quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Contemplo-Vos, ó Cristo, sempre presente

                                                                 

Contemplo-Vos, ó Cristo, sempre presente

O Concílio Vaticano II nos agraciou com a Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia, e nos apresenta um parágrafo que nos convida a contemplar a presença de Jesus Cristo Ressuscitado em diversos momentos (n.7).

Oremos:

Contemplo-Vos, ó Cristo, sempre presente em Sua Igreja, principalmente nas Ações Litúrgicas.

Contemplo-Vos, ó Cristo, presente na Sagrada Liturgia como o Vosso exercício do múnus sacerdotal, onde os sinais sensíveis significam e, do modo específico a cada um, o que realizam na santificação do homem.

Contemplo-Vos, ó Cristo, presente na Celebração Litúrgica, por ser ato Vosso, do Cristo Sacerdote e de Seu Corpo, a Igreja, que é a ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra obra da Igreja iguala no mesmo título e grau.

Contemplo-Vos, ó Cristo, sempre presente no Sacrifício da Missa, tanto na pessoa do Ministro, pois quem o oferece agora, através do Ministério dos Sacerdotes, é Aquele mesmo que Se ofereceu na Cruz, como, mais intensamente ainda, sob as Espécies Eucarísticas.

Contemplo-Vos, ó Cristo, sempre presente pela Vossa virtude nos Sacramentos, pois quando alguém batiza é Cristo quem batiza.

Contemplo-Vos, ó Cristo, sempre presente por Vossa Palavra, pois sois Vós quem fala, quando se lê a Sagrada Escritura na Igreja.

Contemplo-Vos, ó Cristo, sempre presente, enfim, na Oração e Salmodia da Igreja, pois Vós prometestes: “Onde dois ou três se reúnem em meu nome, aí estou no meio deles” (Mt 18,20).

Contemplo-Vos, ó Cristo, unindo estreitamente a Vós, a Vossa esposa diletíssima, a Igreja, que invoca seu Senhor e, por Ele, presta culto ao eterno Pai. Amém. Aleluia!

“A caridade perfeita expulsa o temor”

“A caridade perfeita expulsa o temor”

Vivendo intensamente o Tempo da Quaresma, reflitamos sobre o verdadeiro temor do Senhor, à luz dos Tratados sobre os Salmos, escritos pelo Bispo Santo Hilário (Séc. IV).

Feliz és tu se temes o Senhor e trilhas seus caminhos (Sl 127,1). Todas as vezes que na Escritura se fala do temor do Senhor, nunca se fala isoladamente, como se ele bastasse para a perfeição da nossa fé; mas vem sempre acompanhado de muitas outras virtudes que nos ajudam a compreender sua natureza e perfeição.

Assim aprendemos desta palavra que disse Salomão no livro dos Provérbios: Se suplicares a inteligência e pedires em voz alta a prudência; se andares à sua procura como ao dinheiro, e te lançares no seu encalço como a um tesouro, então compreenderás o temor do Senhor (Pr 2,3-5).

Vemos assim quantos degraus é necessário subir para chegar ao temor do Senhor.

Em primeiro lugar, devemos suplicar a inteligência, pedir a prudência, procurá-la como ao dinheiro e nos lançarmos ao seu encalço como a um tesouro. Então chegaremos a compreender o temor do Senhor.

Porque o temor, na opinião comum dos homens, tem outro sentido. É a perturbação que experimenta a fraqueza humana quando receia sofrer o que não quer que lhe aconteça. Este gênero de temor manifesta-se em nós pelo remorso do pecado, pela autoridade do mais poderoso ou a violência do mais forte, por alguma doença, pelo encontro com um animal feroz e pela ameaça de qualquer mal.

Esse temor, por conseguinte, não precisa ser ensinado, porque deriva espontaneamente de nossa fraqueza natural. Não aprendemos o que se deve temer, mas são as próprias coisas temíveis que nos incutem o terror.

