quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Não vos inquieteis com nada! (IIIDTA)

                                                   

Não vos inquieteis com nada!
            
Quantas vezes dores, enfermidades, preocupações, angústias, incertezas nos inquietam, carregam nosso semblante de preocupações, indiscutivelmente testemunhado pelo olhar, com esforços inúteis de disfarces.

Quantas vezes nossa vida é como uma barca à deriva em mares agitados. O que fazer?

Muitas possibilidades há para roubar nossa alegria e paz.

Como enfrentar as turbulências de nosso existir, desafios de nosso cotidiano?

Paulo, melhor do que ninguém, pode nos dizer: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4,4).

É sabido por quantas provações ele passou por causa do Evangelho e por causa de Jesus. É crível sua palavra, pois vem acompanhada de seu testemunho. Não são palavras vazias, com ausência de sentido e conteúdo.

As alegrias do mundo tendem para a eterna tristeza; mas as que brotam da vontade do Senhor levam os fiéis, que nelas perseveram, às alegrias duradouras e eternas, pois "O Senhor está perto; de nada vos inquieteis" (Fl 4,5-6).

Há tantas alegrias que não duram mais que o orvalho da manhã; que explodem como bolhas de sabão.

Alegrias transitórias, efêmeras, ilusórias, passageiras como nuvens, artificiais... São as que tendem para a eterna tristeza, pois não trazem a alegria em si. Somente n’Ele, Jesus, a perfeita alegria!

Paulo nos convida em tudo, por orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças, a apresentar nossos pedidos a Deus (Fl 4,6). A Ele entregar nossas preocupações e necessidades. Jamais decepção haverá para quem em Deus confiar.

Como disse o Pseudo Ambrósio, no século IV:

“O Senhor está perto; de nada vos inquieteis (Fl 4,5-6); o Senhor está sempre perto daqueles que O invocam na verdade, com fé integra, esperança firme, caridade perfeita.

Ele sabe do que precisais, antes mesmo que o peçais. Está sempre pronto a vir em auxílio dos que O servem fielmente, em qualquer necessidade sua...

Por conseguinte, não temos de preocupar-nos demais com as dificuldades iminentes, porque sabemos estar próximos de Deus, nosso defensor...

Se nos esforçarmos por realizar e guardar o que ordenou, Ele não tardará a nos dar o prometido. Mas em tudo, por orações e súplicas acompanhadas de ação de graças, apresentai vossos pedidos a Deus (Fl 4,6): não aconteça que, aflitos suportemos as tribulações com murmuração e tristeza. Isto nunca, mas com paciência e de rosto alegre, dando sempre e por tudo graças a Deus (Ef 5,20)”.

“Com paciência e de rosto alegre”, somente é possível para quem crê na força da Eucaristia, Remédio de imortalidade; antídoto para não morrer. Eucaristia que é ação de graças.

Não estamos sós. Que bom saber que Deus conosco está! Ventos, tempestade, agonias, sofrimentos, morte... jamais serão e terão a última palavra, pois esta é sempre de Deus.

Que Deus nos dê esta serenidade Paulina, exortada pelo Pseudo Ambrósio, tão indispensável em todo o tempo.

Mantendo viva a esperança contra toda falta de humana esperança, não nos inquietemos com nada!

Advento: irradiar alegria (IIIDTA)

                                                             

Advento: irradiar alegria

A Liturgia do 3º Domingo do Advento é um convite à alegria pela proximidade do Senhor que está para chegar, cujo nascimento no Natal haveremos de celebrar, por isto é chamado de Domingo da Alegria, ou seja, Domingo “Gaudete”.

