Síntese da Mensagem para a
Quaresma 2020
A
Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2020 tem como motivação o versículo
da Segunda Carta de Paulo aos Coríntios: “Em nome de Cristo, suplicamo-vos:
reconciliai-vos com Deus” (2 Cor 5, 20).
Ele
nos fala da Quaresma como um tempo propício para nos prepararmos para celebrar,
de coração renovado, o grande Mistério da Morte e Ressurreição de Jesus, centro
da vida cristã pessoal e comunitária, e o fundamento da conversão.
Da
escuta e acolhida deste anúncio nasce a alegria do cristão, de modo que quem
crê neste anúncio rejeita a mentira de
que a nossa vida teria origem em nós mesmos, quando na realidade nasce do amor
de Deus Pai, da Sua vontade de dar vida em abundância (cf. Jo 10, 10).
Estende
a todos os cristãos o que escreveu aos jovens na Exortação apostólica Christus
vivit: «Fixa os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre
de novo. E quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente
na Sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o Seu sangue
derramado pelo grande amor que Ele tem e deixa-te purificar por Ele. Assim,
poderás renascer sempre de novo» (n. 123).
Urge
viver a Páscoa de Jesus, não como um acontecimento do passado, pois pela força
do Espírito Santo, ela é sempre atual e nos permite contemplar e tocar com fé a
carne de Cristo em tantas pessoas que sofrem, e consequentemente há a urgência
da conversão em todos os sentidos, experimentando a misericórdia de Deus,
ficando “face a face” com o Senhor crucificado e ressuscitado “que
me amou e a Si mesmo Se entregou por mim” (Gl 2, 20).
Neste
sentido, é muito importante a oração
no Tempo Quaresmal, que antes de ser um dever, deve ser a expressão da
necessidade de corresponder ao amor de Deus, que sempre nos precede e nos
sustenta.
Esta
poderá assumir formas diferentes, mas o que conta verdadeiramente aos olhos de
Deus, afirma o Papa – “é que ela escave dentro de nós, chegando a romper a
dureza do nosso coração, para o converter cada vez mais a Ele e à Sua vontade”.
Faz
um convite para este tempo favorável: “...deixemo-nos conduzir como Israel
ao deserto (cf. Os 2, 16), para podermos finalmente ouvir a voz do nosso
Esposo, deixando-a ressoar em nós com maior profundidade e disponibilidade...”
Este
tempo favorável de conversão deve ser marcado pelo “sentido de gratidão e
sacudir-nos do nosso torpor”, ou seja, superar toda indiferença e
apatia.
Deus
quer, portanto, estabelecer um diálogo conosco,
mas não uma conversa ditada por uma
curiosidade vazia e superficial, que caracteriza a mundanidade de todos os
tempos e, hoje em dia, podendo ser manifestada também no uso pervertido dos meios de comunicação.
Na
parte final da mensagem, exorta-nos para a prática da esmola, para a edificação
de um mundo mais justo, acenando para a riqueza que deve ser partilhada, e não
acumulada só para si mesmo, de modo que colocar o Mistério Pascal no centro da
vida significa “... sentir compaixão pelas chagas de Cristo crucificado
presentes nas inúmeras vítimas inocentes das guerras, das prepotências contra a
vida desde a do nascituro até à do idoso, das variadas formas de violência, dos
desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens da terra, do tráfico de
seres humanos em todas as suas formas e da sede desenfreada de lucro, que é uma
forma de idolatria”.
Afirma
o Papa: “A partilha, na caridade, torna o homem mais humano; com a acumulação,
corre o risco de embrutecer, fechado no seu egoísmo”.
Lembra
a convocação que fez para os jovens economistas, empreendedores e transformativos,
para o encontro em Assis, de 26 a 28 de março, para refletir sobre a
contribuição na busca de uma economia mais justa e inclusiva do que a atual.
Assim
como a política é uma forma eminente de caridade (cf. Pio XI, Discurso à FUCI,
18/XII/1927), o mesmo se dá ao ocupar-se da economia, com o mesmo espírito
evangélico, que é o espírito das Bem-Aventuranças.
Finaliza pedindo a intercessão de Maria Santíssima para a próxima
Quaresma, reafirmando o apelo para que nos deixemos reconciliar com Deus, fixando
o olhar e o coração no Mistério Pascal, acompanhando da conversão e de um
diálogo aberto e sincero com Deus, a fim de que sejamos “sal da terra e luz do mundo” (cf. Mt
5, 13.14).
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