Pelo contrário, sobre o temor de Deus, assim está escrito: Meus filhos, vinde agora e escutai-me: vou ensinar-vos o temor do Senhor Deus (Sl 33,12). Portanto, se o temor do Senhor é ensinado, deve-se aprender. Não nasce do nosso receio natural, mas do cumprimento dos mandamentos, das obras de uma vida pura e do conhecimento da verdade.

Para nós, todo o temor do Senhor está contido no amor, e a caridade perfeita expulsa o temor. O nosso amor a Deus leva-nos a seguir os seus conselhos, a cumprir os Seus Mandamentos e a confiar em suas promessas.

Ouçamos o que diz a Escritura: E agora, Israel, o que é que o Senhor teu Deus te pede? Apenas que o temas e andes em Seus caminhos; que ames e guardes os mandamentos do Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, para que sejas feliz (Dt 10,12-13).

Ora, os caminhos do Senhor são muitos, embora ele próprio seja o Caminho. Pois, Ele chama-Se a Si mesmo caminho, e mostra a razão porque fala assim: Ninguém vai ao Pai senão por mim (Jo 14,6).

Devemos, portanto, examinar e avaliar muitos caminhos, para encontrarmos, por entre os ensinamentos de muitos, o único caminho certo, o único que nos conduz à vida eterna. Há caminhos na Lei, caminhos nos Profetas, caminhos nos evangelhos e nos apóstolos, caminhos nas diversas obras dos mestres. Felizes os que andam por eles, movidos pelo temor do Senhor”.

Seja para nós o Tempo da Quaresma o tempo favorável para:

- suplicarmos a Deus inteligência e a prudência. Incansáveis, procuremos, pois se trata de um “tesouro”, como nos disse o Bispo, para chegarmos a compreensão do temor do Senhor;

- fazermos progressos maiores no cumprimento do Mandamento do Amor a Deus e ao próximo, pois somente a caridade vivida expulsará todo temor;

- descobrirmos a face misericordiosa e amorosa de Deus, que nos ama com amor sem medida, que encontrou a sua máxima expressão no Mistério da Paixão e Morte de Seu Filho Jesus, para que nos fosse enviado o Paráclito, o Advogado, o Espírito Santo, para nos inflamar com Seu Amor, cumulando-nos de todos os bens e de todas as graças.

Lázaro é o próprio Cristo Crucificado nos crucificados de cada tempo!


Lázaro é o próprio Cristo Crucificado nos crucificados de cada tempo!

A Liturgia da quinta-feira da 2ª semana da Quaresma nos apresenta a Parábola do rico e do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31).

O Papa Bento XVI, em seu Livro “Jesus de Nazaré”, muito nos enriquece com sua reflexão, em que destaco alguns pontos essenciais, sobre a passagem da Parábola:

Inicialmente,  o Papa nos fala sobre a essência da mensagem da Parábola do Lázaro (que quer dizer Deus é nosso auxílio); o apelo para o amor e a responsabilidade para com nossos irmãos empobrecidos, tanto no nível menor de nossas ações cotidianas, como em nível mundial:

“Também nesta história se encontram diante de nós duas figuras contrastantes entrei si: o rico, que se regala no seu bem-estar, e o pobre, que nem sequer pode apanhar as migalhas que os ricos dissipados atiram da mesa – segundo os costumes de então, pedaços de pão com os quais purificavam as mãos e que depois atiravam para fora. Os Padres da Igreja classificaram em parte também esta Parábola segundo o esquema dos dois irmãos e aplicaram-na à relação de Israel (o rico) e da Igreja (o pobre Lázaro)...

Na realidade, o Senhor quer com esta história justamente nos introduzir no processo do ‘despertar’, que está sedimentado nos Salmos. Não se trata aqui de uma condenação barata da riqueza ou dos ricos nascida da inveja...

E assim devemos, mesmo isso não estando no texto, dizer, a partir dos Salmos, que o libertino rico era já neste mundo um homem de coração vazio, que queria na sua devassidão apenas abafar o vazio, que já constava no aquém.

Naturalmente esta Parábola, à medida que nos desperta, é ao mesmo tempo um apelo para o amor e para a responsabilidade que precisamos ter para com os nossos irmãos pobres, quer no plano da sociedade mundial, quer na pequenez do nosso cotidiano".