Retomo duas citações de Raniero Cantalamessa para refletirmos sobre a autêntica alegria, que somos chamados a viver e a irradiar, se nos prepararmos e celebrarmos ativa, piedosa e conscientemente o Banquete da Eucaristia:

“Daquela alta fornalha, a suavidade do Espírito Santo se derrama sobre as criaturas que encontram Jesus; o Espírito Santo é a esteira de perfume que Jesus deixou atrás de si passando entre os homens. Por onde passa Jesus - e é acolhido – difunde-se por isso a alegria” (1);

“O inimigo da alegria não é o sofrimento; é o egoísmo, o voltar-se sobre si mesmo, a ambição. O homem voltado sobre si mesmo é um porco-espinho que mostra somente espinhos, uma casa fechada, um castelo com as pontes levadiças erguidas” (2).

O Tempo do Advento nos convida a sentir a alegria pela proximidade da graça de celebrar o Nascimento do Salvador, e esta somente poderá ser sentida e contemplada por aqueles que como Jesus deixaram “esteiras de perfume”, como Jesus o fazia.

Caminhar com o Senhor e deixar boas marcas, saudáveis memórias, doces legados; sementes lançadas a germinar e frutificar, ainda que não saboreemos os frutos.

Caminhar com o Senhor, acolhido ou não, mas sempre em frente, sem esmorecimento e lamentos estéreis, porque há um mundo sedento de ouvir uma Palavra que irradie luz, que seja como um bálsamo para a dor e pranto vivenciado.

Que o Senhor nos ensine a experimentar a verdadeira alegria, que nasce da Sua morte e Ressurreição, e que o mundo jamais poderá roubar ou matar. Alegrar-se sempre no Senhor, como nos exorta o Apóstolo Paulo: Alegrai-vos sempre no Senhor, insisto: Alegrai-vos!” (Fl 4,4)

Livre-nos, o Senhor, de sermos como “castelo com as pontes levadiças erguidas”, ou o “porco-espinho que mostra somente espinhos”.

Sejamos libertos de todo o egoísmo, autossuficiência, melancolia, para que sejamos cada vez mais abertos às necessidades do próximo, em gestos multiplicados de acolhida, amor e partilha.

Advento é o tempo em que somos desafiados a não naufragar no mar dos lamurientos e agourentos de plantão, prontos para matar as sementes de confiança e esperança de um novo amanhecer.

Seja a Igreja como “castelos” a abrir e descer suas portas, a fim de que sejamos uma Igreja “em saída”, levando a Boa Notícia do Evangelho às desafiadoras “periferias existenciais” (cf. Bula “Misericordiae Vultus” - Papa Francisco). 


(1) O Verbo Se faz Carne – Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria – 2013 - p.494
(2) Idem p.495

Em poucas palavras... (IIIDTAA)

 


Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo...”

“«Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamar Pai a Deus e de participar na graça de Cristo, de ser chamados filhos da luz e de tomar parte na glória eterna».”(1)

 

(1) São Basílio Magno – parágrafo n. 736 do Catecismo da Igreja Católica

Preparemos o Natal do Senhor à luz dos Prefácios do Advento (IIIDTAA)

                                                      


 Preparemos o Natal do Senhor à luz dos Prefácios do Advento

Tempo do Advento é por excelência tempo favorável de recolhimento, oração e fecunda penitência, para a celebração de um Natal transbordante de alegria e luz, pois veio, vem e virá o Senhor sempre ao nosso encontro.

Retomemos as quatro opções de Prefácios para o Advento que a Igreja nos oferece:

Prefácio do Advento I – sobre as duas vindas de Cristo:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai Santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Revestido da nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar Seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação.

Revestido de Sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos. Por essa razão, agora e sempre, nós nos unimos aos anjos e a todos os santos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Prefácio do Advento I A – Cristo, Senhor e Juiz da História:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação louvar-vos e bendizer-vos, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, princípio e fim de todas as coisas. Vós preferistes ocultar o dia e a hora em que Cristo, vosso Filho, Senhor e juiz da história, aparecerá nas nuvens do céu, revestido de poder e majestade.

