Para que o Natal seja verdadeiro!
O Tempo do Advento, como a Igreja insiste, é tempo de vigilância ativa, oração, conversão, preparação para um Santo e iluminado Natal do Senhor.
Reflitamos sobre a afirmação do Bispo Santo Ambrósio (séc. IV):
“Com que laços se retêm o Cristo? Não é com laços da injustiça, nem com nós de corda, mas com os laços da caridade, com as rédeas do Espírito e pelo afeto da alma”
Reter Cristo não quer dizer aprisioná-Lo em nosso íntimo. Jamais seria proposto termos uma relação intimista com Deus, o que é muito diferente de uma autêntica intimidade com Deus que devemos permanentemente buscar.
O Tempo do Advento é a possibilidade de esvaziarmos nosso interior de tudo que ofusca a imagem de Deus em nós; eliminação de tudo que possa ocupar espaço na mente e no coração, para que o Senhor tenha uma acolhida e lugar digno em nós.
Reter é como sentir Sua presença, não exilá-Lo de nós. Abrir, decididamente a porta para que Ele venha e em nós faça morada. Ele está à porta e bate, como Ele mesmo disse depois de ter vindo na forma de uma Criança: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3,21).
Já não esperamos mais a primeira vinda de Jesus, mas a segunda, enquanto vivemos a vinda intermediária.
Assim toda a prática de injustiça O afasta e aprisiona; fechamos qualquer possibilidade de um relacionamento sincero com Ele.
Seja para nós o Tempo do Advento um tempo favorável para:
- reforçarmos e multiplicarmos os laços de caridade, não apenas dando uma cesta (o que é maravilhoso para quem recebe tanto quanto para quem dá); mas também laços de caridade mais fraternos, verdadeiros, justos, sinceros;
- não restringir a caridade à oferta do material, ao tangível. Ela nos pede mais, como nos fala o Apóstolo Paulo na Carta aos Coríntios (1Cor 13);
- cuidarmos das “rédeas do Espírito”, que jamais nos aprisiona. Em Cristo, somos uma nova criatura; com Seu Espírito gozamos a verdadeira liberdade. Não há maior liberdade que se possa experimentar do que a liberdade que nos alcança o Espírito.
Conhecendo a Verdade que é Jesus, vivendo-a em fidelidade ao Pai, teremos a presença de Seu Espírito, e então saborearemos os deleites da alegria e liberdade que Ele nos traz, deste modo, o afeto da alma seja contemplado em cada pessoa que encontrarmos no Natal que se aproxima.
Seja para nós o Natal, não apenas a festa das comidas e trocas de presentes, mas a expressão de que, depois de esforços multiplicados, empenhos realizados, o coração devidamente preparado, nos tornamos mais fraternos.
Encontre nossa alma a paz tão desejada, que somente do Senhor pode vir, se O acolhermos no Natal, na caridade, liberdade e afeto.
Retenhamo-Lo! Mas antes... Antes que seja tarde, comecemos a preparar um digno lugar para Ele.
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