Outro ponto culminante é a exigência de sinais:

“A resposta de Abraão, bem como a resposta de Jesus, à exigência de sinais dos seus contemporâneos fora do mistério é clara: quem não acredita na Palavra da Escritura também não acreditará em alguém que venha do além...

Uma coisa é clara: o sinal de Deus para os homens é o Filho do Homem, é Jesus. E Ele o é profundamente no Seu Mistério Pascal, no Mistério da Morte e da Ressurreição. Ele mesmo é o ‘sinal de Jonas’. Ele, o Crucificado e o Ressuscitado, é o verdadeiro Lázaro: a Parábola, que é mais do que uma Parábola, convida-nos a acreditarmos e a seguirmos este grande sinal de Deus. Ele fala da realidade, da realidade mais decisiva da história em absoluto” . (P. 187-191)".

Esta Parábola nos convida a refletir e fortalecer nossos passos num caminho contínuo de conversão, para que nosso amor a Deus se expresse em real amor e compromisso com os Lázaros de cada tempo.

A solidariedade com os “Lázaros” deve ser a mais bela expressão de misericórdia entre nós vivida, para que misericordiosos como o Pai sejamos.

Em plena Quaresma, que esta Parábola acolhida, refletida nos ajude neste itinerário quaresmal de penitência e conversão, para que nosso amor a Deus se expresse em real amor e compromisso com os Lázaros de cada tempo.

As ações solidárias para com Lázaro haverão de ser frutos do esforço que fizermos, numa sincera abertura à graça divina, que nos é derramada abundantemente neste tempo, para que vivamos intensamente as três práticas que nos foram propostas na Quarta-feira de Cinzas: jejum, Oração e esmola.

Água, vinho e o Cálice do Senhor

Água, vinho e o Cálice do Senhor

Ao preparar o Cálice, o padre coloca algumas gotas de água no vinho, e talvez poucos compreendam ou fixam a atenção neste momento, que deve ser feito com toda piedade.

Não temos maior dificuldade para compreensão da matéria do vinho, pois a Igreja sempre ensinou que Jesus instituiu o Sacramento da Eucaristia na partilha do pão e do vinho:

"Doravante, não tornarei a beber deste fruto da vide, até chegar aquele dia" (Mt 26, 29; Mc 14, 15), e a própria narrativa do Apóstolo Paulo aos Coríntios, em sua primeira Carta (1 Cor 11, 23-26).

São João Crisóstomo, um dos Padres da Igreja, disse: "Do fruto da vide, que certamente produzia vinho, e não água", e também a alusão ao lado trespassado do Senhor, do qual jorrou Sangue e Água: “Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu Sangue e Água.” (Jo 19,34).

Fundada na autoridade dos Concílios, e no testemunho de São Cipriano, a Igreja, porém, sempre misturou água com o vinho.  Esta mistura faz lembrar que do lado de Cristo verteu Sangue e Água.

Também no Livro do Apocalipse (Ap 17,15),  as "águas" significam o povo; de modo que, misturar a água ao vinho tem simbolismo próprio: a água simboliza a união do povo fiel com Cristo, que é a Sua Cabeça.

Curiosa é a observação feita pelo Papa Honório, no sentido que não haja mais água do que vinho: "No teu território, arraigou-se um abuso pernicioso, como seja o de empregar, no sacrifício, maior quantidade de água que de vinho; porquanto a razoável praxe da Igreja Universal prescreve que se tome muito mais vinho do que água".

Nada pode substituir o vinho e a água, que se somam ao pão a ser consagrado, com fórmulas e orações próprias, ao repetir as próprias Palavras do Senhor, e a invocação do Espírito Santo sobre as oferendas.

Concluindo, ao misturar a água ao vinho, colocamos no Cálice nossa humanidade, nossa existência, que se une ao vinho, que se tornará Sangue do Senhor, verdadeira e Salutar Bebida para nos inebriar e nos fortalecer, ao participarmos da Ceia Eucarística.

Na junção da água ao vinho, unimos nossa humanidade à divindade do Senhor, para que seja redimida. A divindade assume nossa humanidade e a redime, numa perfeita comunhão de amor, entrega e doação d’Ele para conosco, e também haverá de ser, sempre, dos que do Cálice Sagrado participam, com o Senhor.

Comunidade: lugar do encontro com Deus (IIITQB)

Comunidade: lugar do encontro com Deus

Na passagem do Evangelho (Jo 2, 13-25), ao realizar a purificação do templo, Jesus anuncia que Ele mesmo é o lugar do verdadeiro encontro com Deus.

Jesus é a verdadeira presença de Deus no meio da humanidade, o Verbo que Se fez Carne.

E, ao afirmar que pode destruir o templo e o edificar em três dias, preanuncia a Sua morte e Ressurreição, que será esta, por sua vez a garantia de que Jesus veio de Deus, e que Sua atuação tem o selo de garantia de Deus.

O evangelista João situa o fato de a purificação acontecer nos dias que antecedem à Festa da Páscoa, momento em que grande multidão afluía para Jerusalém. Note-se que Jerusalém teria aproximadamente 55.000 habitantes, e nestes dias chegava a receber 125.000 peregrinos, com o sacrifício de 18.000 cordeiros na celebração pascal.

Evidentemente, o templo era lugar de grande comércio e muitos viviam dele; e aqui o sinal profético da sua purificação feita por Jesus.

O gesto de Jesus deve ser entendido neste contexto, como a comunicação de novos tempos messiânicos.

Jesus não propõe a reforma do templo, mas a abolição do culto porque era algo nefasto, ou seja, em nome de Deus o culto criava exploração, miséria, injustiça, em vez de favorecer uma sincera e frutuosa relação com Deus.

Jesus é, de fato, o novo Templo, isto é fundamental como mensagem. Ele Se faz companheiro de caminhada e aponta os caminhos de salvação.

A salvação não fica restrita às mãos dos sacerdotes do templo. Ele é Aquele que vem ao mundo comunicar a Salvação à humanidade, em sinal de total e incondicional Amor a Deus, dando Sua vida em sacrifício para a nossa redenção.

Não há mais necessidade daquele templo e seus sacrifícios. Com Ele, Jesus, a humanidade pode alcançar vida, alegria, paz, salvação sem submeter à lógica sacrificial do templo, que havia se tornado casa de comércio, covil de ladrões.

Os cristãos, tendo aderido ao Senhor e a Sua Mensagem, tendo comido a Sua Carne, bebido do Seu Sangue, precisam se identificar com Ele.

Os cristãos são, portanto, pedras vivas desse novo Templo no qual Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro da humanidade oferecendo vida e Salvação.

Cabe aos cristãos revelar ao mundo o rosto bondoso, misericordioso e terno de Deus, pelo que creem e pelo que vivem, sem dissociação, sem distanciamentos e incoerência, pois todo aquele que vive e crê no Senhor, terá a vida eterna, e já experimenta no tempo presente felicidade plena. 

Urge que nossos cultos sejam agradáveis a Deus, com implicações em nossa vida, sobretudo a Eucaristia que celebramos.

Da mesma forma, precisamos viver a Palavra que proclamamos e ouvimos, a fim de que nossos cultos não sejam apenas solenes, mas ricos de conteúdos vivenciais, com maiores compromissos com a vida, ou seja, com o Reino de Deus.

Sendo assim, quando acorremos ao Templo para celebrar, haveremos de fazê-lo de modo ativo, consciente e piedoso de modo que molda o nosso viver.

Reflitamos:

- Sentimos a presença de Deus em nossas comunidades, verdadeiros Templos de Deus?

- Sentimos a presença de Deus em cada homem e mulher, como templos de Deus?

- Há o Templo e os templos, nos quais Deus também fez Sua morada. Como cuidamos do Templo do Senhor, e também como cuidamos dos templos do Senhor?

- O que fazemos para que cada pessoa, lugar da presença de Deus, também tenha vida plena e feliz?