Naquele tremendo e glorioso dia, passará o mundo presente e surgirá novo céu e nova terra. Agora e em todos os tempos, Ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de Seu reino... Por isso, certos de Sua vinda gloriosa, unidos aos anjos, Vossos mensageiros, Vos louvamos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Prefácio do Advento II - A dupla espera de Cristo:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Predito por todos os profetas, esperado com amor de mãe pela virgem Maria, Jesus foi anunciado e mostrado presente no mundo por são João Batista.

O próprio Senhor nos dá a alegria de entrarmos agora no mistério do Seu Natal, para que Sua chegada nos encontre vigilantes na oração e celebrando os Seus louvores. Por essa razão, agora e sempre, nós nos unimos aos anjos e a todos os santos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Prefácio do Advento II A - Maria, a nova Eva:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Nós Vos louvamos, bendizemos e glorificamos pelo mistério da virgem Maria, mãe de Deus. Do antigo adversário nos veio a desgraça, mas do seio virginal da Filha de Sião germinou Aquele que nos alimenta com o pão do céu e garante para todo o gênero humano a salvação e a paz.

 Em Maria, é-nos dada de novo a graça que por Eva tínhamos perdido. Em Maria, mãe de todos os seres humanos, a maternidade, livre do pecado e da morte, se abre para uma nova vida. Se grande era a nossa culpa, bem maior se apresenta a divina misericórdia em Jesus Cristo, nosso salvador. Por isso, enquanto esperamos Sua chegada, unidos aos anjos e a todos os santos, cheios de esperança e alegria, nós Vos louvamos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Oremos:

Senhor Deus, ajudai-nos para que vivamos estes dias do Tempo do Advento, em alegre expectativa para a Celebração do Nascimento do Vosso Filho, Senhor e Juiz da História, em esforço contínuo de conversão na vigilância e na oração, abertos e conduzidos pelo Santo Espírito.

Celebremos a dupla espera de Cristo que vem, contemplando a primeira vinda e aguardando a segunda vinda gloriosa, vivendo com zelo, ardor e amor na vinda intermediária, a missão que recebemos pela graça do batismo, a fim de que sejamos sal da terra e luz do mundo.

Nós Vos suplicamos, contando com a intercessão de Maria, a nova Eva, a mãe de todos os seres humanos, que por meio dela a Divina Misericórdia veio ao nosso encontro, trazendo a Salvação em seus raios (Ml 3,20). Amém.

Uma voz clama no deserto (IIIDTAA)

 


Uma voz clama no deserto

O Comentário sobre o Profeta Isaías, escrito pelo bispo Eusébio de Cesareia, nos convida a refletir sobre a missão de João Batista, uma voz que clama no deserto, bem como a nossa missão como discípulos missionários do Senhor. 

Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, aplainai a estrada de nosso Deus’ (Is 40,3). O profeta afirma claramente que não será em Jerusalém, mas no deserto que se realizará esta profecia, isto é, a manifestação da glória do Senhor e o anúncio da salvação de Deus para toda a humanidade. 

Na verdade, tudo isto se realizou literalmente na história, quando João Batista anunciou no deserto do Jordão a vinda salvífica de Deus e ali se revelou a salvação de Deus. De fato, Cristo manifestou-Se a todos em Sua glória quando, depois de Seu batismo, os céus se abriram e o Espírito Santo, descendo em forma de pomba, pousou sobre Ele; e a voz do Pai se fez ouvir, dando testemunho do Filho: Este é o meu Filho amado, escutai-O (Mt 17,5). 

Estas coisas foram ditas porque Deus deveria vir ao deserto, desde sempre fechado e inacessível. Com efeito, todas as nações pagãs estavam privadas do conhecimento de Deus, e os homens justos e os profetas de Deus nunca haviam penetrado neles. 

Por este motivo, a voz ordena que se prepare um caminho para a Palavra de Deus e se aplainem os terrenos escarpados e ásperos, a fim de que o nosso Deus possa entrar quando vier. Preparai o caminho do Senhor (Mc 1,3): é esta a pregação evangélica que traz um novo consolo e deseja ardentemente que o anúncio da salvação de Deus chegue a todos os homens. 

Sobe a um alto monte, tu, que trazes a boa-nova a Sião. Levanta com força a voz, tu, que trazes a boa-nova a Jerusalém (Is 40,9). Depois que se mencionou a voz que clama no deserto, convêm perfeitamente estas palavras, que se referem aos evangelistas e anunciam a vinda de Deus entre os homens. De fato, a alusão aos evangelistas devia logicamente seguir a profecia sobre João Batista. 

Que Sião é esta, senão a que antes se chamava Jerusalém? Era realmente um monte, como declara esta palavra da Escritura: O monte Sião que escolhestes para morada (Sl 73,2). E o Apóstolo: Vós vos aproximastes do monte de Sião (Hb 12,22). Não será uma alusão ao grupo dos apóstolos, escolhido entre o antigo povo da circuncisão? 

Tal é, pois, Sião ou Jerusalém, que recebeu a Salvação de Deus, e que foi edificada sobre o monte de Deus, isto é, sobre o Verbo, seu Filho único. A ela, que subiu ao alto monte, é que Deus ordena anunciar a palavra da salvação. Mas quem anuncia a boa-nova, senão o coro dos evangelistas? E o que significa anunciar a boa-nova? É proclamar a todos os homens, e em primeiro lugar às cidades de Judá, a vinda de Cristo à terra.”

Tempo do Advento, tempo favorável de recolhimento e revisão de nossa fidelidade e testemunho no seguimento do Senhor, como discípulos missionários Seus.

Tempo de preparar o caminho do Senhor, de preparar nossos corações para bem celebrarmos o Seu Nascimento, Mistério profundo e inesgotável de nossa fé.

Como Igreja Sinodal que somos, tempo de proclamar a todas as pessoas que Ele veio, vem e virá, gloriosamente, e por isto devemos permanecer vigilantes e orantes, empenhados na prática da justiça, fortalecendo vínculos de comunhão e fraternidade, fazendo progressos contínuos na prática da caridade.

Que ao chegar a noite do Natal, nosso coração esteja devidamente preparado para celebrar Sua chegada a cada instante em nossa vida, não mais na manjedoura de Belém, como fato do passado, tão apenas recordado.

Como cristãos, não apenas comemoramos o Natal, nós celebramos, e isto implica em sincero esforço de conversão, contando sempre com a misericórdia e graça divinas e, tão somente assim, a luz de Deus iluminará a noite tão esperada e todas as noites escuras de nossa vida.

Advento: rever nossas atitudes (IIIDTAA)

                                                      


Advento: rever nossas atitudes

“Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; 
que não entra no caminho dos malvados,
nem junto aos zombadores vai sentar-se; 
mas encontra seu prazer na Lei de Deus,
dia e noite, sem cessar” (Sl 1,1-2)

Há uma lenda muito oportuna para que vivamos intensamente o Tempo do Advento, nos preparando para a Celebração do Natal do Senhor.

“Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.

Ele disse:
– ‘A batalha é entre os dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é Mau. É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, mentiras, orgulho falso, superioridade e ego.

O outro é Bom. É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé’.

O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô:
– ‘Qual lobo vence’?
O velho índio respondeu:
– ‘Aquele que você alimenta!’”.

Advento é tempo para avaliarmos quais “lobos” alimentamos dentro de nós.

Tempo do Advento: urge abandonar toda a prática que fomente as trevas dentro de nós e ao nosso redor, como as mencionadas acima, e tantas outras que poderiam ser somadas, como que numa lista interminável. E isto se dará quando deixarmos de alimentar o “lobo mau”, que vive dentro de cada um de nós.

Tempo do Advento: urge, também, a intensificação de gestos luminosos e que promovam a comunhão, a fraternidade, a solidariedade, e, sobretudo, viver a caridade, sem desprezar as mencionadas na lenda acima. Deste modo, estaremos alimentando o “lobo bom” que também em nós habita.

A lenda nos remete a uma verdade: somos santos e pecadores. E neste sentido, o Advento é tempo favorável de mudança, de reorientação de nossos caminhos, voltando-nos para Deus de coração sincero, com súplicas e ação de graças.

Se assim o fizermos, naquela noite maviosa, poderemos sentir a verdadeira alegria do Natal do Senhor acontecendo em todos os âmbitos, dando o sentido genuíno do Natal, por vezes esvaziado pela mentalidade consumista, do lucro, de vendas e mesas fartas, e corações vazios.

O Tempo de Advento é para reflexão profunda, e esta lenda nos ajuda neste mergulho, para que naquela noite também façamos o mergulho no mar de ternura e amor a nós possibilitado pela Encarnação do Verbo naquela frágil e meiga Criança: Jesus Cristo, o Deus Menino, ao mesmo tempo, verdadeiramente homem, verdadeiramente Deus.

O Natal e a alegria mais profunda (IIIDTAA)

                                                      

O Natal e a alegria mais profunda

O Tempo do Advento consiste na preparação para o encontro final com o Senhor que virá gloriosamente e, ao mesmo tempo, a preparação para a Solenidade do Natal que se aproxima.

Neste sentido, não podemos nos perder no “deserto da cidade”, em atmosferas natalinas, sobretudo aquelas que visam o incremento do consumo na compra e troca de presentes, ou outras formas que não correspondem necessariamente à beleza da Festa.

Seja o Natal a graça de sentirmos a alegria mais profunda, desejada por nós e mais que querida por Deus para todos nós, sobretudo os mais empobrecidos, com os quais Ele Se identificou.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, ouvindo as vozes dos profetas, e a voz do precursor João Batista que ecoa pelos séculos, unindo nossas expectativas aos que se sentem longe da pátria e da paz.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, ao abrir meus ouvidos às “vozes” que me conduzam ao reencontro da esperança de um novo amanhecer, em que o amor e a verdade se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, despertada pela “voz que clama no deserto” reconhecendo a presença de Deus não somente na glória de um Rei que regressa por nós, vencedor de  batalhas maiores, mas também na ternura do Menino Deus, o Bom Pastor.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, porque sei que Ele, o Bom Pastor, nos carrega no colo, sobretudo quando ainda não sabemos caminhar e por onde caminhar, ou quando nos sentimos fracos e feridos por tantas situações por que possamos passar ao escrever as linhas de nossa história.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, fruto da capacidade e maturidade de quem reconhece os erros dos tempos passados, somado aos limites do tempo presente, com o reconhecimento das limitações próprias da humana condição, como ervas e flores que murcham, névoa do amanhecer que seca quando sente os primeiros raios do sol.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, unindo nossa esperança às esperanças desiludidas por realizações parciais, ou mesmos não realizadas e frustradas, na espera de um novo céu e uma nova terra, ainda que demorados, mas com compromissos sagrados renovados.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, cheia de júbilo, que sabe compreender e aceitar com serenidade quando o tempo de Deus não for o nosso tempo, assim como renovar a paciência e a serenidade no mais profundo de mim mesmo, para que se aproxime a paciência e a serenidade divinas.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda, daquela noite das noites que mudou o rumo da história, a Noite do Nascimento do Salvador. E com os anjos, pastores, Maria e José, dar glórias a Deus no mais alto dos céus, e tão próximo e íntimo de nós. Ele tão perto e, por vezes, d’Ele, tão longe.

Quero sentir no Natal a alegria mais profunda...

Fonte de inspiração: Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – Vol. Advento-Natal pp. 91-92.

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