos ajuda na preparação do caminho para a chegada da Palavra, o próprio Senhor.
“João era a voz, mas o Senhor, no princípio, era a Palavra (Jo 1,1). João era a voz passageira, Cristo, a Palavra eterna desde o princípio. Suprimi a palavra, o que se torna a voz? Esvaziada de sentido, é apenas um ruído. A voz sem palavras ressoa ao ouvido, mas não alimenta o coração.
Entretanto, mesmo quando se trata de alimentar nossos corações, vejamos a ordem das coisas. Se penso no que vou dizer, a palavra já está em meu coração. Se quero, porém, falar contigo, procuro o modo de fazer chegar ao teu coração o que já está no meu.
Procurando então como fazer chegar a ti e penetrar em teu coração o que já está no meu, recorro à voz e por ela falo contigo. O som da voz te faz entender a palavra; e quando te fez entendê-la, esse som desaparece, mas a palavra que ele te transmitiu permanece em teu coração, sem haver deixado o meu.
Não te parece que esse som, depois de haver transmitido minha palavra, está dizendo: É necessário que Ele cresça e eu diminua? (Jo 3,30). A voz ressoou, cumprindo sua função, e desapareceu, como se dissesse: Esta é a minha alegria, e ela é completa (Jo 3,29). Guardemos a Palavra; não percamos a Palavra concebida em nosso íntimo.
Queres ver como a voz passa e a Palavra divina permanece? Que foi feito do batismo de João? Cumpriu sua missão e desapareceu; agora é o Batismo de Cristo que está em vigor. Todos cremos em Cristo e esperamos d’Ele a Salvação: foi o que a voz anunciou.
Justamente porque é difícil não confundir a voz com a palavra, julgaram que João era o Cristo. Confundiram a voz com a Palavra. Mas a voz reconheceu o que era para não prejudicar a Palavra. Eu não sou o Cristo (Jo 1,20), disse João, nem Elias nem o Profeta.
Perguntaram-lhe então: Quem és tu? Eu sou, respondeu ele, a voz que grita no deserto: “Aplainai o caminho do Senhor” (Jo 1,19.23). É a voz do que grita no deserto, do que rompe o silêncio. Aplainai o caminho do Senhor, como se dissesse: ‘Sou a voz que se faz ouvir apenas para levar o Senhor aos vossos corações. Mas Ele não Se dignará vir aonde o quero levar, se não preparardes o caminho’.
O que significa: Aplainai o caminho, senão: Orai como se deve orar? O que significa ainda: Aplainai o caminho, senão, tende pensamentos humildes? Imitai o exemplo de João: julgam que ele é o Cristo, e ele diz não ser Aquele que julgam; não se aproveita do erro alheio para uma afirmação pessoal.
Se tivesse dito: ‘Eu sou o Cristo, facilmente teriam acreditado nele, pois já era considerado como tal antes que o dissesse. Mas não disse, pelo contrário, reconheceu o que era, disse o que não era, foi humilde. Viu de onde lhe vinha a salvação; compreendeu que era uma lâmpada e temeu que o vento do orgulho pudesse apagá-la”.
Reflitamos:
- Somos uma voz a comunicar a Palavra de Deus?
- Como o fazemos mais intensamente com a nossa própria vida, atitudes e compromissos?
- O que temos comunicado para as pessoas que nos cercam e nos ouvem?
- Como estamos preparando o caminho do Senhor, para bem celebrarmos Sua chegada, a Festa do Natal que se aproxima?
Que a humildade, a coragem, a disponibilidade, o vigor, o entusiasmo, e tantas outras virtudes do Precursor, possam ser contempladas e vividas por nós, de modo que o orgulho e a vaidade não ofusquem a maravilhosa missão que o Pai nos confiou por meio de Jesus: comunicar ao mundo a Luz do Santo Espírito.
Com João, aprendamos a preparar um Santo Natal de amor, vida e paz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário