A Amizade Divina e a felicidade desejada
A Liturgia do décimo Domingo do Tempo Comum (ano B) nos convida a refletir sobre o Projeto de Deus oferecido à humanidade e a liberdade de nossa resposta. Podemos optar pelo bem ou pelo mal, pela pertença ou não de Sua família; tendo como critério para a pertença a realização da Sua vontade.
A passagem da primeira leitura (Gn 3,9-15) retrata a criação de uma forma essencialmente catequética, a partir dos nossos primeiros pais (Adão e Eva), nos oferece a oportunidade de refletir sobre o que acontece quando rejeitamos as propostas de Deus e preferimos os caminhos do egoísmo, do orgulho e da autossuficiência.
Inevitavelmente quando vivemos à margem de Deus trilhamos caminhos amargos de sofrimento, destruição, infelicidade e morte.
Inevitavelmente quando vivemos à margem de Deus trilhamos caminhos amargos de sofrimento, destruição, infelicidade e morte.
O mal no mundo não tem origem em Deus, mas resulta de nossas escolhas erradas, do mau uso de nossa liberdade, de modo que é impossível o encontro da felicidade quando se prescinde de Deus, da Sua amizade, do Seu bem querer para todos nós: a felicidade plena e eterna.
Prescindir de Deus leva a duas consequências extremamente negativas: a hostilidade para com o outro e a inimizade com toda a criação.
Sem uma relação profunda e sincera com Deus, nos desencontramos e nos perdemos em relação a nós mesmos, em relação ao outro e ao mundo que nos cerca. Numa palavra, sem Deus não há felicidade possível.
Sem a amizade divina, somos imersos num lamaçal de mediocridade e infelicidade; na areia movediça do orgulho, do vazio, da inutilidade, da depressão, da vida sem sentido.
Sem a amizade divina, o encontro sofrível com a escuridão eterna. Rejeitar o Amor de Deus é fechar a porta para a felicidade e a eternidade.
Na passagem da segunda Leitura (2Cor 4,13-5,1), com o Apóstolo Paulo, aprendemos que viver somente tem sentido na perspectiva da Ressurreição, numa vida cristã coerente, agindo como verdadeiros discípulos missionários do Senhor.
O Apóstolo ainda nos assegura que a fé no Ressuscitado, crer em Sua presença, contando com a força e a vida do Espírito, na fidelidade a Deus que nos criou e nos ama, nossa esperança é sustentada e nossa caridade animada, na provisoriedade e brevidade de nossa existência.
Com a passagem do Evangelho (Mc 3,20-35), contemplamos a ação de Jesus em favor da vida, com aceitação de uns, rejeição e incompreensão de outros.
A cena se passa numa casa: há os que ficam do lado de fora e os que estão dentro. Há sempre aqueles que são arredios, os que ficam à porta, são os que chamamos de “católicos não praticantes”. Há aqueles que fazem parte da família de Deus, porque compreenderam a lógica desta pertença, que consiste em fazer a Sua vontade em qualquer tempo e em qualquer lugar.
Com a passagem do Evangelho, refletimos sobre a liberdade que Deus nos concede, fazer a melhor escolha, ou seja, tudo fazer para pertencer à família de Deus, crendo na Vida Trinitária, inseridos e comprometidos com esta Comunhão Maior, promovendo e fortalecendo as outras tantas comunhões necessárias, na família, no mundo e em todo lugar.
Somente no fazer a vontade de Deus nossa felicidade se realiza. Somente neste “fazer” é que seremos autênticas testemunhas do Ressuscitado e viveremos a relação de nossos pais no Paraíso, não mais como saudade de algo que se perdeu, mas como algo que pode ser reconquistado, vivido e no céu eternizado.
Nunca voltar ao paraíso pela saudade, mas tê-lo na mente e no coração, para que nos alavanque para águas mais profundas. Jardins belos e férteis, Deus nos tem preparado, pois foi para isto que, pelo Filho, nos criou.
Somente quem entra no movimento do Espírito, o Movimento do Amor, redescobre que o Paraíso existe e é possível; de modo que, usando a liberdade que Deus nos deu, façamos nossas escolhas, saibamos a vontade de Deus realizar.
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