quarta-feira, 5 de março de 2025

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2019



 Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2019


“A criação encontra-se em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus” (Rm 8,19)


Apresento uma síntese da Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2019”, que tem como inspiração bíblica um versículo da Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos (Rm 8,19).

Por meio da Mãe Igreja, Deus nos oferece o Tempo da Quaresma, c Tempo favorável em preparação para a celebração da Páscoa do Senhor, como se reza no Prefácio I da Quaresma, de modo que, de Páscoa em Páscoa, podemos caminhar para a realização da salvação que já recebemos, graças ao mistério pascal de Cristo: “e fato, foi na esperança que fomos salvos” (Rm 8, 24).

Na primeira parte, ele nos fala da redenção da criação, tendo a celebração do Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, ponto culminante do Ano Litúrgico, para que vivamos um itinerário de preparação, a fim de nos tornarmos semelhantes a Cristo (cf. Rm 8, 29):

“Quando a caridade de Cristo transfigura a vida dos santos – espírito, alma e corpo –, estes rendem louvor a Deus e, com a oração, a contemplação e a arte, envolvem nisto também as criaturas, como demonstra admiravelmente o ‘Cântico do irmão sol’, de São Francisco de Assis (cf. Encíclica Laudato si’, 87). Neste mundo, porém, a harmonia gerada pela redenção continua ainda – e sempre estará – ameaçada pela força negativa do pecado e da morte”.

Na parte seguinte, reflete sobre a força destruidora do pecado; conduzidos pela “intemperança”, que leva a um estilo de vida que viola os limites que a nossa condição humana e a natureza nos pedem para respeitar, seguindo aqueles desejos incontrolados.

O Papa nos alerta para o fato de que se não estivermos voltados continuamente para a Páscoa, para o horizonte da Ressurreição, imporá, consequentemente, a lógica do tudo e imediatamente, do possuir cada vez mais.

Com isto, temos a interrupção da comunhão com Deus, com os outros e com a criação, à qual nos encontramos ligados, antes de mais nada, através do nosso corpo.

Este rompimento de comunhão com Deus leva à falência da relação harmoniosa dos seres humanos com o meio ambiente, onde estão chamados a viver, a ponto de o jardim se transformar num deserto (cf. Gn 3, 17-18).

Trata-se do pecado que leva o homem a considerar-se como deus da criação, a sentir-se o seu senhor absoluto e a usá-la, não para o fim querido pelo Criador, mas para interesse próprio em detrimento das criaturas e dos outros, com a exploração da criação (pessoas e meio ambiente), movidos por aquela ganância insaciável que considera todo o desejo um direito e que, mais cedo ou mais tarde, acaba por destruir inclusive quem está dominado por ela.

Na terceira parte, nos apresenta a força sanadora do arrependimento, da conversão e do perdão para viver toda a riqueza da graça do Mistério Pascal, pois “Se alguém está em Cristo, é uma nova criação. O que era antigo passou; eis que surgiram coisas novas” (2 Cor 5, 17)”:

“Juntamente conosco, toda a criação é chamada a sair ‘da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus’” (Rm 8, 21).

Neste sentido, a “Quaresma é sinal sacramental desta conversão. Ela chama os cristãos a encarnarem, de forma mais intensa e concreta, o Mistério Pascal na sua vida pessoal, familiar e social, particularmente através do jejum, da oração e da esmola”.

Convida-nos aos três exercícios quaresmais:

- Jejuar: aprender a modificar a nossa atitude para com os outros e as criaturas, passando da tentação de ‘devorar’ tudo para satisfazer a nossa voracidade, à capacidade de sofrer por amor, que pode preencher o vazio do nosso coração;

- Orar: para saber renunciar à idolatria e à autossuficiência do nosso eu, e nos declararmos necessitados do Senhor e da Sua misericórdia;
- Dar esmola: para sair da insensatez de viver e acumular tudo para nós mesmos, com a ilusão de assegurarmos um futuro que não nos pertence.

Deste modo, reencontramos a alegria do Projeto que Deus colocou na criação e no nosso coração: o projeto de amá-Lo, nossos irmãos e o mundo inteiro, encontrando neste amor a verdadeira felicidade.

Convida-nos para que nesta Quaresma, assim como Jesus Cristo fez,  entremos no deserto da criação, para fazê-la voltar a ser aquele jardim da comunhão com Deus que era antes do pecado das origens (cf. Mc 1,12-13; Is 51,3).

Não passe em vão este Tempo da Quaresma, percorrendo o mesmo caminho, em atitude de verdadeira conversão, levando-nos à  esperança de Cristo, e  também à criação, que “será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus” (Rm 8, 21).

Conclui fazendo-nos um convite a fim de que abondemos o egoísmo, o olhar fixo em nós mesmos, e voltemo-nos para a Páscoa de Jesus; fazendo-nos próximo dos irmãos e irmãs em dificuldade, partilhando com eles os nossos bens espirituais e materiais, pois deste modo, acolheremos na nossa vida concreta a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, atrairemos também sobre a criação a Sua força transformadora.

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