Que o Tempo da quaresma renove em nós a alegria de ser Igreja, amando e nos colocando a serviço dela, no compromisso com a vida e com o Reino, não esgotando nossa fé na prática de cultos e ritos, mas em sinceros e multiplicados gestos de amor, comunhão, fraternidade e solidariedade, e tão somente assim, nossos cultos serão agradáveis a Deus.

Nunca é demais dizer: há sempre um longo a caminho de conversão a percorrer, para que nossas comunidades correspondam à missão que lhes foi confiada. Vivamos, portanto, este Tempo, como tempo de graça e reconciliação e maior fidelidade aos desígnios de Deus.
  

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Em poucas palavras...

 


A Cruz, símbolo da vida

“E Sua paixão (de Jesus Cristo), tão semelhante à sorte que coube a Jeremias, não leva mais o grito da humanidade incapaz de compreender a dor, mas torna-se motivo de conforto para os homens provados pelo sofrimento e angústia da morte, porque Cristo nos salvou por sua morte.

A cruz, depois de Jesus Cristo, torna-se símbolo de vida; não perde a dureza, mas já não é destituída de significado.” (1)

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 211

Passagem bíblica: Jeremias (Jr 18,18-20)

Quero beber do Teu Cálice, Senhor!

 

Quero beber do Teu Cálice, Senhor!
 
“Não sabeis o que pedis. Podeis beber o
Cálice que hei de beber?” (Mt 20,22)
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Assim como disseste à mãe de Tiago e João,
Sei que não cabe a Ti conceder, mas ao Pai,
 
Então, permita-me, Senhor, participar de Tua Paixão,
Morrendo contigo, para também contigo Ressuscitar.
 
Também contigo quero estar sempre em completa comunhão,
Na alegria e na dor, nos tropeços e reerguimentos.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Quero me unir à Tua imerecida Paixão,
Completando em minha carne o que possa faltar.
 
Assim, a Paixão contigo vivendo e assumindo,
Por amor a Igreja, totalmente me consumindo.
 
Em fidelidade comprovada, razão da esperança sempre dar,
E na rede de relações quotidianas a caridade testemunhar.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Consumir minha vida por Ti, logo, pelo Amor,
Marcada pela alegria da doação e do serviço.
 
Fazendo brilhar Tua luz, num mundo por vezes obscurecido e frio,
Pela palavra e pela ação, para que Teu nome glorifiquem.
 
Reconhecendo Tua terna e amável presença
Naqueles em que estás aparentemente invisível.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Numa fé em contínuo amadurecimento, acrisolamento,
Sem lamentar, mas com Tua força contar no sofrimento.
 
Caminhando peregrino longe de Ti, tão próximo, tão perto,
Até que possa ver Tua face reluzente, para sempre. 
 
Rumando para a eternidade, com passos firmes,
Sem estagnações e recuos para de Ti não me distanciar.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Suportar, se necessário, por fidelidade a Ti,
O desprezo e a incompreensão ao invés da glória.
 
Com sincera humildade, ponho-me no último lugar
Aprendiz de Ti, servindo por amor, servo inútil me reconheço.
 
Amargar a incompreensão se preciso for,
Pelo bem feito, sempre será melhor sofrer.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Entranhando no mais profundo de mim Tua Palavra
De modo especial a que ressoa em cada Eucaristia.
 
Deixando-me por ela me moldar, transformar,
Para que Tua imagem melhor possa transparecer.
 
Da verdadeira Comida e Bebida me saciar;
Vigor, alegria, imortalidade alcançar.
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor.
 
Para que se cumpra em mim Tua Palavra,
No Evangelho, na mente e coração gravada:
 
“Quem come da minha Carne e bebe meu Sangue
permanece em mim e Eu n’Ele”.
 
Bebo do Teu Cálice, alimento-me de Teu Pão.
Permaneces em mim, Senhor, permaneço em Ti. Amém!
 
Quero beber do Teu Cálice, Senhor,
Minha cruz assumir contigo por amor... 
 
 
PS: Apropriado para o XXIX DTCB, em que se proclama a passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 10, 35-45)
 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG